Nocaute

Professora de álgebra, adversária de Cris Cyborg garante não temer ex-campeã: “Ela é um doce”

Sempre sorridente e sem músculos "rasgados", Felicia Spencer foge do estereótipo de lutadoras: "Não quero parecer a melhor, quero ser a melhor", diz atleta do UFC 240.

Professora de álgebra, adversária de Cris Cyborg garante não temer ex-campeã: "Ela é um doce"

Não há melhor forma de descrever a lutadora canadense que, no próximo sábado, tem a missão de impor a Cris Cyborg sua primeira sequência de derrotas na carreira, no coevento principal do UFC 240, em Edmonton, Canadá. Converse dez minutos com a peso-pena natural de Montreal e tente não sair encantado com sua gentileza, seu tom calmo de voz e seu sorriso, sempre presente. Fica ainda mais difícil de acreditar que a interlocutora é uma das mulheres mais perigosas do mundo, ex-campeã do evento feminino Invicta FC e com zero derrotas em seu cartel profissional de MMA.

O estereótipo da lutadora “masculinizada” já foi estraçalhado por várias das principais estrelas do UFC, mas “FeeNom” leva essa quebra ao extremo. Para começar, a atleta graduada na Universidade de Central Florida e radicada em Orlando, na Flórida (EUA), ganha boa parte de sua renda mensal trabalhando como professora de álgebra num curso online.

– Sim, é verdade, eu dou aula de álgebra num curso online. É um pouco diferente. Cursos online são bem populares na minha área, muitos alunos de ensino médio estudam online. Eu ligo para eles e converso com eles, e fazemos aprendizado virtual. É uma experiência muito diferente, mas é um pouco mais flexível do que ir a uma escola física. Encaixa com o meu treino, e consigo falar muito com todos os meus alunos, enquanto muitos professores não conseguem falar pessoalmente com muitos de seus alunos na classe. É um jeito novo e muito legal de aprender – explicou a lutadora em entrevista ao Combate via Skype.

OK, não é totalmente novidade ver um lutador professor. Rich Franklin, por exemplo, era professor de matemática e foi campeão peso-médio do UFC. Spencer inclusive admite que tem o americano como uma de suas inspirações.

Mas Franklin também tinha o visual do típico atleta: alto, musculoso, “rasgado”. É o caso de Cyborg também: basta bater o olho nela que se repara que ela está no auge da forma. Felicia Spencer, por sua vez, não é particularmente alta (tem 1,68m), muito menos musculosa – não dá para dizer que ela está acima do peso ou fora de forma, mas ela não se encaixa nos padrões de “magreza” da sociedade. Além disso, não provoca ninguém, não faz cara feia nas encaradas, e em geral é gentil e calma.

– Sei com certeza que não pareço com as outras lutadoras. Mas isso é o que me torna diferente. Tenho um estilo diferente. Não quero apenas parecer a melhor lutadora, quero ser a melhor lutadora. Muitos dos melhores atletas do mundo nem sempre parecem ser, mas eles começam a performar e você vê quem eles são. Para mim, não importa. Sou muito confortável com a forma como me apresento ao mundo. Quero mostrar que nem todo mundo precisa ser agressivo ou negativo. Estou aqui para ser eu mesma e mostrar que posso ser legal e caridosa, e também entrar lá e vencer todas as lutas que tiver!

É esta mentalidade que a canadense vai levar para o octógono no sábado, contra uma das lutadoras mais assustadoras do mundo. Apesar de sua aura de invencível ter sido quebrada por Amanda Nunes em dezembro, Cris Cyborg continua sendo a mulher que passou 13 anos sem perder e que nocauteou 17 das 23 adversárias que já enfrentou. Felicia, todavia, jura que não tem medo da brasileira. Aliás, as duas se encontraram no hotel que hospeda os lutadores em Edmonton e se cumprimentaram com sorrisos no rosto, sem nenhuma animosidade.

– A parte mental do jogo, eu foco muito nisso, e nunca tive medo de um ser humano antes, especialmente alguém tão legal quanto Cyborg. Ela é um doce, de acordo com o que ouço. Ela pode parecer agressiva numa luta, mas isso nunca me afetou, eu só rio disso. Ela é só outra pessoa do outro lado. É claro que eu respeito o que ela fez no esporte, que ela é uma lenda. Vai ser uma honra estar frente a frente com ela. Mas essa aura dela, não é algo que eu temo. Não tenho medo dela, acho que essa é uma mentalidade que ela não enfrentou até agora, alguém confortável e nem um pouco intimidada por ela. Temos o mesmo tamanho, ela não tem nenhuma vantagem nisso. Ela é uma atleta fenomenal e isso transparece, mas não vai fazer diferença.

Palavras corajosas para uma lutadora que teve uma ascensão meteórica no esporte. Hoje com 28 anos de idade, Felicia Spencer fez sua primeira luta profissional de MMA em 2015; três anos depois, já estava disputando o cinturão peso-pena do Invicta FC. Este ano, bateu a campeã anterior, Megan Anderson, no UFC, e terá agora a maior campeã da história da categoria pela frente em apenas sua oitava luta profissional. Apesar disso, rejeita que possa estar dando um passo maior que a perna.

– Como peso-pena, todas sabem que a divisão em que estamos é pequena. Estamos construindo a divisão. Eu sabia que vencer as lutas levaria a coisas cada vez maiores. Nos últimos dois anos, meus passos de bebê têm sido saltos enormes, com muito reconhecimento e o tamanho do palco em que estou lutando agora, quantos olhos estão em mim. São quatro anos de cartel profissional, mas, para mim, esse número não conta minha história. Para mim, venho treinando artes marciais minha vida inteira. Meu tempo de tatame, eu diria que é maior que o da maioria do elenco do UFC. Minha experiência profissional nem sempre mostra isso, é 7-0, não é um número enorme, mas para mim isso não significa nada. Sei que minha experiência é muito maior do que isso – afirma Spencer.

UFC 240      
27 de julho, em Edmonton (CAN)
CARD PRINCIPAL (23h, horário de Brasília):                 
Peso-pena: Max Holloway x Frankie Edgar
Peso-pena: Cris Cyborg x Felicia Spencer
Peso-meio-médio: Geoff Neal x Niko Price
Peso-leve: Olivier Aubin-Mercier x Arman Tsarukyan
Peso-médio: Marc-Andre Barriault x Krzysztof Jotko
CARD PRELIMINAR (19h15, horário de Brasília):                  
Peso-mosca: Alexis Davis x Vivi Araújo
Peso-pena: Hakeem Dawodu x Yoshinori Horie
Peso-pena: Gavin Tucker x Seung Woo Choi
Peso-mosca: Alexandre Pantoja x Deiveson Figueiredo
Peso-mosca: Sarah Frota x Gillian Robertson
Peso-leve: Erik Koch x Kyle Stewart
Peso-pesado: Giacomo Lemos x Tanner Boser

Fonte: Combate.com

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