Pesquisa

46% dos inadimplentes não têm condições de pagar dívidas em atraso

Perda do emprego e queda da renda são os principais motivos. 6 em cada 10 entrevistados acreditam que a situação financeira piorou

46% dos inadimplentes não têm condições de pagar dívidas em atraso

As principais contas que os devedores têm são de serviços básicos de água e luz, cartão de loja, contas de telefone e cartão de crédito — Foto:Divulgação

Pesquisa nacional do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) mostra que 46,5% dos brasileiros inadimplentes não têm condições de pagar as dívidas em atraso nos próximos três meses.

O estudo “Perfil do Inadimplente Brasileiro” mostra que 6 em cada 10 entrevistados (61,2%) acreditam que a situação financeira piorou na comparação com o ano passado, seja em razão do endividamento (24,4%), seja porque estão desempregados (16,4%) ou porque a renda  diminuiu (20,4%).

Segundo o estudo, apenas uma em cada cinco pessoas entrevistadas (20,6%) tem intenções de pagar e reúne condições para quitar as dívidas integralmente nos próximos 90 dias.

Valor
Na comparação com 2015, o valor médio total das pendências diminuiu 33,9%, chegando a R$ 3.543,60. Mas entre os entrevistados das classes A e B e com idade entre 35 e 64 anos, a dívida é ainda maior, de R$ 5.633,95 e R$ 4.176,29, respectivamente.

Porém, a diminuição do valor total da dívida dos inadimplentes não é um reflexo de uma possível melhora na capacidade de pagamento desses consumidores, mas porque a recessão, o desemprego e os efeitos da inflação enfraqueceram o poder de compra das pessoas e o acesso ao crédito se tornou mais restrito com maiores garantias exigidas dos tomadores. Assim, está mais difícil conseguir dinheiro emprestado para comprar, fazendo cair o endividamento.

Motivos
Os principais motivos para deixar de pagar as contas atrasadas são perda do emprego (28,2%), diminuição da renda (14,8%), falta de controle financeiro e de planejamento no orçamento (9,6%) e empréstimo do nome para compras feitas por terceiros (9,3%, aumentando para 30% entre os mais velhos e 9,9% nas classes C, D e E).

Considerando os entrevistados que alegaram descontrole financeiro, os principais motivos são a vontade de aproveitar promoções sem avaliar o orçamento (31,7%) e não negociar bem no momento da compra (29,3%). Questionados sobre possíveis problemas que poderiam estar passando, 50% afirmaram que não estavam passando por nenhum momento difícil, 10,1% sofriam de ansiedade, 8,8% tinham problemas no trabalho e a mesmo percentual também estava com o emocional abalado por problemas financeiros.

Contas atrasadas e em dia
As principais contas que os devedores têm são de serviços básicos de água e luz (57,6%), cartão de loja (47,5%), contas de telefone (41,9%) e cartão de crédito (40,4%).

Os compromissos que mais se encontram em dia são o aluguel (94,9%), o plano de saúde (91,8%) e o condomínio (91,3%). Por outro lado, considerando as contas em atraso, as principais são relacionadas a serviços de crédito como empréstimo em bancos ou financeiras (89,6%), parcelas do cartão de loja (83,9%), cartão de crédito (74,9%) e contas de crediário e carnês (68,7%).

No geral, todas essas pendências em atraso estão nessa situação há mais de um ano. Os destaques são o longo período de 21,3 meses em média de parcelas atrasadas de empréstimo de bancos e financeiras, 21,7 meses do cheque especial e o tempo menor de atraso de sete meses para as contas de água e luz.

Culpados da inadimplência
Os principais produtos e serviços que levaram às dívidas e à inadimplência são roupas (45%, aumentando para 50,6% entre as mulheres e 57,7% entre os desempregados), calçados (25,8%) e eletrodomésticos (17,4%).

Meios de limpar o nome
Para 47,3% dos inadimplentes, o acordo com os credores continua a ser o meio preferido para limpar o nome. Em seguida, estão a geração de renda extra por meio de bicos (22,9%) e fazer economias no orçamento (21,1%). No último caso, os principais cortes no consumo serão no lazer (46,6%), compra de roupas e calçados (36,2%) e alimentação fora de casa (34,5%).

Em média, os entrevistados acreditam que todas as dívidas em atraso serão pagas em média em 12 meses, sendo que 9,5% admitem levar de um a dois anos para isso. As dificuldades enfrentadas para limpar o nome mais citadas correspondem a deixar de consumir produtos e serviços considerados fundamentais ou básicos pelos inadimplentes (38,7%) e o valor da dívida, considerado muito superior aos rendimentos (34,1%).

Os inadimplentes se mostram otimistas com relação ao futuro: 52,3% acreditam que sua situação financeira irá melhorar em um horizonte de seis meses.

Perfil dos inadimplentes
71% ficaram com o nome sujo pela primeira vez no último ano
56,3% dos inadimplentes são do sexo feminino
64,1% têm idade entre 25 a 49 anos
58,8% têm ensino médio incompleto ou completo
92,2% são das classes C, D e E
33,9% são funcionários de empresas privadas e 28,4% autônomos
15,9% estão desempregados, sendo a média de nove meses nessa situação

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