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Crise econômica deve elevar déficit habitacional para 6,1 milhões de moradias no país, diz estudo

Em 2019, período pré-pandemia, o déficit brasileiro era de 5,877 milhões de unidades, conforme levantamento divulgado em março pela Fundação João Pinheiro.

Crise econômica deve elevar déficit habitacional para 6,1 milhões de moradias no país, diz estudo

Déficit habitacional é grande no Brasil e pode aumentar com crises sucessivas. — Foto:ABr/Agência Brasil

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) — Com a crise econômica no pós-pandemia, que inclui alta da inflação, restrição na oferta de energia, desemprego e instabilidade política, vai afetar também a oferta de moradias. O déficit habitacional deve crescer no país e atingir 6,102 milhões de moradias em 2021. A projeção é de um estudo da empresa de investimentos e gestão TCP Partners.

O déficit habitacional é um conceito que abrange três divisões: domicílios precários (improvisados e rústicos), coabitação (moradias formadas por cômodos de uma residência) e habitações com altos custos de aluguel em relação à renda dos moradores.

Em 2019, período pré-pandemia, o déficit brasileiro era de 5,877 milhões de unidades, conforme levantamento divulgado em março pela Fundação João Pinheiro.

Foi a partir desse resultado que a TCP Partners buscou estimar os efeitos da crise sanitária. Conforme a previsão da empresa, o déficit deve atingir mais 225 mil moradias em um intervalo de dois anos. Com isso, chegaria ao número de 6,102 milhões em 2021.

Ricardo Jacomassi, sócio e economista-chefe da TCP Partners, afirma que o avanço tende a ser puxado por três questões verificadas ao longo da pandemia. São elas: aumento do desemprego, perda de renda de parte da população e alta dos custos de aluguel.

No caso do aluguel, Jacomassi destaca a disparada do IGP-M (Índice Geral de Preços Mercado). O indicador de inflação, referência para o reajuste de contratos de locação, acumulou avanço de 33,83% em 12 meses até julho.

Já a taxa de desemprego foi de 14,6% no trimestre encerrado em maio, dado mais recente disponível. Havia 14,8 milhões de trabalhadores desocupados no país entre março e maio.

“Projetamos a alta do déficit habitacional aplicando os efeitos da crise da Covid-19. Houve impactos nefastos na economia. Primeiro, tivemos alta do desemprego, depois queda da renda e aumento do aluguel”, frisa o economista.

A análise sobre o déficit habitacional faz parte de estudo da TCP Partners sobre as perspectivas para a indústria e o varejo de materiais de construção.

Conforme Jacomassi, há espaço para os setores crescerem no país. No entanto, as dificuldades associadas à pandemia, como o provável avanço do déficit habitacional, criam um “cenário desafiador”.

Esse horizonte de desafios, diz o economista, pode ser uma ameaça para os negócios até o primeiro semestre de 2023.

É que, além do desemprego, da inflação e da queda da renda de parte da população, um novo ciclo de aumento de juros começa a ser registrado no país.

Em uma tentativa de frear a pressão inflacionária, o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) subiu a taxa básica de juros, a Selic, para 5,25% ao ano.

O mercado financeiro espera novos avanços nas próximas reuniões do colegiado. A Selic serve como referência para linhas de crédito oferecidas no país, inclusive as de financiamentos imobiliários.

Juros mais altos encarecem empréstimos, o que joga contra a demanda do setor de construção como um todo, conclui Jacomassi.

“Com aumento nos juros e eventual redução no crescimento do PIB [Produto Interno Bruto], é provável que as empresas sintam efeitos.”

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