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Polícia Federal apreende lista com 57 nomes de pessoas supostamente vacinadas de forma ilegal em Minas Gerais

Polícia Federal realizou operação em endereços ligados à Viação Saritur na manhã desta sexta-feira (26).

Polícia Federal apreende lista com 57 nomes de pessoas supostamente vacinadas de forma ilegal em Minas Gerais

Policiais federais fazem buscas na garagem da Saritur. — Foto:Reprodução/TV Globo

A Polícia Federal apreendeu, na manhã desta sexta-feira (26), uma lista com nome de 57 pessoas que supostamente foram vacinadas na última terça-feira (23), em uma empresa de transportes que fica no bairro Caiçara, na Região Noroeste de Belo Horizonte. A empresa foi alvo de operação da Polícia Federal, que investiga se houve vacinação irregular.

Os empresários Robson Lessa e Rômulo Lessa foram entrevistados informalmente por policiais federais durante a Operação Camarote. O irmão deles, Rubens Lessa, também será ouvido, mas não há confirmação da data.

A Operação Camarote apura a suposta importação irregular de vacinas e a receptação doses, segundo a PF. Os dois empresários negaram o fato. Mas há indícios de que tenham obtido os imunizantes em algum país que faz fronteira com o Brasil e, não, diretamente com a Pfizer.

O vídeo abaixo mostra uma movimentação anormal no local na última terça-feira (23). Imagens internas de segurança devem ser analisadas pela PF para tentar comprovar o episódio.Pessoas que supostamente receberam as doses já foram identificadas e também serão ouvidas.

O G1 e a TV Globo tentaram contato com a Coordenadas, mas não obtiveram retorno até a publicação desta reportagem.

Um dos donos da Saritur, Rubens Lessa, disse que a denúncia é de ‘total desconhecimento da diretoria’ da Saritur

A Polícia Federal investiga a suspeita de quatro crimes:

  1. Um deles é de importação de mercadoria proibida, caso a eventual aquisição das doses tenha ocorrido antes da aprovação da lei que trata da compra de vacinas por pessoas jurídicas.
  2. Caso as doses tenham sido compradas após a aprovação da lei, a suspeita é de crime de descaminho.
  3. Ainda é apurado se houve falsificação ou adulteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais, caso o episódio tenha ocorrido antes do registro da vacina da Pfizer na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
  4. Também é apurada suspeita de receptação pelas pessoas que receberam a vacina.

Policiais federais chegam à garagem da empresa Saritur, em BH — Foto: Reprodução/TV Globo

Antes das 6h, policiais saíram da sede da Polícia Federal, na Região Oeste de Belo Horizonte. Ao todo, seis mandados de busca e apreensão foram expedidos pela 35ª Vara Federal Criminal de Belo Horizonte para que sejam recolhidas provas relativas ao caso.

Os policiais foram a vários pontos da empresa e vasculharam até o lixo a procura de provas. As buscas duraram 45 minutos. Eles também foram até a casas da vizinhança, em busca de imagens de circuito de imagens que mostrem a movimentação na região.

Denúncia

A informação sobre a vacinação dos empresários foi publicada na edição online da revista Piauí. Além da PF, o Ministério Público Federal (MPF) investiga a denúncia.

De acordo com a reportagem, um grupo de políticos, empresários e familiares, teria sido vacinado com doses da Pfizer. A farmacêutica negou a venda de vacinas fora do Programa Nacional de Imunização (PNI).

De acordo com a Piauí, os organizadores da vacinação foram os donos da Viação Saritur. Um deles, Rubens Lessa, é presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros Metropolitano. Por mensagem ao G1, ele se limitou a dizer: “Tenho conhecimento deste assunto”.

Entre os vacinados, segundo a revista, também estariam o ex-senador e ex-presidente da Confederação Nacional do Transporte (CNT) Clésio Andrade e o deputado estadual Alencar da Silveira Júnior (PDT).

O que dizem os citados

Ao G1, Clésio Andrade disse que desconhece o assunto e que está em quarentena, no Sul de Minas, há dois meses. Mas à revista Piauí, afirmou: “Estou com 69 anos, minha vacinação [pelo SUS] seria na semana que vem, eu nem precisava, mas tomei. Fui convidado, foi gratuito para mim”. Questionado pela TV Globo, o ex-senador não confirmou a declaração.

Alencar da Silveira Júnior negou que tenha participado da vacinação. Já o empresário Rubens Lessa, em nota, afirmou que o “endereço da empresa mencionado na reportagem não pertence ao Grupo Empresarial SARITUR, esclarece que os nomes citados na reportagem não fazem parte da direção do Grupo e que, o assunto tratado na matéria, era de total desconhecimento da diretoria da empresa”.

Governo assina contratos de compra de 138 milhões de doses de vacinas da Pfizer e Janssen — Foto: JN

Movimentação em garagem

A TV Globo confirmou que houve uma movimentação anormal na garagem alvo de buscas da PF na última terça-feira, o que chamou a atenção de vizinhos.

Um vídeo mostra a fila de veículos no estacionamento. Em uma das vagas, uma pessoa com jaleco branco retira algo do porta-malas. Ela dá a volta e para em frente ao motorista e faz um movimento parecido com o que seria a aplicação de uma vacina.

Um boletim de ocorrência foi registrado no dia da suposta vacinação. De acordo com o documento, os seguranças disseram aos policiais que houve uma pequena reunião dos diretores da empresa, mas que todos já haviam deixado o local quando os policiais chegaram.

Na saída, os policiais foram abordados por um morador que confirmou ter visto no pátio da empresa aproximadamente 25 veículos com seus condutores e passageiros, sendo vacinados por uma mulher de jaleco branco. E que crianças também foram vacinadas. Os policiais entraram na empresa, mas nada foi constatado pelas equipes.

O imunizante Comirnaty ainda não está disponível em território brasileiro. A Pfizer e a Biontech fecharam um acordo com o Ministério da Saúde contemplando o fornecimento de 100 milhões de doses da vacina contra a Covid-19 ao longo de 2021.

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