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Após 16 dias de apagão, distribuidora pede ‘paciência’ no Amapá

Previsão é da Eletronorte, responsável pela ativação da energia térmica através de 45 geradores. Na terça, 13 das 16 cidades do estado enfrentaram novo blecaute.

Após 16 dias de apagão, distribuidora pede 'paciência' no Amapá

Macapá ficou completamente no escuro após novo apagão na terça-feira (17). — Foto:Rede Amazônica

A Eletronorte declarou nesta quarta-feira (18) que geradores termelétricos — movidos à combustível — devem começar a funcionar no sábado (21). A previsão do governo federal é que a integração de 45 megawatts ao sistema leve energia para os 13 dos 16 municípios do Amapá que foram afetados por novo apagão. Assim, o serviço pode ser normalizado, mesmo que provisoriamente.

Os geradores vão garantir o abastecimento até que os transformadores da principal subestação do estado voltem a funcionar. E, depois, vão ficar de retaguarda, para evitar novos blecautes.

A Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA), que aguarda a ativação dos equipamentos para distribuir essa energia, adiantou que o rodízio será suspenso, mas ainda vão ocorrer interrupções em horários de pico. O diretor pediu paciência aos clientes. “Ela [CEA] tem uma fragilidade, ela é real, mas ela tem feito um esforço. Preciso que o consumidor tenha paciência”, disse (leia mais abaixo).

As falhas no fornecimento de energia elétrica chegaram ao 16º dia nesta quarta-feira, um dia após o estado enfrentar um segundo blecaute. O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) acredita que o novo apagão possa ter ocorrido no momento da “energização” de uma linha de transmissão.

A crise energética começou após um incêndio na principal subestação do estado, no dia 3 de novembro. As causas ainda são apuradas. Com a interrupção do fornecimento, o estado ficou completamente “no escuro” por 4 dias e, em 7 de novembro, começou o rodízio de energia para 89% do estado; que agora é de de 3 em 3 horas e de 4 em 4 horas.

Usina de Santana é uma das duas que recebem os geradores termoelétricos — Foto: Rede Amazônica/Reproduçã

Chegada dos geradores

Os geradores de energia começaram a chegar ao Amapá na segunda-feira (16) — os 10 últimos chegam na quinta-feira (19) — e, ao longo da semana, passam por um processo de instalação para que, então, entrem em operação. Os parques energéticos foram montados em na Subestação Santa Rita, em Macapá, e na Subestação Santana.

“O processo nosso foi montado e está sendo executado para que até sábado entre em operação esses 45 megawatts contratados. Com isso, a gente restabelece a normalidade no fornecimento de energia no Amapá. A gente restabelece o atendimento pra trazer a normalidade pra sociedade enquanto outras ações estão em andamento para dar segurança energética no estado”, afirmou o diretor de Operações da Eletronorte, Antônio Pardauil.

Os equipamentos, assim como os combustíveis para funcionamento deles, foram contratados pelo governo federal, a partir da liberação de R$ 21,6 milhões.

Diretor da CEA pede paciência

A Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA), que realiza a distribuição da energia no estado, previa que o racionamento durasse até 26 de novembro. Nesta quarta-feira, o diretor-presidente, Marcos Pereira, disse que, com a geração de energia termoelétrica, o rodízio deve ser suspenso, mas que serão mantidas interrupções nos horários de pico.

“A gente nem vai falar em rodízio. A gente vai falar na verdade em interrupção nos horários de pico. A gente vai ter interrupção, por volta de 3 ou 4 horas em horários significativos, que até já foram divulgados, de 14h às 16h e de 22h até 1h30”, pontuou.

Pereira também pediu que os consumidores tenham paciência em meio ao apagão.

“A CEA é a distribuidora, ela precisa receber a energia para levar ao consumidor. Ela [a companhia] tem uma fragilidade, ela é real, mas ela tem feito um esforço. Preciso que o consumidor tenha paciência, a CEA está sob nova administração. Ela vai enfrentar com transparência, inclusive para fazer ressarcimento do consumidor com os seus danos elétricos”, declarou.

Diretor-presidente da CEA, Marco Pereira, fala do plano de distribuição de energia no Amapá — Foto: Rede Amazônica/Reprodução

O diretor também descreveu que, acredita que com os geradores funcionando poderá ter fornecimento “bem perto da normalidade”; ou seja, ele não garante que seja integral.

“Quando isso acontecer, vamos ter uma questão muito próxima da normalidade, vamos ter por volta de 90%, 95%. Sendo que esse 90%, 95% se fala sem considerar o pico de energia, ou seja, quando o consumidor se estimula mais. A gente tem uma demanda por volta de 250 megawatts, e o consumidor nesses picos se comporta até com 300 e aí, logicamente, não dá pra atender todo mundo”, pontuou.

Solução definitiva

O ministro Bento Albuquerque, de Minas e Energia, chegou a anunciar que o restabelecimento total estava previsto para o último fim de semana, o que não ocorreu.

A Justiça Federal definiu que a Linhas de Macapá Transmissora de Energia (LMTE) — responsável pela subestação ligada ao Sistema Interligado Nacional (SIN) e que pegou fogo no dia 3 de novembro — tem até o dia 25 de novembro para a “completa solução” para o problema.

O uso de geradores térmicos é uma das fontes que fornecem energia ao Amapá atualmente. Também são usados 70 megawatts da Usina Hidrelétrica Coaracy Nunes, que fica no interior do estado; e ainda 140 megawatts através da subestação Macapá, da LMTE, onde um dos três transformadores recebeu manutenção e pode ser religado após o incêndio.

Transformador de Laranjal do Jari chegou na madrugada desta quarta-feira (18) em Macapá; equipamento ainda será avaliado — Foto: Emiliano Capozoli/LMTE/Divulgação

Para garantir 100% do abastecimento e com segurança de reserva de energia é necessária a instalação de um segundo transformador na subestação que pegou fogo.

O equipamento, que estava em Laranjal do Jari, no Sul do estado, chegou em Macapá na madrugada desta quarta-feira, após uma grande operação para o transporte, já que ele pesa cerca de 200 toneladas. Foram mais de 30 horas de viagem de balsa entre os rios Jari e Amazonas.

A LMTE informou que é necessário verificar se durante o trajeto houve algum tipo de avaria, e que depois o equipamento passará por testes. “A expectativa é que a energia total do estado seja restabelecida até o dia 26 de novembro [um dia depois do prazo dado pela Justiça]”, destacou a empresa.

A LMTE tinha um terceiro equipamento, justamente de reserva, mas ele está em manutenção desde o fim de 2019.

Inspeção na subestação com transformador incendiado ao fundo — Foto: Polícia Civil/Divugação

A Rede Globo apurou ainda que, em 5 anos de operação, a subestação que pegou fogo não recebeu uma única fiscalização presencial da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

A Aneel esclareceu que a fiscalização do setor de transmissão de energia elétrica ocorre continuamente e tem por base o monitoramento de indicadores de desempenho das transmissoras.

O parque elétrico de geradores que chegou ao Amapá na segunda vai continuar no estado mesmo após a recuperação do transformador da subestação, como retaguarda.

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