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Prefeitura de Manaus faz valas comuns em cemitério para enterrar vítimas de coronavírus

Até o boletim desta segunda-feira (20), Manaus já registrava 156 mortes por Covid-19. No estado, o número de casos confirmados chegou a 2.160, com 182 mortes no total.

Prefeitura de Manaus faz valas comuns em cemitério para enterrar vítimas de coronavírus

Conforme o último balanço divulgado pela Fundação de Vigilância em Saúde (FVS-AM), o Amazonas contabiliza 2.160 casos confirmados no novo coronavírus. — Foto:Reprodução

Após anunciar a instalação de contêineres frigoríficos, a Prefeitura de Manaus informou, nesta terça-feira (21), que está fazendo valas comuns, chamadas pelo órgão de trincheiras, para enterrar vítimas do novo coronavírus no cemitério público Nossa Senhora Aparecida, no bairro Tarumã, Zona Oeste da capital. Até o boletim desta segunda-feira (20), Manaus já registrava 156 mortes por Covid-19. No estado, o número de casos confirmados chegou a 2.160, com 182 mortes no total.

O rápido aumento de mortes por Covid-19 no estado fez com que dezenas de covas fosse abertas no mesmo cemitério, desde a última sexta-feira (17). Segundo informações da prefeitura, desde março, houve um acréscimo de aproximadamente 50% na demanda. Cartórios da capital também estenderam o regime de plantão para atender alta demanda de registro de óbito.

Nesta terça-feira (20), a Prefeitura de Manaus informa, por meio de nota, que devido ao grande aumento no número de sepultamentos realizados no cemitério, a Secretaria Municipal de Limpeza Urbana (Semulsp) adotou o sistema de trincheiras para realizar o enterro das vítimas de Covid-19.

“A metodologia, já utilizada em outros países, preserva a identidade dos corpos e os laços familiares, com o distanciamento entre os caixões e com a identificação das sepulturas. A medida foi necessária para atender a demanda de sepultamentos na capital”, disse a nota.

Nesta segunda-feira (20), a Semulsp já havia informado ao G1 que teve que instalar contêiners frigoríficos no cemitério para comportar caixões que aguardavam sepultamento. Vídeos que circulam nas redes sociais mostram filas de carros de funerárias aguardam para sepultar corpos.

A medida visa dar mais agilidade ao serviço SOS Funeral, que, hoje, é o único disponível para população mais vulnerável de forma gratuita, para realizar o enterro das pessoas que não têm condições para arcar com as custas do sepultamento.

“As câmaras estão sendo utilizadas para o armazenamento dos caixões, enquanto os familiares aguardam o momento do enterro, sem a necessidade do veículo do SOS Funeral ficar aguardando a liberação, já podendo retornar à base para novo chamado”, pontua a nota da Semulsp.

Contêineres frigoríficos também foram instalados, pelo Governo do Amazonas, em unidades hospitalares de Manaus, após a repercussão de um vídeo que mostra corpos com suspeita de Covid-19 posicionados dentro do Hospital João Lúcio, Zona Leste, ao lado de pacientes internados. 

Pacientes morrem à espera de leito

Internada há quatro dias na rede pública de saúde do Amazonas, Dona Maria das Graças, de 63 anos de idade, morreu com suspeita de Covid-19 nesta segunda-feira (20). Ela esperava uma transferência de hospital para ter acesso a uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), mas foi a óbito antes de conseguir. A família denunciou descaso médico no caso.

A filha, em entrevista à Rede Amazônica, ao comentar o caso, denunciou descaso de médicos e enfermeiros. ”Foi uma espera angustiante do início ao fim”, comentou.

A Secretaria de Saúde do Estado (Susam) afirmou que a paciente seria transferida do SPA do São Raimundo, em Manaus, para o hospital universitário Getúlio Vargas – também na capital. A transferência nunca aconteceu, com o agravamento do caso.

O sistema de saúde da rede público do Amazonas sofre um colapso iminente e já tem 91% dos leitos de UTI ocupados. Até esta segunda-feira, segundo o governo, entre casos confirmados e suspeitos de Covid-19, há 815 pacientes internados no estado.

Segundo o estado, atualmente, o Amazonas possui 682 respiradores cadastrados no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES). Desse número, 232 estão voltados para o atendimento de pacientes com Covid-19, sendo 66% disponíveis para a pandemia.

Após denúncias, o Ministério Público de Contas do Estado do Amazonas iniciou uma investigação e cobra respostas do governo sobre a compra de 28 respiradores pulmonares para a rede pública de saúde no valor de R$ 2 milhões e 970 mil. O MPC informou que o custo teve uma média de R$ 106 mil e 200 por unidade.

De acordo com o documento do Gabinete do Procurador Geral de Contas, assinado por João Barroso de Souza, o Governo Federal tem adquirido os mesmos respiradores ao preço unitário de R$ 57.300. O procurador-geral relata que o valor é quase metade do preço dos equipamentos que o Amazonas adquiriu.

‘Tenho medo de morrer e perder minha filha’

Na maternidade Balbina Mestrinho, em Manaus, uma dona de casa de 27 anos que está em isolamento com sintomas do novo coronavírus denuncia a falta de atenção necessária durante a gravidez. Ela teme perder a vida e a filha.

Na manhã desta terça-feira (21), em entrevista ao G1, a dona de casa Suelen Martins, grávida de seis meses, contou que há seis dias passou mal em casa. Ela teve febre alta e tomou medicação, mas outros sintomas apareceram. Ela então foi até a maternidade, na Zona Sul de Manaus, onde está internada desde então.

Ela está em isolamento e respira com ajuda de aparelho dentro de uma “sala rosa”, que são áreas separadas na rede pública para atender pacientes de Covid-19. No local há outras duas grávidas.

“Há cinco dias eu estava em casa com febre, tomei medicações e a febre não passava. Comecei a ter vômito e tosse. Vim para a maternidade, me colocaram nessa sala rosa estou respirando com a ajuda de oxigênio pois eu já estava com muita falta de ar. Inicialmente, a médica me atendeu, mas depois fui abandonada”, disse.

Com diversos sintomas, a mulher disse que chegou a realizar o teste do novo coronavírus, mas até esta terça-feira (21), não recebeu nenhuma confirmação da maternidade. Lá, ela sofre com falta de estrutura, afirma.

“Desde o dia que entrei, não sei nem o resultado do exame, ficaram de fazer o raio-x e não fizeram. Não falam o que eu tenho. Tenho medo de perder minha vida, minha filha. Já pensei em ir embora para casa com medo do pior acontecer aqui dentro”.

Em nota, a direção da Maternidade Balbina Mestrinho informou que “todas as pacientes com sintomas respiratórios e que buscam a maternidade estão sendo acolhidas e tratadas em enfermaria exclusiva, separadas das demais pacientes, conforme fluxo estabelecido para a ocasião”.

“Todas estão recebendo acompanhamento médico, com avaliação diária e prescrição médica adequada para cada caso. Nenhuma das pacientes tem sintomas graves, porém estão recebendo todo o atendimento dispensado a casos suspeitos de covid-19”, diz trecho da nota.

Coronavírus no Amazonas

Conforme o último balanço divulgado pela Fundação de Vigilância em Saúde (FVS-AM), o Amazonas contabiliza 2.160 casos confirmados no novo coronavírus. Também foram confirmados mais três mortes pela doença, totalizando 185 mortes.

Ainda de acordo com o boletim desta segunda-feira (20), 1.165 pessoas com diagnóstico de Covid-19 estão em isolamento social ou domiciliar, o que corresponde a 53,94% dos casos confirmados no Amazonas. De domingo (19) para segunda-feira, mais 103 pessoas se recuperaram da doença e estão fora do período de transmissão do vírus, totalizando, agora, 635 recuperados.

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