Cobaia

‘Alguém tem que se arriscar’, diz brasileira cobaia de vacina da Covid

Ela está entre as centenas de pessoas da equipe médica do Guy's and St Thomas' Hospital, em Londres, que se apresentaram para testar a vacina ChAdOx1 nCoV-19.

'Alguém tem que se arriscar', diz brasileira cobaia de vacina da Covid

Há três semana em testes, Giovana já esteve em dois atendimentos no St. Thomas' Hospital. — Foto:Reprodução

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A fonoaudióloga Giovana Bulgaron, 26 anos, não pensou duas vezes quando recebeu um email buscando voluntários para o início dos testes da vacina contra a Covid-19. Ela está entre as centenas de pessoas da equipe médica do Guy’s and St Thomas’ Hospital, em Londres, que se apresentaram para testar a vacina ChAdOx1 nCoV-19, desenvolvida pela Universidade de Oxford, e que também será testada no Brasil.

“Foi muito rápido. Respondi o e-mail numa segunda-feira e na terça já tive retorno”, lembra Giovana, que nasceu em Campinas, interior de São Paulo, e mora em Londres há um ano.

A jovem verificou que atendia aos critérios, como não estar grávida ou planejando ter filhos em breve, apresentar um bom quadro de saúde, não ter sido infectada com a Covid-19 e ter tido contato com infectados -e ela teve, com seus pacientes.

Giovana conversou com o marido e começou o processo em 8 de junho.

“Não tive medo. Qualquer vacina, mesmo uma licenciada, poderia ter um efeito colateral. Mas os riscos são muito baixos. Eles também falaram que, a qualquer momento, se eu não me sentisse confortável com o teste, poderia parar, então me senti segura”, diz.

A calma da fonoaudióloga não se deve apenas por ela ser da área da Saúde e estar ciente do processo. Segundo a jovem, tudo foi muito bem detalhado antes que os testes começassem.

“Eles me deram vários papéis, passavam vídeos explicativos o tempo todo na sala de espera e perguntavam se eu tinha dúvidas” conta. “Bom, eu sou saudável e alguém vai ter que arriscar”.

Há três semana em testes, Giovana já esteve em dois atendimentos no St. Thomas’ Hospital. No primeiro, ela assinou os documentos, foi entrevistada e fez exames de sangue e urina. No segundo, os mesmos exames foram feitos e ela tomou a vacina em seguida. “Fiquei um pouco mal no dia seguinte, com dor de cabeça, dor no braço e indisposta, mas isso é normal e esperado”.

De agora em diante, ela fará testes de Covid-19 em casa semanalmente e enviará pelos correios para a equipe responsável -o primeiro resultado já chegou por SMS nesta quarta-feira (24) e veio negativo.

“Vou seguir com minha vida normal e, caso eu tenha os sintomas, preciso avisar eles o mais rápido possível”. Em Londres, onde Giovana mora, as medidas de desconfinamento estão sendo gradualmente adotadas por conta da diminuição de casos.

Comprometida com os testes durante um ano, a jovem resolveu compartilhar a experiência em seu perfil no Instagram, o @giipelomundo. Ela diz filtrar o que fala para não interferir na integridade do estudo e revela que o público tem dado um retorno positivo pela abordagem do tema.

“Há quem fale que estou fazendo parte da História. Não tenho essa noção. Sou participante de um estudo e sei que estou ajudando de alguma forma, mas o mérito não é meu, é de quem está fazendo o estudo. Isso é algo muito maior”, reflete Giovana.

A fonoaudióloga está animada com o início das testagens no Brasil e torce para que a situação melhore logo no país, para onde deve vir em dezembro. “Quando tudo isso acabar, quero viajar e socializar”, declara.

Em São Paulo, profissionais da saúde de 18 a 55 anos que atuam na linha de frente do combate à Covid-19 e trabalhadores de ambientes de alto risco de contaminação foram selecionados.

Segundo a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), os rígidos padrões da Universidade de Oxford vai garantir que o acompanhamento dos pesquisadores brasileiros seja muito próximo dos voluntários. O Brasil é o primeiro país fora do Reino Unido a iniciar a testagem da vacina e a Unifesp reitera a importância em fazer parte dessa missão.

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