Nosso giro semanal pelo cenário internacional do MMA geralmente foca em mostrar o nível de talento espalhado pelo mundo fora do UFC, e apresentar prospectos que futuramente podem aparecer no maior evento do esporte. No entanto, às vezes a coluna serve também para sublinhar a necessidade de uniformidade na regulamentação da modalidade para proteger os atletas.
É o caso desta segunda-feira. Um dos nocautes mais impressionantes do fim de semana aconteceu no pequeno evento United Donbass 2, realizado em Donetsk, Ucrânia, na última sexta-feira. O ucraniano Roman Ogulchanskiy acertou um chute rodado alto na cabeça que nocauteou o brasileiro João Paulo Rodrigues no terceiro round.
Nos EUA, as comissões atléticas estaduais regulamentam o esporte. Seu papel inclui emitir suspensões médicas, destinadas a proteger os atletas e garantir que tenham tempo mínimo de recuperação de lesões. Tipicamente, lutadores que sofrem nocaute técnico recebem 30 dias de afastamento, e atletas que sofrem nocaute limpo recebem no mínimo 45 dias. A intenção aí é diminuir potenciais sequelas de concussões sofridas. Este protocolo é adotado no Brasil pela Comissão Atlética Brasileira de MMA, e também pelas maiores organizações internacionais do esporte.
No entanto, sem um órgão central que regulamente a modalidade, não há protocolo para proteger atletas que competem em promoções menores espalhadas pelo mundo, sem regulamentação estadual. Com isso, lutadores como João Paulo Rodrigues, um veterano de 38 anos e 59 lutas no cartel (incluindo combates contra Renan Barão, Renato Moicano e Francisco Massaranduba), acabam lutando sem o tempo mínimo de recuperação e arriscam sua saúde a longo prazo. O acúmulo de concussões em curto período de tempo é apontado como uma das principais causas da encefalopatia crônica (CTE), também conhecida como “demência pugilística”.
Outro brasileiro em ação no United Donbass 2 foi Diego Dias. O peso-médio baiano foi derrotado pelo russo Vladimir Mineev por decisão unânime dos juízes.
Fonte: Combate.com