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Governo lança programa para reduzir preço do gás natural

Em cerimônia no Planalto, Bolsonaro cria comitê de monitoramento para garantir fim do monopólio da Petrobras

Governo lança programa para reduzir preço do gás natural

Bolsonaro cria comitê de monitoramento para garantir quebra do monopólio da petrobras no setor de gás — Foto:Daniel Marenco / Agência O Globo

O governo federal lançou oficialmente, nesta terça-feira, o Programa do Novo Mercado de Gás. O projeto prevê dar mais eficiência e quebrar o monopólio da Petrobras no setor e fazer o que o ministro da Economia, Paulo Guedes, tem chamado de “choque de energia barata”.

— Isso vai derrubar o preço do gás. Tem gente muito boa que estima em até 40% em dois anos a queda do gás natural. Nós temos certeza que o gás vai cair — disse Guedes.

A expectativa do governo é que as medidas impactem no preço do gás de cozinha, para a indústria e também na produção de energia elétrica — já que há usinas térmicas que usam gás natural como combustível. São ações que envolvem a venda de distribuidoras estaduais de gás, o fim do monopólio da Petrobras no setor e nova regras regulatórias por meio da Agência Nacional de Petróleo (ANP).

A avaliação é que a quebra do monopólio deve atrair novos players para o mercado, o que trará mais investimentos para o Brasil. Também deve facilitar a ampliação da rede de gasodutos, considerada pequena para o tamanho do país. Com mais concorrentes e dutos, o preço do gás tende a cair.

Em cerimônia no Palácio do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro assinou decreto que institui o Comitê de Monitoramento da Abertura do Mercado de Gás Natural, com o objetivo de monitorar as ações necessárias à abertura do mercado de gás.

— A entrada de outros agentes vão se refletir na oferta de gás de cozinha e derivados de petróleo. Os preços serão estabelecidos pelo mercado, e não por um agente dominante — disse o diretor-geral da ANP, Décio Oddone.

A maior dificuldade do plano de Guedes para o gás está nos estados. A Constituição dá aos estados o monopólio da distribuição. Os governos estaduais controlam a maioria das 26 distribuidores de gás do país — 20 delas ainda têm sociedade com a Petrobras.

Assim, caberá ao Ministério da Economia incentivá-los a abrir mão dessas participações. Em troca, eles poderão obter empréstimos com garantia da União. Essa é uma das principais demandas dos governos regionais e faz parte do Plano de Promoção do Equilíbrio Fiscal (PEF), enviado ao Congresso.

Haverá ainda dispositivo em outro projeto de lei, a proposta que irá distribuir o dinheiro arrecadado pela União com petróleo para estados e municípios. O estado que privatizar empresas e colocar em prática uma regulação mais moderna alinhada com a ANP ganhará pontos. Quanto mais pontos o estado tiver, mais dinheiro ele irá receber.

Segundo análise técnica da Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro), o programa tem potencial para destravar R$ 380 milhões em investimentos até 2023.

Para a Federação, o anúncio da redução de 9,8% no GLP também merece ser comemorado como mais um indicativo de para onde o gás natural também merece rumar.

O restante do programa envolve a Petrobras. A estatal assinou acordo com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para permitir que outras empresas usem a infraestrutura de gasodutos que escoam, processam e carregam o gás — em seguida, o combustível chega às redes estaduais. Em troca, a estatal se livrou de multas bilionárias.

A Petrobras hoje é dona da maioria dos gasodutos de transporte do Brasil. Mesmo tendo vendido sua malha de gasodutos no Sudeste, a companhia manteve o carregamento e o direito de ocupá-los. Isso, na prática, a mantém como única usuária das estruturas.

Sem acesso aos dutos, as outras petroleiras preferem vender para a Petrobras. Quem pretende importar também precisa negociar com a estatal, pois a companhia é dona das unidades que processam o gás trazido por navios. É por isso que a atuação da companhia é fundamental para o plano de reduzir o preço do gás.

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