Cinema

Ator David Rasche diz que filmar no Brasil foi ponto alto da carreira

Americano ficou famoso no Brasil por causa de série Na mira do tira. Agora, ele protagoniza Olhos azuis, filme sobre imigração para os EUA.

G1

O ponto alto da carreira. De uma carreira de cerca de cem trabalhos, na TV e no cinema, em Hollywood. É assim que o ator americano David Rasche se refere à sua participação em “Olhos azuis”, novo filme do diretor José Joffily. No longa, ele faz um agente da imigração americana que, no seu último dia antes de se aposentar, resolve, após muita bebida, decidir quem entra e quem sai dos EUA a partir de critérios bastante aleatórios.

“A combinação do papel, do diretor, do script, do pessoal da equipe e da locação fez parecer um sonho. Saudages”, diz o empolgado Rasche, por email, tentando escrever em português.

Se nas habilidades linguísticas Rasche realmente não se destaca, o ator consegue trafegar bem entre comédia e drama, o que é o que importa para um ator. Se em “Olhos azuis” ele faz um papel tenso, nervoso, ele já fez vários papéis em comédias, com Eddie Murphy, Dudley Moore, além de já ter trabalhado com Bette Midler, Tom Selleck e feito uma ponta impagável em “Queime depois de ler”, dos irmãos Coen.

No Brasil, ele é conhecido por um papel na TV. Na década de 1980, ele era a estrela do seriado “Na mira do tira”.

“Para falar a verdade, a série é mais popular ao redor do mundo que nos EUA. Nos EUA, era um show para a família. É muito comum eu encontrar pessoas que dizem ‘eu costumava assistir à série com o meu pai. Nós nunca a perdíamos’.”

Mas Rasche admite também que não conhecia quase nada do Brasil, além do filme “Cidade de Deus” e do Rio, esse lugar “exótico, distante, um lugar onde eu nunca, certamente, iria.” Então, como, ele foi aparecer num filme desse país tão estranho?

“Meu agente me enviou o script e, quando o li, eu pensei que era realmente bom e que eu queria fazer o papel de Marshall. Eu trabalhei na cena e a fiz para José (Joffily), e ele pareceu imaginar que eu era a pessoa certa para o tipo”, explica: “Eu sabia que era um papel incrível. Eu estava certo”.

No filme, seu personagem implica e humilha vários latinos – argentinos, cubanos, hodurenhos e brasileiro. Para ele, é uma forma de mostrar a realidade na fronteira americana:

“As políticas de imigração dos EUA são esquizofrênicas. Ao mesmo tempo, queremos ter a possibilidade de comprar brócolis baratos, mas não aceitamos trabalhadores mexicanos ilegais. É uma loucura. E, claro, desde o 11 de setembro, nós nos tornamos xenófobos”.

Bem diferente de seu personagem, Rasche falou que adorou trabalhar com os atores de diversas nacionalidades:

“Eu fiquei muito, muito impressionado com os atores sul-americanos. Valeria (Lorca, argentina) e Pablo (Uranga, brasileiro) e Cris (Cristina Lago, brasileira) e Branca (Messina, brasileira) e Irandhir (Santos, brasileiro) e Hector (Bordoni, argentino) – todos foram esplêndidos. Nós todos temos o mesmo vínculo, de ser ator. Nós nos entendemos. Eu esperava ansioso, todos os dias, por sentar ao almoço, rir e conversar com todo mundo”.

Sobre o diretor Joffily, Rasche também é todo elogios: “José é um artista. Ele é gentil, observador, inteligente, articulado, engraçado, prestativo, perspicaz – eu poderia seguir para sempre”, e conclui: “Eu adoraria filmar com ele novamente”.

Ainda sobre o diretor, ele conta uma história curiosa, envolvendo a Torre de Babel em miniatura no set: “Era muito difícil para ele porque, em alguns dias, ele tinha que falar tudo três vezes: uma em cada língua”.

E apesar de apontar as diferenças sociais em favelas no Rio, filmar em Recife, Petrolina e na pequenina Massangano, uma ilha no Rio São Francisco onde ele diz ter enfrentado 44º C, transformou esse americano louro de olhos azuis de St. Louis, no Missouri.

“Isso sem mencionar o Rio, onde eu passei o último mês. Eu não imagino que exista uma cidade mais bonita para ser set no mundo. Eu me apaixonei pela vizinhança, pela comida, pela música e dança. Eu nunca fui mais feliz do que quando eu estive no Brasil.”

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