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Morre aos 73 anos, o jornalista paraibano Moacir Japiassu

Títulos de livros podem ajudar a traçar o perfil do escritor. No caso de Japi, uma de suas obras representa perfeitamente o que o jornalista foi para a mídia, p

Morre aos 73 anos, o jornalista paraibano Moacir Japiassu

Morreu na manhã desta quarta-feira (4) em São Paulo, o jornalista paraibano Moacir Japiassu, em decorrência de AVC (Acidente Vascular Cerebral) que sofreu no dia 12 de setembro. Japiassu, 73 anos, estava internado na Santa Casa de Guaratinguetá, no interior paulista.

Em fevereiro de 2003, Japi, como era carinhosamente conhecido, estreou no Portal Comunique-se. Desde então, foi responsável por produzir o ‘Jornal da ImprenÇa’, espaço em que pequenos equívocos e grandes “barrigas” cometidos pela mídia eram destaques. A última “coluninha”, como chamava, foi ao ar no dia 11 de setembro. Profissional com mais de meio século dedicado ao jornalismo, ele foi editor-chefe do ‘Fantástico’ (TV Globo) e responsável por criar os prêmios Líbero Badaró e Claudio Abramo. Além disso, somou trabalhos em veículos como Correio de Minas, Última Hora, Jornal do Brasil, Pais&Filhos, Jornal da Tarde, IstoÉ, Veja, Placar e Elle.

Sem ter paciência com a burrice alheia, conforme relatou em entrevista dedicada aos seus 50 anos de carreira, Japiassu, um paraibano de João Pessoa, entrou para o mundo do jornalismo não por se interessar pelo trabalho desenvolvido pela imprensa, mas por perceber que a profissão lhe ajudaria a ficar perto de sua grande paixão: a literatura. No especial sobre seu cinquentenário como comunicador, revelou que o pai não gostava de vê-lo passando os dias a ler romances. Com a cobrança dentro de casa, o jovem de 19 anos foi fazer testes para integrar a redação do Correio Braziliense. Deu certo. E o rapaz pegou gosto pela notícia e se aproximou cada vez mais do mercado literário, tanto que escreveu livros como Unidos pelo Vexame, A Santa do Cabaré e O Sapo que Engolia Ilusões.

Títulos de livros podem ajudar a traçar o perfil do escritor. No caso de Japi, uma de suas obras representa perfeitamente o que o jornalista foi para a mídia, para a família e para os amigos e “considerados” do Grupo Comunique-se: Danado de Bom. Japiassu, sem dúvida alguma, foi um ser “danado de bom”, como pessoa e como jornalista, tanto que ganhou o Prêmio Esso de Contribuição à Imprensa de 1999, devido ao trabalho realizado à frente da revista Jornal dos Jornais. Além disso, foi o responsável por criar e dirigir a publicação FootBall.

Responsabilidade como chefe de colegas de redação, entretanto, foi algo com o qual Japi chegou a lutar contra, conforme confidenciou na entrevista concedida ao próprio Portal Comunique-se em abril de 2012. As competências e o jeito de ser, praticamente o obrigaram a aceitar o primeiro cargo de liderança. “Em 1967, José Itamar de Freitas me convidou para ser o chefe de redação de uma revista que era ainda um projeto, a Enciclopédia Bloch; tentei tirar o corpo fora, mas ele me disse algo que mudou minha vida daí em diante: ‘se você, um jornalista competente e honesto, diz não a um convite para ser chefe, pode acreditar que um filho da puta vai ocupar o cargo’. A vida me provou a verdade de tal assertiva…”, disse à época.

Escritor que via a profissão desvalorizada no Brasil, Japiassu não escondia seus pensamentos em relação ao futuro do país. “Até sentem orgulho do analfabetismo”, disse na mesma entrevista de três anos atrás. Independentemente dos rumos da nação, uma coisa é certa: com a morte de Japi, a imprensa brasileira está menos inteligente.

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