SÃO PAULO — A Polícia Militar de São Paulo afirma que a fuga de 75 detentos de uma penitenciária no Paraguai, no último domingo, não deverá ter impacto direto no estado. Segundo o porta-voz da corporação, o tenente-coronel Emerson Massera, não há alertas das forças de segurança que apontem qualquer repercussão da debandada nas ruas e presídios paulistas:
— A inteligência não aponta a vinda desses fugitivos para cá, e nem a possibilidade de acontecer algo semelhante em São Paulo. Então, as pessoas podem ficar absolutamente tranquilas. A situação neste momento está sob absoluto controle.
Depois da fuga, a PM readequou duas operações já programadas para garantir a segurança em pontos estratégicos. Na última segunda-feira, cerca de 13 mil agentes foram realocados para rodovias, terminais de ônibus e divisas com os vizinhos Mato Grosso do Sul e Paraná. Outra operação, inicialmente programada para a sexta-feira, foi antecipada para terça-feira, com o objetivo de reforçar a fiscalização. A ação contou com 19 mil agentes, quase um quarto do efetivo paulista, que atualmente tem 86 mil homens.
Policiais de folga e integrantes das unidades especializadas, como Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) e COE (Comandos e Operações Especiais), também foram convocados. Helicópteros Águia e cães farejadores ajudaram no monitoramento.
— As operações são totalmente preventivas. Seria negligência se, diante de uma fuga desse porte, não adotássemos nenhuma medida em São Paulo. A fuga, principalmente pelo tipo de criminoso, exige atenção especial. Estamos usando estrutura de operações que já fazemos costumeiramente — afirmou o porta-voz da PM.
Vínculo incerto
Dos 75 presos que fugiram, 40 são brasileiros e 30 paraguaios. Até agora, seis deles foram recapturados, segundo informações do Ministério Público paraguaio — cinco paraguaios e um brasileiro, identificado como Eduardo Alves da Cruz, de 30 anos, natural de Imperatriz, no Maranhão, que estava preso por tráfico de drogas e foi detido no município de Ponta Porã (MS). Inicialmente, autoridades do país vizinho afirmaram que boa dos fugitivos é ligada à facção criminosa paulista que controla os presídios brasileiros. Massera, entretanto, diz que ainda não é possível fazer tal afirmação.
O porta-voz disse ainda que, até o momento, é possível afirmar que só três dos 40 presos brasileiros são de São Paulo, mas, como há muitos homônimos, esse número pode aumentar. Só um dos que escaparam tem passagem pelo sistema prisional paulista, segundo a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP). O fugitivo permaneceu por quatro meses detido no Centro de Detenção Provisória de Diadema, em 2012, pelo crime de tráfico de drogas. Em nota, a SAP afirmou que o evento no Paraguai não trouxe repercussão para o sistema prisional paulista, “que opera normalmente dentro dos padrões de segurança, disciplina e estabilidade”.