Nocaute

Marco Ruas relembra luta em que aceitou não chutar para se vingar de derrota

Disposto a fazer revanche com Oleg Taktarov em 1996, Marco Ruas aceitou pedido de não chutar no combate, mas atitude do russo mudou o rumo da luta.

Marco Ruas relembra luta em que aceitou não chutar para se vingar de derrota

Um dos mais temidos lutadores do Brasil nos anos 1980 e 90, Marco Ruas recebeu a grande oportunidade de sua carreira ao ser convidado para disputar o UFC 7, em setembro de 1995. O carioca não decepcionou e venceu três adversários na mesma noite, sagrando-se campeão e mantendo a tradição brasileira que havia iniciado com Royce Gracie nas primeiras edições do evento.

Com o título, Ruas manteve sua invencibilidade no vale-tudo e foi convocado para lutar o Ultimate Ultimate 1995, evento que reunia os principais campeões e vices dos torneios do UFC realizados até então. Para ser campeão, precisaria vencer novamente três oponentes em uma só noite.

Ali, o brasileiro acabou sofrendo seu primeiro revés.

Em entrevista exclusiva ao Combate.com, Ruas contou como foi aquela noite de 16 de dezembro, e como escreveu mais um importante capítulo de sua história após aquele acontecimento.

– A minha primeira luta foi com o Keith Hackney, aquele que tinha ganhado de um cara enorme do Sumô no UFC 3. No começo da luta eu dei um chute nele e ele me deu um também, que pegou na cabeça do perônio, e senti uma queimação forte na altura do joelho, mas levei para o chão e finalizei. Tive até que colocar gelo e jogar um spray depois para aliviar. Na luta seguinte, enfrentei o (Oleg) Taktarov, que tinha sido campeão do UFC 6. O (treinador Roberto) Leitão me falou no vestiário que ele era muito bom em pegar o joelho. Eu comecei a chutar as pernas dele, vi que ele estava sentindo, consegui cortar o rosto dele… A gente foi para a grade e ele deu uma cambalhota para pegar o joelho. Eu defendi e ele se levantou. Como ele estava sangrando e sentindo os golpes, achei que eu estava ganhando a luta. Pensei em me poupar porque tinha mais uma luta para fazer. Ele até me deu uma guilhotina, mas eu estava tranquilo. A decisão dos jurados acabou indo para ele. Meu manager, o Frederico Lapenda, ficou enfurecido, arrumou uma confusão louca lá, mas não adiantou nada. Mas tudo bem, passou.

Depois de perder na semifinal e não faturar o título do Ultimate Ultimate, Ruas, então com 34 anos, passou a mirar novos objetivos.

– Eu falei para o Frederico que queria lutar de novo no Ultimate, pois quem vencia o torneio tinha direito de fazer uma super-luta depois. Pra mim, seria ótimo. O Frederico falava que os caras não queriam me pagar nada, não me valorizavam, e como eu não falava inglês, acreditava nele. Anos depois eu soube que não foi isso, a verdade é que ele queria era pegar os direitos de imagem para comercializar o UFC no Brasil, e por isso eu não voltei a lutar no Ultimate. Então ele disse que ia fazer um evento e eu seria a estrela, que ia ganhar mais, então falei que tudo bem, mas queria fazer uma luta com o Taktarov.

A revanche com o lutador russo era o grande objetivo de Ruas, pois Taktarov já era um dos nomes mais respeitados da época. Uma vitória sobre ele não só vingaria uma inesperada derrota, como também daria ao brasileiro toda projeção internacional que almejava.

Mas a negociação não foi fácil, pois Taktarov fez uma série de exigências para dar a revanche a Marco Ruas.

O combate foi marcado para o dia 10 de novembro de 1996, em São Paulo, na segunda edição do World Vale-Tudo Championship, evento organizado pelo empresário de Ruas, Frederico Lapenda, e por Sérgio Batarelli.

Ruas até começou a luta aceitando as regras impostas por seu adversário, mas acabou mudando de ideia durante o combate.

– Eu estava treinando muito boxe na época, e estava dominando o Taktarov em pé. Minha estratégia era vencê-lo em pé. Só estava dando socos na cara. Até que ele me deu um chute na coxa. Ele falou que era um passa-pé, mas passa-pé é no tornozelo, não é na coxa, aí comecei a chutar de tudo quanto é jeito. O Frederico falou pra eu não chutar, mas eu avisei que ele quem começou, então chutei as pernas, chutei a cara, comecei a chutar direto… Pode ver na fita, ele que começou. No finalzinho ele até me levou para o chão, me segurou ali, doido para acabar a luta. Ele estava com as pernas e a cara bem machucada. No final, o (juiz Sérgio) Batarelli até levantou meu braço, mas como o contrato dizia que seria empate, acabou sendo empate mesmo.

E, afinal, a multa pelos chutes desferidos foi cobrada ou não?

– Logo depois da luta, voltamos para os EUA, o Frederico ficou negociando com os caras, mostrando no vídeo que ele começou a chutar primeiro, aí eles se entenderam e não tive que pagar a multa. Ficou por isso mesmo.

Fonte: combate.com

COMPARTILHE

Bombando em Nocaute

1

Nocaute

UFC: Severino tem pagamento por luta retido por causa de mordida

2

Nocaute

Boxe: Bia Ferreira disputa cinturão mundial peso-leve contra argentina

3

Nocaute

Ronda Rousey revela em biografia a razão de aposentadoria precoce no MMA

4

Nocaute

UFC vai pagar R$ 1,666 bi em acordo para encerrar caso antitruste

5

Nocaute

Jake Gyllenhaal: Conor McGregor acidentalmente “me socou no rosto”