Um documento que requer ao presidente do Brasil, Jair Messias Bolsonaro (sem partido), a intervenção federal na saúde do Amazonas – prestes a entrar em colapso com taxa de ocupação de leitos com quase 90%, foi aprovado por deputados estaduais, nesta segunda-feira (20). A solicitação de intervenção federal, assinada pelo presidente da Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE-AM), Josué Neto, foi aprovada por maioria de votos, em uma sessão ordinária virtual da Assembleia.
O Amazonas registrou mais 116 casos de Covid-19 nesta segunda-feira (20), totalizando 2.160 casos confirmados do novo coronavírus no estado, segundo boletim da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS-AM), que confirma um total de 185 mortes. Entre os casos confirmados e suspeitos de Covid-19, há 815 pacientes internados.
Durante a sessão, 13 dos deputados estaduais votaram a favor da solicitação de intervenção federal na saúde do estado, um votou contra e outro se absteve do voto. Os outros nove deputados estaduais não estiveram presentes na sessão virtual durante a votação do pedido. Após a aprovação dos deputados estaduais, a solicitação será encaminhada para o presidente do Brasil.
No decorrer dos autos, Josué Neto relata informações sobre o colapso na saúde do Amazonas e dados com os números avançados do novo coronavírus. Até o último boletim epidemiológico divulgado pela Fundação de Vigilância em Saúde (FVS-AM), mais de 2 mil casos foram contabilizados no estado, e 185 mortes foram registradas.
“Verifica-se que o planejamento e execução da gestão da saúde em nosso Estado ocorre de forma desordenada e ineficiente.Vale destacar que os principais prontos-socorros da cidade de Manaus estão funcionando para atender pacientes de Covid-19, mas atendem também pacientes de urgência e emergência com problemas vasculares e cardíacos, motivo pelo qual ocorre transmissão do novo coronavírus, agravando o quadro de muitos pacientes e levando-os à óbito”, diz trecho do documento.
No documento, o presidente da ALE-AM cita, também, o valor do aluguel do hospital Nilton Lins de R$ 2,6 milhões. O deputado afirma que o valor poderia ter sido aplicado em unidades de saúde pública. O Amazonas lidera o ranking nacional de casos e de mortes para cada grupo de 100 mil habitantes.
“Demonstra-se a grave violação à ordem pública, bem como à dignidade da pessoa humana, uma vez que a gestão da saúde em nosso Estado é precária, pondo em risco a vida de milhões de cidadãos do Estado do Amazonas”, relata.
O governo do Amazonas pagou R$ 2,9 milhões a uma loja de vinhos por 28 ventiladores pulmonares para tratar de infectados pelo novo coronavírus. O valor unitário equivale a até quatro vezes o preço do aparelho visto em lojas no Brasil e no exterior, e os equipamentos são considerados “inadequados” para pacientes de covid-19, segundo o Conselho Regional de Medicina do Amazonas (Cremam).
A compra foi feita em 8 de abril, com dispensa de licitação, e foi questionada pelo Ministério Público de Contas. Foram comprados 24 ventiladores da marca Resmed por R$ 104,4 mil cada. O mesmo aparelho é vendido por cerca de R$ 25 mil por revendedores nacionais e do exterior, o que caracteriza um sobrepreço de 316%.
Mais quatro aparelhos da marca Philips foram adquiridos na mesma adega por R$ 117,6 mil cada. Consulta feita pela reportagem nesta segunda (20) mostra que a unidade é vendida por R$ 38 mil por revendedores nacionais: uma diferença de 209,4%.