Crise do combustível

Postos de combustível registram filas e desabastecimento em BH; litro da gasolina vai a quase R$ 7

Sindicato dos donos de postos de gasolina diz que 'todas as regiões do estado estão sendo prejudicadas' por causa da greve dos tanqueiros, mas orienta que motoristas evitem 'corrida aos postos'.

Postos de combustível registram filas e desabastecimento em BH; litro da gasolina vai a quase R$ 7

Fila de carros em posto de combustível no bairro Carlos Prates, na Região Noroeste de BH, na manhã desta sexta. — Foto:TV Globo

Postos de combustível de Belo Horizonte e Região Metropolitana registraram longas filas na manhã desta sexta-feira (22). A alta procura é reflexo da greve dos tanqueiros, motoristas de caminhões que transportam combustíveis.

Motoristas reclamam que, com a paralisação, houve aumento nos preços, com o litro da gasolina chegando a quase R$ 7 na capital.

Na Avenida Tereza Cristina, dezenas de veículos formavam longas filas em postos nos bairros Carlos Prates e Padre Eustáquio, ambos na Região Noroeste da capital, por volta das 8h – em um deles, o litro da gasolina chegava a R$ 6,69.

Um dos estabelecimentos nessa via já não tinha mais combustível para vender.

Fila de veículos em posto de combustível no bairro Padre Eustáquio, em BH — Foto: TV Globo

Na altura do bairro Barro Preto, na Região Centro-Sul, motoristas faziam fila para abastecer por volta das 8h30 em um posto que fica na Avenida do Contorno, na Rua dos Goitacazes, causando transtornos no trânsito no sentido Centro. “No momento não tem gasolina, só etanol”, avisava a frentista.

Posto na avenida do Contorno, em BH, já estava sem gasolina às 8h30. Preço foi retirado da placa. — Foto: Raquel Freitas / g1

O motorista Enderson Manoel de Freitas era um dos que aguardavam no posto. Ele contou que rodou mais de meia hora até encontrar um local com combustível. A preferência era pela gasolina, mas o jeito foi encher o tanque com álcool mesmo.

“Já passei por quatro postos, tudo fechado, em tudo acabou o combustível”, disse.

Posto na Avenida Tereza Cristina, no Padre Eustáquio, em BH, já não tinha mais combustível na manhã desta sexta-feira (22) — Foto: TV Globo

Gasolina a quase R$ 7

Na mesma altura da Avenida do Contorno, mas no sentido bairro, mais fila. O vendedor Flávio Cordeiro Duarte, que depende da moto para trabalhar, reclamava do aumento preço do combustível enquanto aguardava sem nem mesmo saber se iria encontrar gasolina.

“Tem postos que só tem um combustível, só que o preço está bem alto. Tem pessoas que não têm necessidade de abastecer o veículo. Tira o veículo de casa e vem abastecer sem ter necessidade do veículo para trabalhar”, afirmou.

Na Rua Professor Estêvão Pinto, no bairro Serra, na Região Centro-Sul, além de filas, motoristas encontraram o litro da gasolina a R$ 6,99. Segundo motoristas, em um dia, o preço aumentou R$ 0,30 no local.

Ainda na Serra, a espera em outro posto era de dobrar o quarteirão na altura da Rua do Ouro com Rua Henrique Passini.

As filas também foram encontradas pela reportagem em postos na rua Pium-í, no Carmo, na rua da Bahia, no Centro, e na avenida Bias Fortes. Nesta, um posto estava sem gasolina e sem álcool às 8h20, fechado com cones. “Só temos diesel”, sinalizava o frentista para os motoristas que passavam por ali.

Na avenida Carlos Luz, um posto estava sem gasolina e sem diesel, só com álcool, às 8h30.

Posto na avenida Carlos Luz, em Belo Horizonte, já estava sem gasolina e sem diesel às 8h30. — Foto: Júlio César Santos / TV Globo

Um posto da Via do Minério, no Barreiro, também estava sem gasolina por volta de 9h30, e o etanol estava custando R$ 5,49. Na véspera, estava R$ 4,99.

A Polícia Civil disse que “está atenta ao contexto de aumento do preço de combustíveis” e que, “em caso de abusos cometidos por postos fornecedores, a Delegacia Especializada em Defesa do Consumidor tomará as devidas providências”. Fiscalizações estão previstas ao longo do dia, segundo a polícia.

Corrida aos postos deve ser evitada, diz sindicato

Segundo o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado de Minas Gerais (Minaspetro), que representa os donos de postos de gasolina, a base de Betim, na Grande BH, está totalmente paralisada. Ou seja, o trabalho dos caminhoneiros para abastecimento junto à Refinaria Gabriel Passos (Regap), da Petrobras, não está sendo feito por causa da greve.

O Minaspetro também disse que “todas as regiões do estado estão sendo prejudicadas”.

A entidade diz que a população não deve fazer uma corrida aos postos, já que isso pode “causar e agravar o desabastecimento”.

Fila de veículos em posto de combustível na Avenida do Contorno com Rua dos Goitacazes, em BH — Foto: Raquel Freitas/ g1 Minas

Greve por tempo indeterminado

O Sindicato das Empresas Transportadoras de Combustíveis e Derivados de Petróleo do Estado de Minas Gerais (Sindtanque-MG) afirmou, na manhã desta sexta-feira (22), que a greve continua por tempo indeterminado. Segundo a entidade, a adesão é de 100% dos tanqueiros. Mas alguns caminhoneiros autônomos estão trabalhando, escoltados pela PM (leia mais abaixo).

De acordo com o sindicato, todas as transportadoras de Minas Gerais estão paradas. A ideia é manter a paralisação até que os governos estadual e federal entrem em contato e abram um canal de negociação com os caminhoneiros.

Eles pedem a redução do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) dos combustíveis cobrado em Minas e dos custos repassados pela Petrobras.

Na manhã desta sexta, o presidente do Sindtanque-MG, Irani Gomes, participa de uma reunião com as distribuidoras para discutir também o frete pago aos transportadores.

Segundo o sindicato, apenas caminhões que carregam combustível para aeroportos e hospitais estão circulando, sob escolta da polícia.

O g1 entrou em contato com o governo de Minas Gerais, o governo federal e a Petrobras e aguarda retorno.

Nas redes sociais, o governador Romeu Zema (Novo) falou sobre o assunto:

“Desde ontem a Polícia Militar está escoltando caminhões-tanque em direção aos postos de combustíveis do estado. Outras soluções também estão sendo viabilizadas para que não haja desabastecimento e que as pessoas possam trabalhar. No que depender do Governo de Minas, o abastecimento vai prosseguir”, publicou.

Publicação do governador Romeu Zema sobre a greve dos tanqueiros em MG — Foto: Twitter/ Reprodução

Central de escoltas

De acordo com o diretor de operações da Polícia Militar (PM), coronel Flávio Godinho, foi montado, na madrugada desta sexta-feira (22), um gabinete de crise para acompanhar a situação da greve dos tanqueiros em todo estado.

Segundo ele, a PM também criou uma central de escoltas para garantir que os caminhoneiros que seguem trabalhando possam circular. “A gente tem recebido demanda dos tanqueiros e feito as escoltas”, disse.

Durante a madrugada, 23 caminhoneiros autônomos saíram da Regap escoltados pela PM. Ainda não há um balanço sobre quantos foram escoltados pela manhã. A PM disse que apenas os tanqueiros sindicalizados estão de braços cruzados.

Ainda conforme Godinho, em todas as refinarias, há acompanhamento da polícia, com presença de equipes do Batalhão de Choque e da Rotam, e nos locais não há empecilho para entrada ou saída de caminhoneiros.

Pela manhã, o coronel foi ao Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Ele se reuniu com a direção do terminal e disse que nenhum problema foi registrado por lá. A preocupação é garantir combustível em Confins.

De acordo com Godinho, não há registros de impactos da paralisação nas estradas que cortam o estado.

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