Especialistas e autoridades da saúde esclarecem que não há comprovação científica de que o Zika vírus cause sequelas neurológicas em crianças de até sete anos, que foram infectadas após o nascimento. E demonstram preocupação com a quantidade de informações equivocadas que vem circulando a respeito da epidemia, como em áudios que estão sendo passados em grupos do aplicativo Whatsapp.
“O vírus da zika e outros, como varicela, herpes vírus, enterovírus e até dengue, podem causar outros danos neurológicos – encefalites, cerebelites e neurites (inflamações no sistema nervoso) –, mas no cenário atual não está havendo grande aumento desses casos em crianças. Isso acontece talvez em 1% dos casos totais e geralmente em pacientes com baixa imunidade”, diz a neuropediatra Maria Durce Carvalho, que acompanha casos de microcefalia e outras infecções no Hospital Oswaldo Cruz, em Recife. “Não sei de onde vem essa informação de que crianças de até sete anos seriam mais suscetíveis, mas não é bem assim”, afirma.
Um dos áudios que circulam no WhatsApp diz que há crianças “chegando aos hospitais já em coma” em Pernambuco. Mas em nota sobre os boatos, a Secretaria de Saúde do Estado diz que “não está sendo observada, em qualquer idade, mudança no padrão de ocorrência dos casos de encefalite relacionados ao vírus da zika ou qualquer outro vírus”.
O Ministério da Saúde, por sua vez, diz que “entre pessoas infectadas pelo vírus da zika, cerca de 80% não desenvolvem sintomas, sejam adultos ou crianças. Entre essas pessoas, apenas uma pequena parcela pode vir a desenvolver algum tipo de complicação, que deverá ser avaliada pelos médicos, uma vez que o zika é uma doença nova e suas complicações ainda não foram descritas”.