Cinema

‘O maior ano do cinema brasileiro é 2019’, diz produtor de ‘A Vida Invisível’

"Este é um ano vencedor para o cinema brasileiro no mundo. Não é uma coisa normal pra gente", diz Rodrigo Teixeira, produtor do filme

'O maior ano do cinema brasileiro é 2019', diz produtor de 'A Vida Invisível'

O longa é uma adaptação para o cinema de "A Vida Invisível de Eurídice Gusmão", livro da pernambucana Martha Batalha — Foto:Reprodução/AdoroCinema

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Membros da equipe responsável por “A Vida Invisível” acreditam que o Brasil pode estar perto de quebrar um jejum de 20 anos sem concorrer ao Oscar de melhor filme internacional. 

“Este é um ano vencedor para o cinema brasileiro no mundo. Não é uma coisa normal pra gente”, diz Rodrigo Teixeira, produtor do filme, que representa o país na disputa pelo Oscar.

O filme ganhou prêmios importantes, como a mostra Un Certain Regard, do Festival de Cannes. Para tentar concorrer ao maior deles, precisou desbancar “Bacurau”, de Kleber Mendonça Filho, e outras dez produções nacionais. A lista definitiva dos cinco indicados ao Oscar será divulgada pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas no dia 13 de janeiro.

Para Teixeira, que produziu sucessos como “Me Chame pelo Seu Nome” e “O Farol”, o ano de 2019 é atípico. Além dos prêmios de “A Vida Invisível”, “Bacurau” ganhou o prêmio do júri em Cannes, considerada a terceira maior premiação do festival. “Tínhamos dois filmes com qualidade para representar o Brasil no Oscar”, diz o produtor.

‘A Vida Invisível’ está em cartaz nos cinemas da Paraíba — confira sessões aqui.

A análise foi feita durante um debate realizado pela Folha de S.Paulo após a sessão de pré-estreia de “A Vida Invisível” na terça-feira (19), no Cinearte, em São Paulo. Além de Teixeira, participaram do debate a diretora-assistente Nina Kopko, a pesquisadora Suzane Jardim e o roteirista Murilo Hauser, com a mediação de Guilherme Genestreti, editor-adjunto da Ilustrada.

O longa é uma adaptação para o cinema de “A Vida Invisível de Eurídice Gusmão”, livro da pernambucana Martha Batalha. A obra dirigida por Karim Aïnouz conta as histórias de duas irmãs filhas de imigrantes portugueses. Cada uma à sua maneira, elas são vítimas do machismo do Rio de Janeiro da década de 1950 e passam a maior parte da vida separadas por uma mentira contada pelo pai.

Eurídice, a protagonista vivida pela atriz Carol Duarte – e por Fernanda Montenegro nos momentos finais – , é o retrato da mulher resignada com a estrutura machista da sociedade. Ela deixa o sonho de ser musicista em segundo plano para ser uma dona de casa em um casamento arranjado, e vive sempre à sombra de figuras masculinas, que vão do pai autoritário ao marido controlador interpretado por Gregorio Duvivier.

Guida (Julia Stockler), irmã de Eurídice, também é tolhida pelo machismo, mas foge de casa com um marinheiro grego e volta grávida meses depois. A reação do pai é expulsar a filha e inventar a mentira que separou as duas irmãs por décadas.

Para a diretora-assistente Nina Kopko, as histórias de Eurídice e Guida fizeram “os olhos brilharem” como uma oportunidade de retratação histórica. “Fizemos o filme pensando em tantas mulheres que não estiveram presentes nem nos livros de ficção nem nos de história, invisibilizadas por questões muito específicas”, disse.

“Quando me enviaram o roteiro, sentei, li e chorei umas duas horas”, contou Suzane Jardim. Como pesquisadora, seu trabalho consistia na consulta a documentos históricos para que temáticas como aborto clandestino, contrabando de medicamentos e atendimento de saúde fossem retratadas como realmente eram no Rio de Janeiro dos anos 1950.

Além disso, Jardim era consultada para que os diretores soubessem, por exemplo, se, à época, seria comum ter pessoas negras em profissões como enfermeiros e policiais. A pesquisadora critica produções em que atores negros só são escalados quando os personagens precisam, necessariamente, ser negros. “Quando você entra no ramo da pesquisa, percebe uma ampla forma de possibilidades de promover uma escalação mais diversa”, diz. “É a história que cria essa oportunidade, eles [os negros] estavam lá”.

O roteirista Murilo Houser explicou que a construção do filme ia mudando de acordo com as descobertas de Jardim. “Karim é muito detalhista, muito específico. A gente sempre soube que seria necessário fazer muita pesquisa.”

Ele também falou sobre as particularidades do trabalho de adaptação, já que o livro de Martha Batalha consegue aprofundar até as histórias dos personagens secundários. Com um recorte definido, a equipe conseguiu “mergulhar nos momentos” escolhidos e tornar a adaptação mais viável. “Foi um trabalho de desviar do livro para poder virar cinema, mantendo a mesma ideia, mas tomando as liberdades que toda adaptação precisa ter.”

A sessão gratuita contou com, aproximadamente, 250 pessoas. O público participou com perguntas à equipe responsável pelo filme sobre os métodos de produção e dúvidas sobre o enredo. “A Vida Invisível” estreou no circuito nacional na quinta-feira (21).

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