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‘Stanger Things’ chega a fase desgraçadamente deliciosa da existência

A frase é emblemática. Esqueça o Demogorgon e o Devorador de Mentes: desta vez, o inimigo mais perigoso dos meninos da pacata cidadezinha de Hawkins é, na verdade, a passagem do tempo.

'Stanger Things' chega a fase desgraçadamente deliciosa da existência

Faz todo o sentido do mundo, é claro, que uma série cuja identidade depende tanto da cultura pop dos anos 1980 enverede por esse tema, tão caro às comédias românticas adolescentes que marcaram esse período cada vez mais antediluviano. — Foto:Reprodução

“Você achou o quê, que a gente nunca ia arrumar namoradas? Que a gente ia ficar jogando RPG no porão pelo resto da vida?”, diz um exasperado Mike (Finn Wolfhard) ao amigo Will (Noah Schnapp) no começo da terceira temporada da série “Stranger Things”, que acaba de chegar à Netflix.

A frase é emblemática. Esqueça o Demogorgon e o Devorador de Mentes: desta vez, o inimigo mais perigoso dos meninos da pacata cidadezinha de Hawkins é, na verdade, a passagem do tempo. OK, há uma ligeira forçada de barra na afirmação acima. As ameaças sobrenaturais usadas com tanta esperteza pela série para fazer com que o espectador crave as unhas no sofá (ou agarre a namorada com mais força) continuam aparecendo, é claro.

Mas Mike, Will, Lucas, Dustin e Eleven, crescendo a olhos vistos desde a primeira temporada, enfim chegaram àquele momento desgraçadamente delicioso da existência em que a puberdade força as pessoas a confrontarem a complicação dos relacionamentos, sexuais ou de outro tipo. Sempre tem alguém que parece ficar pelo caminho. E dói.

Faz todo o sentido do mundo, é claro, que uma série cuja identidade depende tanto da cultura pop dos anos 1980 enverede por esse tema, tão caro às comédias românticas adolescentes que marcaram esse período cada vez mais antediluviano (do ponto de vista do século 21).  

Ao menos nesse caso, no entanto, não se trata de mera referência metalinguística a filmes como “Os Goonies” (1985) e “Conta Comigo” (1986) –mesmo com a participação de um dos goonies originais, Sean Astin, na série.  A verdadeira força de “Stranger Things” não está nos “easter eggs” oitentistas, na paranoia típica da Guerra Fria (desta vez, com russos e tudo), nem mesmo na trilha sonora cheia de baladas grudentas e sintetizadores.

A narrativa dos irmãos Duffer funciona porque a nostalgia da história é a mesma que muita gente tem pelo momento em que amigos leais e paixões eternas parecem possíveis, mesmo que num ambiente de praça de alimentação.

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