A campanha para as eleições da OAB-PB encerrou-se no último dia 28 de novembro de 2018 na qual o advogado Paulo Maia foi eleito com mais de 48% dos votos válidos dos advogados e advogadas paraibanos em João Pessoa e nas subseções de Campina Grande, Guarabira, Monteiro, Patos, Pombal, Catolé do Rocha, Sousa, Cajazeiras, Vale do Piancó e Princesa Isabel para a gestão da Instituição no próximo triênio (2019-2021). Entretanto, as consequências dos pleitos alcançam relacionamentos profissionais, empatia entre os colegas, desdobrando-se inclusive em medidas judiciais.
Sem dúvidas, o saldo de um processo político marcado pela utilização de Fake News, atentados contra a imagem e a reputação de profissionais de condutas ilibadas, fabricação de teorias conspiratórias e factoides, disseminados irresponsavelmente através da rede mundial de computadores, mostrou ser diferente daquilo que se espera ser uma disputa caracterizada pelo debate propositivo de ideias, sobretudo pelo fato de envolver uma Instituição que construiu sua história na defesa intransigente dos direitos humanos e valores democráticos.
Esqueceram, pois, que passadas as eleições a Instituição persevera e os adversários eventuais em chapas para a representação de uma categoria continuam colegas de ofício, dividindo as mesmas angústias e aspirações. Deixaram de lado a responsabilidade e a ética com o prestígio que o nome Ordem dos Advogados do Brasil carrega em si mesmo, respeitabilidade construída por diversificados juristas ao longo de muitas décadas. Afastaram, com expedientes duvidosos, o mérito de um processo eleitoral que deveria ser modelo para a sociedade e seus cidadãos, os quais assistiram atônitos as práticas utilizadas por aqueles que promoveram o desmonte de biografias e o descrédito da OAB-PB.
Talvez por esses esquecimentos circunstanciais o grau da campanha na Paraíba alcançou os mais profundos abismos do irrazoável, anotando-se devassa na vida pessoal de diferentes candidatos, exposição de intimidades na Internet, difamações e calúnias propagadas em uma velocidade característica da sociedade de informação que ultrapassa a eficácia de retratações, deixando pelo caminho uma mescla de diferenciados danos que provavelmente sobreviverão as eleições, ocupando os espaços das Cortes de Justiça.
Logo, o debate de ideias que é salutar em qualquer ação política foi desvirtuado. Com pesar, na instituição que deveria proteger os valores da nossa sociedade, o que se percebeu foi o avanço em detrimento de todos os limites da ética, probidade e bom senso. Todavia, tornando-se passado o processo eleitoral, olhemos para o futuro e as oportunidades que ele traz para a união cada vez maior da comunidade jurídica paraibana a partir do comprometimento com a construção de um legado em benefício de toda a categoria.
Wilson Sales Belchior – Graduado em direito pela UNIFOR, especialista em Processo Civil pela UECE, MBA em Gestão Empresarial e mestrando em Direito e Gestão de Conflitos na UNIFOR. Também possui curso de curta duração em resolução de conflitos na Columbia Law School, nos Estados Unidos. Na mesma instituição participou de série de pesquisa avançada. Palestrante, professor universitário em cursos de pós-graduação em diferentes estados e autor de diversos artigos e livros, publicados em revistas, jornais, portais de notícias e editoras de circulação nacional. Conselheiro Federal da OAB (2013-2015). Vice-presidente da Comissão Nacional de Advocacia Corporativa do Conselho Federal da OAB (2013-2015). Membro da Comissão Nacional de Sociedade de Advogados do Conselho Federal da OAB (2010-2012). Atualmente é membro da Coordenação de Inteligência Artificial do Conselho Federal da OAB.