Saúde

Vacina brasileira contra Covid em spray nasal entra com pedido para testes em humanos

Caso tenha sucesso nos testes, a ideia é que a vacina em formulação intranasal – isto é, sem a necessidade de agulhas – seja utilizada como dose de reforço contra Covid.

Vacina brasileira contra Covid em spray nasal entra com pedido para testes em humanos

Ela deverá ser produzida com IFA (Ingrediente Farmacêutico Ativo) totalmente nacional. — Foto:Reprodução

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) — Uma vacina contra a Covid na forma de spray nasal deve avançar para testes em humanos nos próximos meses, caso a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) dê o aval para início dos ensaios.

A chamada fase 1/2 irá avaliar a toxicidade e imunogenicidade (capacidade de induzir resposta protetora) da vacina em indivíduos que já receberam as duas doses da AstraZeneca. Caso tenha sucesso nessa etapa, que deve durar de dois a três meses, o ensaio clínico de fase 3 irá avaliar a eficácia do imunizante contra a infecção pelo Sars-CoV-2.

Caso tenha sucesso nos testes, a ideia é que a vacina em formulação intranasal – isto é, sem a necessidade de agulhas – seja utilizada como dose de reforço contra Covid. Ela deverá ser produzida com IFA (Ingrediente Farmacêutico Ativo) totalmente nacional.

A pesquisa brasileira é coordenada pelo professor e chefe do Laboratório de Imunologia Clínica e Alergia do Hospital das Clínicas da USP, Jorge Kalil. Conta, ainda, com a participação de pesquisadores do InCor (Instituto do Coração), do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP, da Unifesp, da Fiocruz Minas e da Rede Vírus.

O projeto é apoiado ainda pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo) e recebeu financiamento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, por meio da parceria com a Rede Vírus.

Nos ensaios pré-clínicos, em camundongos, a vacina induziu a produção de anticorpos neutralizantes. Para os testes em humanos, Kalil explica que serão recrutados cerca de 270 voluntários com idade de 18 a 59 anos, dos quais 180 irão receber a vacina e 90, placebo. A ideia é avaliar a performance da vacina quando dada em uma única dose ou em duas doses e em diferentes dosagens.

Nesta etapa, o grupo que vai receber o imunizante será dividido em dois, um que irá receber uma dose de vacina mais uma dose de placebo 21 dias depois e outro que receberá as duas doses da vacina em um intervalo de 21 dias. Em cada um dos grupos os participantes serão divididos em três conjuntos com dosagens diferentes: 30µg, 60µg e 120µg. A ideia é observar qual a formulação mais segura e qual vai gerar a melhor resposta imune tanto humoral (anticorpos) quanto celular.

A vacina em spray nasal pode ainda trazer mais uma vantagem graças a sua ação já na mucosa do nariz e das vias respiratórias. Nos testes em laboratórios, ela induziu a produção de anticorpos do tipo IgG (de memória) e IgA (os primeiros a surgirem frente a uma infecção) específicos contra o coronavírus no nariz, na saliva e nos pulmões.

Com isso, o corpo pode reconhecer a vacina já na entrada do organismo (nariz e boca) e começar a proteção, gerando uma resposta protetora mais ágil.

Se for bem-sucedida nos testes e aprovada, a vacina será a primeira no país formulada a partir de proteínas do vírus e apresentadas em nanopartículas.

“O primeiro passo da nossa pesquisa foi identificar a indução de anticorpos neutralizantes nos camundongos específicos contra o Sars-CoV-2. Já a segunda etapa foi a busca pelos epítopos [a região da proteína do vírus que melhor é reconhecida pelos anticorpos para ligação], que seriam as estruturas da RBD [região de ligação com o receptor] que melhor focalizam a resposta imune”, explica Kalil.

Por utilizar proteínas do vírus, e não o genoma ou o próprio vírus inativado inteiro, a vacina pode ser facilmente atualizada para incorporar as variantes em circulação ou que surgirem.

A expectativa é que a análise do dossiê pela Anvisa retorne com algumas modificações, como é natural do processo. Mesmo assim, se tudo correr no tempo esperado, é possível encerrar os ensaios clínicos até o final do primeiro semestre de 2022.

“Como vamos avaliar a vacina em pessoas vacinadas, os ensaios devem correr mais rapidamente”, afirma o médico. Depois da etapa em adultos, a equipe pretende solicitar um teste em crianças. “Essa formulação será ideal para a revacinação, se ela for necessária, no grupo pediátrico”, diz.

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