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Vestido de Thor, fisioterapeuta distribui marmitas grátis a caminhoneiros durante quarentena

Com ajuda de amigos, Gabriel Grasi prepara quentinhas e as entrega com refrigerante e água em Orlândia (SP)

Vestido de Thor, fisioterapeuta distribui marmitas grátis a caminhoneiros durante quarentena

Iniciativa chamou atenção de internautas do país todo, que estão fazendo doações — Foto:Reprodução

Preocupado com o impacto do novo coronavírus na vida das pessoas, o fisioterapeuta Gabriel Grasi, de 31 anos, resolveu levantar do sofá e dar sua contribuição para enfrentar a doença. Ele começou a produzir marmitas e, vestido de Thor, distribui de graça a comida a caminhoneiros em Orlândia (SP).

“A gente precisa manter eles com uma refeição digna. É o mínimo. Eles já ganham pouco, deixam a família em casa, passam semanas fora para fazer o país rodar, então a gente precisa ter consciência e valorizar”, diz.

Com ajuda de dois amigos, um dos quais também está afastado do trabalho devido à quarentena imposta pelas autoridades, Gabriel prepara cerca de 120 marmitas por dia. Os ‘super-heróis’ levantam da cama cedo e às 7h30 já estão na cozinha a todo vapor.

Por volta das 11h30, o trio termina as embalagens e vai de carro à Rodovia Anhanguera (SP-330) para fazer a distribuição. Enquanto um segura uma placa escrita ‘Marmitas grátis’, os outros entregam as quentinhas com refrigerante ou suco pela janela dos caminhões. À noite, o trabalho se repete.

“A maioria dos restaurantes está fechada, alguns não deixam os caminhoneiros entrarem, outros estão vendendo marmita a R$ 30. Os caras não estão acostumados a ficar comendo uma marmita pequena a R$ 30. Isso quando encontra”, diz Gabriel.

Preocupados com a disseminação do vírus, o grupo também segue as recomendações das autoridades de saúde durante a preparação dos alimentos. Antes de arregaçarem as mangas, eles vestem luvas nas mãos, máscaras no rosto e higienizam os utensílios da cozinha com álcool em gel.

‘Corrente do bem’

O fisioterapeuta teve a ideia de distribuir as marmitas enquanto assistia a uma reportagem que mostrava as dificuldades enfrentadas pelos caminhoneiros devido ao coronavírus. Na quinta-feira (26), ele decidiu pedir ajuda e, em poucas horas, começou a receber doações.

“Os caminhoneiros estavam passando fome, comendo só salgadinho e alguns viajando até com criança, daí tive a ideia”, conta. “São eles que estão mantendo a gente abastecido nas farmácias, nos supermercados. Já pensou se eles pararem? Estamos ferrados.”

A distribuição começou na sexta-feira (27). No dia seguinte, Gabriel decidiu vestir o traje de super-herói para chamar mais atenção na estrada. Há cinco anos, ele visita hospitais fantasiado de Thor para levar alegria a crianças que estão internadas em tratamento contra o câncer.

A iniciativa, compartilhada no Instagam de Gabriel, comoveu internautas de todo o país, que estão fazendo doações de alimentos e dinheiro para que ele possa dar continuidade ao trabalho. Entre os apoiadores, está o ex-baterista dos Raimundos, Fred Castro.

Os agentes da Polícia Militar Rodoviária também aprovaram a ideia e começaram a ajudar o grupo na terça-feira (31). Os policiais sinalizaram a pista e organizaram uma fila para facilitar a entrega das marmitas. O cardápio varia, com arroz, feijão gordo, carne, linguiça, frango, salada, macarrão e polenta.

“A gente está fazendo sem esperar nada em troca, só para ajudar, e o legal é que estamos conseguindo inspirar as pessoas. Tem gente que viu a ideia na internet e está fazendo a mesma coisa. Criamos uma corrente do bem. É emocionante”, diz Gabriel.

Em uma das entregas, o fisioterapeuta se emocionou, quando o motorista, de Goiás, desceu do caminhão e ajoelhou na pista para agradecer pela marmita. “Ele desceu já chorando, aí comecei a chorar também. Ele falou que estava sem comer há três dias, desde que tinha saído de casa”, conta.

Se as doações continuarem, o fisioterapeuta planeja estender a distribuição das marmitas a moradores de rua e famílias em situação de vulnerabilidade. Enquanto a pandemia durar, ele promete arregaçar as mangas para dar sua contribuição aos mais necessitados.

“Não adianta focar só no problema, porque a gente não aguenta mais ver os números de casos subindo e gente morrendo”, diz. “O bom dessa crise foi que a gente começou a olhar ao redor e ter mais empatia. A gente precisa ver o lado positivo da coisa”, finaliza.

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