Nocaute

And still… Jon Jones continua fazendo tudo errado, e dificilmente vai escapar

Campeão dos pesos-meio-pesados do UFC insiste em repetir os erros que o tiram da trilha de ser o melhor de todos; último caso tem pouca possibilidade de absolvição

And still... Jon Jones continua fazendo tudo errado, e dificilmente vai escapar

Sabe aquela máxima de que “devemos aprender com os erros do passado”? Pois é, ela parece não existir para Jon Jones, flagrado no exame antidoping pela terceira vez na carreira. 
Na primeira ocasião, em 2015, foi flagrado por uso de cocaína, uma substância que não é proibida fora do período de competição, ou seja, 12 horas antes do evento esportivo em questão. Tanto que o teste pra essa droga não poderia ter sido feito pela Comissão Atlética de Nevada (NAC, na sigla em inglês) naquele momento, que reconheceu seu erro por torná-lo publico sem maiores danos para o atleta, por mais estranho que isso possa parecer. Dessa ele escapou; no entanto, se o exame de Jon Jones fosse positivo no dia da luta, ele poderia ter sido banido do esporte.

Na segunda vez, em 2016, foi flagrado por uso das substâncias citrato de clomifeno e letrozol, responsáveis pelo bloqueio da ação do hormônio estrogênio. Mais uma vez, foi em período fora de competição, mas as drogas eram proibidas de qualquer maneira, o que o retirou da luta contra Daniel Cormier quatro dias antes do UFC 200. É interessante notar que ambas substâncias acabam sendo usadas com indicações diferentes para as quais foram desenvolvidas. 

O clomifeno foi fabricado para aumentar a ovulação em processos de tratamento da infertilidade na mulher, agindo na glândula pituitária no cérebro, e o letrozol, indicado na prevenção e tratamento do câncer de mama. Mulheres precisam solicitar na USADA (Agência Antidoping dos EUA, órgão responsável pelo controle de substâncias proibidas), a Exceção para Uso Terapêutico, caso necessitem da droga como terapia médica. No entanto, o problema surge quando usados em homens, fugindo de seus princípios de uso. Neste caso, o objetivo passa a ser o ganho de força e massa muscular no organismo masculino, onde a droga tem efeitos completamente diferentes, através do aumento dos níveis de testosterona circulante. Em resumo, nos homens, essas drogas podem atuar como anabolizantes indiretos. Além de serem proibidos pela USADA, seus efeitos adversos no organismo masculino não foram definidos em testes laboratoriais, o que aumenta o risco de sua utilização. 

E por último, nesta semana, tivemos a revelação  de que Jon Jones testou positivo para a droga turinabol, um esteroide anabolizante de uso oral, conhecido também como cloro-dehidro-metiltestosterona. Acabou tendo sua produção interrompida na década de 1990 após o grande escândalo de doping envolvendo atletas da Alemanha Oriental entre 1974 e 1989. Como a droga confere efeito rápido com baixa dosagem, em pouco tempo o corpo pode se livrar de seus metabólitos ou restos, sendo difícil sua detecção nos exames antidoping. Talvez isso tenha atraído Jon Jones.

Esse teste positivo de Jon Jones, diferente dos outros, se deu em período de competição, já que a amostra analisada foi coletada após a pesagem do UFC 214, antes da luta contra Daniel Cormier, pelo cinturão dos meio-pesados.

Com o que temos em mãos, então, o que podemos levantar sobre o caso?
1 – Como não conhecemos os níveis da droga detectados no sangue ou urina de Jon Jones, ele pode tê-la usado com o intuito de ganho de vantagem física, até período anterior à semana da luta, acreditando que teria tempo hábil do organismo de remover seus metabolitos. Acreditava que estaria limpo, mas deu errado!
2- Há possibilidade mínima de contaminação de suplementos usados pelo atleta, como alegado na segunda ocasião em que foi flagrado, uma vez que a droga só é vendida no mercado negro, após ser proibida sua comercialização nos anos 1990. 
3 – Existe uma chance muito remota de ele ter utilizado a droga há mais tempo, meses antes da semana da luta, e de metabólitos ou restos dessa substância terem ficado retidos no tecido gorduroso do atleta. É sabido que as células adiposas apresentam essa capacidade de manter pequenas quantidades de certas substâncias em seus interiores por tempo prolongado, principalmente de esteroides que “infiltram” as células mais facilmente. Como o tamanho dessas células adiposas varia consideravelmente, de acordo com a massa gordurosa, durante o processo da perda de peso do atleta, a diminuição desse tecido pode ter liberado esses metabólitos para a corrente sanguínea, sendo facilmente detectado pelas ultra-sensíveis e modernas técnicas laboratoriais antidoping. Para termos uma ideia, durante o processo de privação de calorias com a dieta, o corpo libera um hormônio chamado cortisol, que aumenta a metabolização do tecido gorduroso, acelerando esse processo de eliminação dos metabólitos para a circulação. Seria o caso do passado condenando o atleta. 

Por mais que o considere o maior de todos os tempos, esses erros começam a manchar tudo o que fez no esporte. Doping não pode ser tolerável e deve ser eliminado do esporte. O UFC luta, desde 2015, contra o esporte sujo. Tenta limpar seu nome e promover o MMA em sua apresentação de mais alto nível. Não dá para saber se Jones precisa da droga pra se manter forte na mente e no físico, mas temos certeza que sua vida se transformou numa droga. A situação de Jon Jones se complica pois seu caso é reincidente e ele pode pegar até quatro anos de suspensão por isso. Voltaria a lutar com 34 anos. É um futuro imprevisível. Jon Jones, infelizmente, perde pra si mesmo, de novo! “And still…”

* Luiz Felipe Prota é narrador e apresentador dos canais Combate e SporTV, e é formado mestre e doutor em Fisiologia pela UFRJ e pela Johns Hopkins University.

Fonte: Portal Combate

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