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Sem citar preservativos, campanha contra gravidez na adolescência prega reflexão

Entre as ações que estão sendo planejadas, afirma, estão cartilhas para serem distribuídas nas escolas e propostas de músicas que "não cantem só a exaltação do sexo para as novinhas."

Sem citar preservativos, campanha contra gravidez na adolescência prega reflexão

Ao comentar o lançamento, a ministra minimizou as críticas e agradeceu a imprensa por ter feito o que chamou de uma "pré-campanha extraordinária", em referência a reportagens sobre o tema. Em seguida, tentou rebater críticas. — Foto:Reprodução

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)- Sem citar preservativos e outros métodos contraceptivos, o governo lançou nesta segunda-feira (3) uma campanha que pede que jovens busquem informações e “reflexão” como forma de prevenir a gravidez na adolescência. 

Embora não traga uma mensagem explícita a favor da abstinência sexual, a estratégia foi definida pela ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, como o “start” de um plano a favor desse modelo, a ser lançado em parceria com as pastas da Saúde e Educação. 

O custo previsto para a campanha é de R$ 3,5 milhões. Foram feitos vídeos e materiais informativos com o mote de “adolescência primeiro, gravidez depois”.  “Gravidez não combina com adolescência. Informe-se, converse com sua família”, diz o vídeo que fará parte da estratégia. 

Segundo a titular da pasta da Mulher, Família e Direitos Humanos, a medida é o primeiro passo de um plano nacional de prevenção ao sexo precoce hoje em fase de elaboração, o qual deve incluir a defesa de que jovens adiem o início das relações sexuais.

Entre as ações que estão sendo planejadas, afirma, estão cartilhas para serem distribuídas nas escolas e propostas de músicas que “não cantem só a exaltação do sexo para as novinhas.”

“Vamos sim para cartilhas, para escolas, para rodas de conversa com adolescentes. Vamos convidar a arte, as músicas, em vez de cantar só a exaltação do sexo para as novinhas, por que não vir novas músicas?”, disse. 

Ao comentar o lançamento, a ministra minimizou as críticas e agradeceu a imprensa por ter feito o que chamou de uma “pré-campanha extraordinária”, em referência a reportagens sobre o tema. Em seguida, tentou rebater críticas.

“Um ano de conversa. Isso não nasceu num insight, numa loucura de uma ministra moralista, fundamentalista. Um ano conversando, porque a gente precisava e precisa mudar os números que estão postos [de gravidez na adolescência]. Nós buscamos inúmeras propostas. Nós conversamos com todo mundo: com especialistas, com pais, com adolescentes. Nós conversamos e nós tivemos a coragem de dizer: nós vamos falar sobre retardar o início da relação sexual. Trazer todo o bojo de métodos preventivos que já existem e também o “reflita, pense duas vezes”, disse. 

Embora a campanha não defina uma faixa etária, a ministra disse que a ideia não é só falar para a menina “de 15 anos”, mas também “para aquela de 11 anos, de dez anos”. 

Para ela, há um uso exagerado de alguns métodos de prevenção, como uso da pílula do dia seguinte. A pasta, porém, não divulgou dados sobre o tema.

Dados divulgados pelo Ministério da Saúde no lançamento apontam que o Brasil registra cerca de 434 mil casos de gravidez na adolescência a cada ano, ou cerca de 930 por dia. “É preciso que a sociedade acorde e pare de achar que é assim porque é assim”, disse o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.

Segundo ele, a campanha foi baseada em dados que apontam que esse grupo vive uma pressão para o início das relações sexuais.

Questionado sobre críticas ao modelo, Mandetta disse que a política será complementar à oferta de preservativos, mas defendeu a proposta. “Não há nenhum tipo de política que seja única. A comportamental é importante sim, e ela nunca foi feita”, afirma.

No encontro, porém, ele evitou falar em abstinência.

“A campanha fala por si. Acho que ela vai motivar. Quando fala ‘adolescência primeiro, gravidez depois’, e fala das consequência, ela vai motivar uma série de debates, como eu previno. Um dos debates que vai ter é sim ‘eu me reservo ao direito de ter atividade no momento em que achar’ melhor. Se você quiser entender isso como abstinência… Eu não entendo como abstinência. Eu entendo como comportamento mais responsável”, disse.

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