Declaração

Advogado de Lourdes Paixão diz que doença da mãe e atraso de repasses afetaram a campanha da candidata

Investigada pela Polícia Civil de Pernambuco por suspeita de ter atuado como "candidata laranja", Lourdes prestou depoimento na sede da Polícia Federal (PF) no Recife.

Advogado de Lourdes Paixão diz que doença da mãe e atraso de repasses afetaram a campanha da candidata

Segundo a PF, Lourdes compareceu na condição de colaboradora para esclarecer informações sobre o uso da verba durante a candidatura. — Foto:Reprodução

A doença da mãe e o “atraso” de repasses afetaram a campanha da candidata a deputada federal de Lourdes Paixão (PSL), afirmou o advogado dela, Ademar Rigueira, nesta quarta-feira (20). Investigada pela Polícia Civil de Pernambuco por suspeita de ter atuado como “candidata laranja”, Lourdes prestou depoimento na sede da Polícia Federal (PF) no Recife. 

A candidata recebeu R$ 400 mil de verba pública eleitoral doada pelo PSL nacional nas eleições de 2018, mais do que o repassado para a campanha de Jair Bolsonaro à presidência. Ela obteve 274 votos nas eleições de 2018.

“Ela teve um grande problema que foi o estado de saúde da mãe dela, que se internou, e perto da campanha ficou em home care na casa dela. E logo depois da campanha, a mãe faleceu. Isso desestimulou”, apontou o advogado.

Ela compareceu à PF para prestar esclarecimentos antes da abertura oficial de uma investigação federal. Em entrevista, o advogado destacou que o repasse feito quatro dias antes da eleição foi um dos principais fatores para a falta de visibilidade da campanha.

“O dinheiro só foi liberado em cima da hora e já tinha todo um compromisso de gráfica, de material. Ela era uma das candidatas que o partido apostou aqui. Infelizmente, houve essa questão do repasse do fundo partidário ter saído em cima da hora, mas havia um compromisso anterior da liberação desse dinheiro”, afirmou.

O depoimento, inicialmente marcado para a quinta-feira (14), foi remarcado para esta quarta (20). A candidata deixou a sede da PF por volta da 11h15, sem falar com a imprensa.

A denúncia sobre a suposta candidatura laranja resultou na demissão do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, na segunda-feira (18). Durante as eleições, Bebianno era o presidente nacional do PSL, mas ele negou que tenha sido responsável pela escolha dos candidatos que receberam dinheiro do fundo partidário em Pernambuco.

Lourdes chegou à sede da PF, no Cais do Apolo, no Centro do Recife, pouco antes das 9h, acompanhada por dois homens, sendo um deles o advogado da candidata, que afirmou ter sido contratado pela direção estadual do PSL para acompanhá-la. Ela saiu pouco após as 11h.

Ademar Rigueira explicou que toda a verba destinada à candidatura foi utilizada para a confecção de material como santinhos e adesivos com a imagem dela. Ele afirmou que algumas das peças gráficas foram entregues nesta quarta (20) à PF.

O advogado não esclareceu o motivo pelo qual o partido “apostou” na candidatura de Maria de Lourdes, termo mencionado anteriormente. Segundo ele, a candidata é economista e era secretária do PSL em Pernambuco.

“Eu não sei efetivamente se ela era a aposta do partido, se existiam outras candidatas, como o partido fez essa escolha. Não cabe a mim esclarecer esses fatos. Mas houve uma solicitação desse dinheiro, a campanha já estava orçada nesse valor e o dinheiro não saiu no momento que era pra ter saído”, declarou.

Questionado sobre a falta de visibilidade do material gráfico da candidata no Recife durante a campanha, Rigueira afirmou que o material foi distribuído em eventos de campanha do PSL na cidade. “Você chegou a ver o material da campanha de Bolsonaro aqui em Pernambuco? De Luciano Bivar? Acredito que ninguém viu. E isso foi distribuído”, disse.

Segundo Rigueira, a gráfica mudou de endereço e, por isso, o G1 encontrou uma oficina no local onde a empresa devia funcionar. Entretanto, na época em que o material encomendado por Lourdes supostamente foi impresso, a oficina de funilaria já funcionava no local, conforme informaram os funcionários. A oficina está no edifício ao menos desde março de 2018.

“A informação que eu tenho é que a gráfica tinha um escritório e um local em que as máquinas funcionavam e esse local mudou. Quando uma reportagem foi ao local, já tinha se mudado. Era uma oficina mecânica. A gráfica prestou serviço à campanha de vários candidatos aqui de Pernambuco. Essa questão é um grande equívoco”, disse o advogado, sem informar o endereço.

Segundo a PF, Lourdes compareceu na condição de colaboradora para esclarecer informações sobre o uso da verba durante a candidatura. O depoimento ocorreu na condição de registro especial porque, até o momento, não há investigação aberta na PF sobre o caso.

Denúncia e demissão de Bebianno

A reportagem da “Folha de S.Paulo” afirma que um grupo ligado ao presidente do PSL, Luciano Bivar, eleito deputado federal por Pernambuco, teria feito de Lourdes Paixão uma candidata “laranja”. Bivar foi eleito, no dia 1º de fevereiro, o segundo vice-presidente da Câmara Federal.

A quantia repassada à candidata em Pernambuco, que teve 274 votos, é quatro vezes maior do que o montante destinado à candidatura de Joice Hasselmann (PSL-SP), a mais votada do partido, que recebeu R$ 100 mil.

O dinheiro do fundo partidário foi enviado para a candidata pela direção do PSL, que tinha como presidente, na época, o ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, que foi demitido na segunda-feira (18). O repasse foi feito quatro dias antes da votação. 

A denúncia foi o estopim de uma crise no governo federal, que se agravou após o vereador Carlos Bolsonaro (PSL), filho do presidente Jair Bolsonaro (PSL), desmentir o ex-ministro. Bebianno disse, no dia 12 de fevereiro ao jornal “O Globo”, que teria conversado sobre o assunto três vezes com o presidente Jair Bolsonaro (PSL) enquanto este estava internado em um hospital em São Paulo.

Em uma rede social, o vereador classificou a afirmação de Bebianno como “mentira absoluta” e divulgou um áudio que mostra Jair Bolsonaro se recusando a falar com o então ministro. Depois, o presidente compartilhou as mensagens do filho na mesma rede social.

Após a demissão de Bebianno, a assessoria do presidente divulgou um vídeo no qual afirma que “questões relevantes” exigiram uma reavaliação do caso Bebianno.

Luciano Bivar

O presidente do PSL, o deputado federal Luciano Bivar (PE), afirmou na terça-feira (19), na Câmara dos Deputados, em Brasília, que não comentaria a suspeita de candidaturas “laranja”. Segundo ele, as denúncias são “tão pequenas que não merecem comentário”.

Bivar é alvo de uma investigação do Ministério Público Eleitoral em Pernambuco, que apura se o deputado utilizou caixa dois durante a campanha em 2018. A apuração do suposto delito eleitoral foi instaurada, em um primeiro momento, na Procuradoria e foi transferida para a Promotoria da 5ª Zona Eleitoral do Recife.

Candidata pede proteção

Segundo a rádio CBN, uma candidata pelo PSL de Minas Gerais nas últimas eleições, que denunciou o suposto esquema de desvio de dinheiro dentro do partido, pediu proteção ao ministro da Justiça, Sergio Moro.

Cleuzenir Barbosa, explica a reportagem, entregou ao Ministério Público mineiro conversas em aplicativos com assessores do então deputado federal e presidente do PSL em Minas, Marcelo Álvaro Antônio, atual ministro do Turismo. Nas mensagens, eles pediam que ela recebesse em sua conta dinheiro que seria repassado a uma gráfica. 

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