Brasil

Laudo inicial descarta que raio tenha causado incêndio que provocou apagão no Amapá

Fogo em subestação iniciou durante tempestade com raios. Justiça bloqueou R$ 50 milhões em bens da concessionária para reparos aos consumidores.

Laudo inicial descarta que raio tenha causado incêndio que provocou apagão no Amapá

Um dos transformadores em subestação de energia em Macapá. — Foto:Arquivo Pessoal

A Polícia Civil detalhou na tarde desta quarta-feira (11) os resultados do laudo preliminar sobre o incêndio que atingiu um dos três transformadores que deixa 13 das 16 cidades do Amapá sem o fornecimento total de energia elétrica. A investigação inicial descartou que o equipamento foi atingido diretamente por um raio e que o fogo começou em uma bucha, causando os danos.

A investigação conduzida pela Delegacia de Crimes Contra o Consumidor (Deccon) também pediu bloqueio de R$ 500 milhões das contas da concessionária que opera a subestação que pegou fogo para reparação de danos ao consumidores. A Justiça estadual concedeu o pedido em parte e bloqueou R$ 50 milhões.

Polícia Civil dá detalhes de perícia realizada em subestação que pegou fogo e deixou Amapá em apagão — Foto: John Pacheco/G1

Em nota, a Linhas de Macapá Transmissora de Energia (LMTE), que integra a Isolux, declarou que “estava operando de acordo com o contrato vigente e a anuência dos órgãos reguladores”; que as causas são investigadas pela empresa e “ainda não há como esclarecer a origem do problema”.

A empresa acrescenta que “as medidas de contenção respeitaram todas as normas, tendo evitado, inclusive a propagação do fogo para os demais equipamentos da subestação” e que “não tomou conhecimento de nenhuma acusação formal ou processo judicial sobre supostas alegações de atentado ao serviço público e bloqueio de bens da empresa”.

Para levantar as informações, Polícia Civil cumpriu mandados de busca e apreensão na subestação que pegou fogo no dia 3 de novembro, em Macapá, o que deixou 90% do Amapá num apagão energético desde então. Houve oitivas, mas ninguém foi preso.

Inspeção na subestação com transformador incendiado ao fundo — Foto: Polícia Civil/Divugação

“De antemão o perito emitiu uma constatação preliminar informando que o problema ocorreu em uma das buchas do transformador. E isso gerou o incêndio e esse incêndio foi contido pelo Corpo de Bombeiros. A empresa não possuía uma guarnição que pudesse, naquele momento, fazer a contenção do fogo. O transformador que pegou fogo, gerou uma sobrecarga para o segundo, esse segundo foi danificado e o terceiro já estava sem funcionamento”, detalhou a delegada Janeci Monteiro.

A hipótese de o transformador ter sido atingido por uma descarga elétrica foi em função de no momento do fogo, o local, e toda Macapá, estar sendo atingida por uma forte chuva, com alta incidência de raios e trovões. O laudo preliminar constatou que os sistemas de para-raios dos transformadores estavam intactos.

“Pela complexidade desse tipo de perícia, o perito pode requerer a dilação do inquérito e que esse prazo [10 dias] seja estabelecido. Estamos diante de algo muito complexo, somente determinada pessoas com conhecimento específico para aquilo podem trabalhar. O perito tem que ter esse conhecimento”, explicou o delegado Uberlândio Gomes, delegado-geral de Polícia Civil.

A investigação continua e busca apurar algum raio pode ter causado algum problema e provocado posteriormente o incêndio no transformador.

Para apurar as circunstâncias da crise energética, os policiais apreenderam documentos, realizaram intimações e ainda exames periciais nas instalações da transmissora, “a fim de evitar o perecimento de provas”.

O bloqueio de R$ 50 milhões das contas da concessionária Linhas de Macapá Transmissora de Energia (LMTE) foi determinado pela juíza Mayra Brandão, da 3ª Vara Criminal da capital.

Também nesta quarta-feira, o Tribunal de Contas da União (TCU) aprovou a realização de uma auditoria, apresentada pela ministra Ana Arraes. Ela declarou que a apuração se justifica “diante do quadro de incontáveis prejuízos e danos à população, além das possíveis irregularidades e omissões” que levaram ao apagão.

O trabalho integra a operação “Apagão”, que também fiscaliza irregularidades, em conjunto com o Instituto de Defesa do Consumidor (Procon), na precificação de gêneros alimentícios, velas, e água mineral, bem como quanto a exposição a venda de produtos impróprios ao consumo humano. A busca e apreensão aconteceu na terça-feira (10), mas só foi divulgada nesta quarta-feira.

Além da Polícia Civil, o apagão também é investigado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS)/Ministério de Minas e Energia (MME), e ainda pela Polícia Federal e pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

O apagão

A principal subestação do estado, que faz o Amapá ter acesso ao Sistema Interligado Nacional (SIN), pegou fogo no dia 3 de novembro, causando o corte no fornecimento para 90% da população do estado – o equivalente a cerca de 765 mil pessoas.

Com a falta de eletricidade, houve problemas no fornecimento de água potável e nas telecomunicações, além de filas nos postos de combustíveis e prejuízos ao comércio. Já houve cerca de 70 protestos contra o apagão e ainda contra as falhas no rodízio de energia.

O MME explicou que a subestação deveria funcionar com dois transformadores e ter um terceiro de back up. Com o incêndio, um equipamento foi completamente destruído, outro ficou sobrecarregado e foi danificado, e o terceiro estava em manutenção desde dezembro de 2019.

No sábado (7), o governo federal, em conjunto com uma série de órgãos, conseguiu ativar o terceiro transformador, o que permitiu retomar o fornecimento de energia de maneira gradual.

Até que os dois novos transformadores sejam ativados na subestação – a previsão era de que isso ocorresse em 30 dias -, as unidades consumidoras recebem energia de várias fontes: SIN, Usina Coaracy Nunes, e ainda de geradores de energia transportados de Manaus para o estado.

COMPARTILHE

Bombando em Brasil

1

Brasil

Incêndio atinge prédio em construção no Recife

2

Brasil

Correios amenizam prejuízo em 2023, mas perdas somam R$ 597 milhões

3

Brasil

Espírito Santo tem 20 mil desalojados e 20 mortes por causa da chuva

4

Brasil

Irmãos Brazão, suspeitos de mandar matar vereadora, são transferidos de Brasília

5

Brasil

“Estivemos durante todo esse tempo correndo perigo”, diz prima de Marielle após novos desdobramentos do caso