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PIB estancado impõe cenário eleitoral adverso para Bolsonaro em 2022, avaliam líderes do centrão

Os dados econômicos geram uma perspectiva de que a retomada da popularidade de Bolsonaro será mais difícil do que imaginavam políticos.

PIB estancado impõe cenário eleitoral adverso para Bolsonaro em 2022, avaliam líderes do centrão

Em reserva, um dirigente partidário disse não ver mais chances de Bolsonaro recuperar a popularidade e ser reeleito em 2022. — Foto:Reprodução

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) — Apesar de o ministro Ciro Nogueira (Casa Civil) ter minimizado o encolhimento do PIB no segundo trimestre deste ano, dirigentes e líderes de partidos do centrão admitem que o cenário para o futuro da economia é pessimista e apontam dificuldades para implementar as medidas que alavancariam a popularidade de Jair Bolsonaro.

Ciro, presidente licenciado do PP, e integrantes de outras siglas apostam na reformulação do Bolsa Família, na recuperação econômica e na inauguração de obras em 2022 como vitrines na campanha de Bolsonaro à reeleição.

Os indicadores desta semana, porém, dão um banho de água fria nessa perspectiva, avaliam líderes e dirigentes de partidos como PP, PL, DEM e Republicanos.

Na terça (31), o governo mandou ao Congresso um Orçamento enxuto, sem aumento no programa social nem espaço fiscal frouxo para ministérios.

No mesmo dia, o ministro Bento Albuquerque (Minas e Energia) anunciou aumento de 6,78% na conta de luz e fez pronunciamento na TV pedindo para a população poupar energia.

Já nesta quarta (1º), o IBGE anunciou uma variação negativa do PIB de 0,1% neste trimestre em relação ao anterior.

Tudo isso ocorre enquanto o governo tenta parcelar pagamento de precatórios — dívidas reconhecidas pela Justiça — e o tom autoritário do presidente afasta investimentos.

Os dados econômicos geram uma perspectiva de que a retomada da popularidade de Bolsonaro será mais difícil do que imaginavam políticos.

“[O cenário] é catastrófico e sem perspectiva. É um avião num ‘cumulonimbus’ com um piloto que não sabe o que fazer”, afirmou o vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM).

Em reserva, um dirigente partidário disse não ver mais chances de Bolsonaro recuperar a popularidade e ser reeleito em 2022.

Apesar do cenário de pessimismo traçado por ala do centro e do centrão, Ciro Nogueira publicou mensagens no Twitter nas quais usou a comparação com o segundo trimestre de 2020 para argumentar que o resultado “confirma a recuperação da nossa economia”.

“O PIB brasileiro no segundo trimestre deste ano cresceu 12,4% em relação ao mesmo período do ano passado e confirma a recuperação da nossa economia, que já está no mesmo patamar do final de 2019 e início de 2020”, afirmou.

“Ao comparar com o 1º trimestre de 2021 o PIB recuou 0,1%. O suficiente para pessimistas dizerem que a economia está ruim, mas prefiro o otimismo de ver que o Brasil já está no nível pré-pandemia, confiante na recuperação iniciada com o avanço da vacinação e das reformas em curso”, escreveu.

A mensagem de Ciro Nogueira contrastou com a do próprio ministro Paulo Guedes (Economia) e Roberto Campos Neto (Banco Central). Guedes, ao comentar o resultado do PIB, afirmou que o período foi o mais trágico da pandemia e que o desempenho econômico “andou de lado”.

O desempenho do PIB vem do resultado negativo da agropecuária (-2,8%) e da indústria (-0,2%). Por outro lado, os serviços avançaram 0,7% no período.

“Foi o trimestre mais trágico, quando a pandemia abateu mais brasileiros, foi abril, maio e junho deste ano, com a segunda onda. Foi justamente quando entrou de novo o auxílio emergencial, a expansão dos programas de assistência. Nós mantivemos a responsabilidade fiscal de um lado e o compromisso da saúde dos brasileiros de outro lado”, afirmou o ministro.

Já Campos Neto afirmou que a projeção do PIB para 2021 provavelmente será revisada para baixo por causa do resultado do último trimestre.

Como mostrou reportagem da Folha de S.Paulo nesta quarta, analistas esperam um crescimento abaixo de 2% para 2022, de volta ao ritmo fraco do final do governo Michel Temer (MDB) e início da gestão Bolsonaro.

O resultado negativo na economia soma-se à crise hídrica e ao risco de ocorrer um apagão no ano que vem.

A principal aposta do governo, a reformulação do Bolsa Família, está condicionada ao parcelamento do pagamento de precatórios, em negociação com o STF (Supremo Tribunal Federal).

Bolsonaro quer aumentar de R$ 190 para R$ 400. Já a equipe econômica trabalha com um valor próximo de R$ 300, já considerado alto.

Ainda assim, congressistas do PP dizem que, com a alta da inflação e das contas de energia, o consumidor está sentindo cada vez mais o resultado da economia.

E que, embora o programa social possa levar alívio a populações mais pobres, parte da classe média que também votou em Bolsonaro seguirá sentindo os efeitos negativos.
O PP ainda não vislumbra um desembarque do governo. Se isso ocorrer, deverá ser no ano que vem, às vésperas da eleição.

Publicamente, integrantes dos partidos da base do governo seguem no discurso de que será possível recuperar a popularidade do presidente.

“A queda do PIB foi mínima, sobretudo se considerarmos o impacto que a pandemia causou e causa na atividade econômica”, disse o deputado Marcelo Aro (PP-MG).

“A meu sentir, não teremos prejuízos na adaptação dos programas de assistência, tampouco reflexos diretos no controle da inflação. Em comparação com os anos imediatamente anteriores, é perceptível inclusive um certo crescimento.”

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