Lava Jato

Advogados da JBS entregam ao STF novas provas de pagamentos ilegais a políticos

Essas informações complementares vão embasar as investigações que estão em andamento e podem provocar a abertura de de outras apurações, porque em alguns casos surgiram novos personagens

Advogados da JBS entregam ao STF novas provas de pagamentos ilegais a políticos

Os delatores da JBS entregaram provas que reforçam as acusações que fizeram sobre os pagamentos ao senador Aécio Neves (PSDB-MG) — Foto:Reprodução

Sem saber se o ministro Edson Fachin daria mais 60 dias para apresentação de provas, os advogados da JBS entregaram nesta quinta-feira (30) à Procuradoria Geral da República (PGR) novos levantamentos, relatórios e gravações de conversas com políticos, que serão anexados ao acordo de delação.

Essas informações complementares vão embasar as investigações que estão em andamento e podem provocar a abertura de de outras apurações, porque em alguns casos surgiram novos personagens.

Os documentos estão em sigilo. Fontes com acesso às investigações ouvidas pelo Jornal Nacional disseram que, entre as novas gravações, há uma em que o atual ministro da Indústria e Comércio, Marcos Pereira, fala abertamente sobre um esquema de corrupção.

Na delação, Joesley Batista disse que pagou R$ 6 milhões em propina para Marcos Pereira.

Nos novos documentos, a JBS também detalhou parte do pagamento de R$ 30 milhões feitos a políticos que apoiaram a candidatura do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) à presidência da Câmara.

Os delatores da JBS contam que antes mesmo de ser reeleito deputado federal em 2014, Eduardo Cunha procurou Joesley Batista e disse que gostaria de concorrer à presidência da Câmara. Ele pediu o apoio de Joesley.

O empresário daria R$ 30 milhões e o executivo da J&F Ricardo Saud, também delator, faria contato com alguns parlamentares e líderes que já tivessem recebido recursos da empresa, principalmente das bancadas de Minas Gerais e Rio de Janeiro.

Joesley concordou e Ricardo Saud disse que fez contato com mais de 200 deputados entre novembro de 2014 e janeiro de 2015. Eduardo Cunha foi eleito no mês seguinte, fevereiro de 2015.

A TV Globo apurou que, de acordo com os relatos dos delatores da JBS, Eduardo Cunha “com certeza” destinou recursos a pelo menos estes políticos:

    deputado federal Carlos Bezerra – R$ 500 mil – viadoação oficial
    ex-deputado, atual prefeito de Angra dos Reis, Fernando Jordão – R$ 500 mil – via doação oficial
    deputado federal Geraldo Pereira – R$ 150 mil – via doação oficial
    ex-deputado, atual vice-prefeito de João Pessoa, Manoel Junior – R$ 100 mil reais – em espécie
    deputado federal Marcelo Castro – R$ 1 milhão – em espécie
    deputada Soraya Santos – R$ 1 milhão e 35 mil – notas fiscais frias

Também foram gravados pela JBS negociando vantagens, segundo os delatores, os seguintes políticos:

    ex-deputado federal, hoje deputado estadual em Minas, João Magalhães
    deputado federal Leonardo Quintão
    deputado federal Mauro Lopes
    deputado federal Newton Cardoso Junior
    deputado federal Saraiva Felipe
    ex-deputado federal, atual vice-governador de Minas, Toninho Andrade

Os delatores da JBS entregaram provas que reforçam as acusações que fizeram sobre os pagamentos ao senador Aécio Neves (PSDB-MG). E também sobre os repasses para contas no exterior que, de acordo com depoimento de Joesley, ficaram à disposição dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, do PT.

Os delatores também disseram que a JBS fez pagamentos ao ex-presidente da Petrobras, Aldemir Bendine. A JBS descobriu em seus arquivos registros de pagamentos de R$ 200 mil por mês ao ex-ministro da Agricultura Wagner Rossi, enquanto ele estava no cargo. Rossi foi ministro de Lula e Dilma.

A JBS também entregou um longo memorial sobre os contratos que assinou com o BNDES.

Como o ministro Edson Fachin acabou dando mais 60 dias de prazo, a JBS planeja manter os levantamentos que já estavam em andamento – reunir ainda mais provas ao longo dos próximos meses – e entregar mais material em novembro. Os investigadores querem usar essas informações para entender detalhadamente como operava cada organização criminosa apontada na delação da J&F.

O presidente Michel Temer, em viagem à China, foi perguntado sobre essas novas informações trazidas pela JBS, mas não quis responder.

O que dizem os políticos

A defesa do senador Aécio Neves disse que as acusações contra ele são absurdas e que o senador nunca ofereceu contrapartida para as doações de campanha. Disse ainda que todas foram declaradas à Justiça Eleitoral.

As defesas do ex-deputado Eduardo Cunha, do ex-presidente da Petrobras Aldemir Bendine e do ex-presidente Lula não quiseram se pronunciar.

A TV Globo não teve retorno da assessoria do ministro Marcos Pereira e não conseguiu contato com a ex-presidente Dilma e nem com o ex-ministro Wagner Rossi.

A defesa de João Magalhães não foi localizada.

Procurada, a defesa do vice governador Toninho Andrade ainda não enviou resposta.

O deputado Newton Cardoso Junior disse que recebeu a notícia com surpresa e que em nenhum momento negociou qualquer tipo de vantagem com a JBS

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