Economia

Bolsa cai por preocupação com risco fiscal no Brasil e inflação global

Investidores reagem à divulgação de dados do trabalho dos Estados Unidos e, no cenário interno, se preocupam com uma possível piora do quadro fiscal. Dólar sobe.

Bolsa cai por preocupação com risco fiscal no Brasil e inflação global

Os analistas veem poucas evidências de que os últimos aumentos de juros americanos surtiram efeito para colocar a inflação nos trilhos novamente. — Foto:Reprodução

Depois de fechar com ganhos na véspera, o Ibovespa, principal índice da Bolsa de São Paulo (B3), registra perda de 1,14%, em 111.107 pontos. A maioria das ações tem desempenho negativo. Dentre as exceções estão as ordinárias de Petrobras, com ganho de 0,67%; o Grupo Natura (NTCO3), com alta de 2,16%; e Ambev, com variação positiva de 0,35%.

Investidores reagem à divulgação de dados do trabalho dos Estados Unidos e, no cenário interno, se preocupam com uma possível piora do quadro fiscal.

O dólar tem dia de grande oscilação. Por volta das 12h30, a moeda americana valorizava em 0,10%, cotada a R$ 4,7930.

Subsídio a diesel

O governo estuda enviar ao Congresso um decreto declarando estado de calamidade pública. A estratégia seria usar a guerra da Ucrânia para justificar a alta de preços dos combustíveis, o que permitiria criar subsídios descumprindo as regras fiscais no ano eleitoral. Entre outras “bondades”, a medida pode beneficiar a popularidade de Bolsonaro.

Em entrevista à CNN Brasil, o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, afirmou que não vê necessidade disso, mas que a possibilidade existe dependendo das circunstâncias.

O mercado financeiro, no entanto, que não gosta de incertezas, reagiu jogando os papéis para baixo.

Rodrigo Crespi, analista da Guide Investimentos, diz que há uma versão a risco generalizada, que considera tanto o cenário inflacionário no exterior, quanto o risco fiscal brasileiro.

— Depois de uma semana positiva nos ativos domésticos, vimos hoje uma realização (investidores vendendo as ações para ter acesso aos ganhos) em varejo, bancos, saúde, mineração e siderurgia — avalia Crespi.

Mais empregos, mais inflação

Desde quando a criação de novos empregos é vista como algo negativo? No cenário de uma inflação descontrolada, novas vagas significam maior necessidade de o Banco Central Americano aumentar a taxa de juros por lá.

E como tudo está interligado, o aumento de juros deixa a renda fixa mais atraente a investidores, que acabam abandonando o mercado de ações. Isso é um dos fatores que explica a queda das bolsas não só em Nova York, mas também em diversas outras capitais pelo mundo.

Acontece que os Estados Unidos são vistos como uma economia muito sólida. Se a renda fixa deles remunera bem e quase não oferece risco, para que os investidores vão deixar o dinheiro em países emergentes, onde a remuneração pode até ser maior, mas também há mais risco? Essa lógica de pensamento provoca a venda de vários papéis.

Por isso, a notícia da criação de 390 mil novas vagas de emprego em maio nos EUA e o forte crescimento salarial sacudiu o Ibovespa e os principais índices de Wall Street. Por volta de 13h do horário de Brasília, Dow Jones perdia 0,91%, Nasdaq 2,38%, e S&P, 1,52%.

Os analistas veem poucas evidências de que os últimos aumentos de juros americanos surtiram efeito para colocar a inflação nos trilhos novamente.

— A expectativa era de que a taxa de emprego se reduzisse para 3.5%, mas ela foi mantida em 3.6%. Apesar de ainda baixo, é algo que reforça o movimento de subida de juros. Por isso, a maioria das ações caem hoje — explica Enrico Cozzolino head de análise da Levante Investimentos.

A alta dos juros prejudica empresas ligadas à tecnologia, já que elas costumam pegar crédito para investir no próprio crescimento. Se os empréstimos ficam mais caros, a expansão e, consequentemente, o retorno financeiro ficam limitados.

Nesta sexta-feira, o presidente-executivo da Tesla, Elon Musk, que delineou planos para demitir 10% de sua equipe. A declaração veio logo após Jamie Dimon, presidente e executivo-chefe do JPMorgan Chase, afirmar que os desafios enfrentados pela economia dos EUA são como um “furacão”.

No início da tarde, as ações da (TSLA) em Nasdaq (bolsa de tecnologia americana) caíam 8,48%.

— Juros subindo fazem com que ações de tecnologia corrijam seu preço, porque uma das formas de calcular preço de uma ação é projetar seu fluxo de caixa futuro e descontar por uma taxa a valor presente — esclarece Cozzolino.

Na Europa, os mercados também apresentavam baixa. A Bolsa de Frankfurt caía 0,17% e a de Paris, 0,23%. Em Londres, a desvalorização era de 0,98%.

Oferta insuficiente

O petróleo subia nesta sexta-feira: o Brent tinha alta de 1,69%, cotado em US$ 119,60, enquanto o bruto dos EUA West Texas Intermediate (WTI) avançava 1,75%, para US$ 118,92.

Há receio de não ter petróleo suficiente para todos os países do mundo após as sanções impostas ao óleo russo, em decorrência da guerra na Ucrânia.

Mesmo depois de a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e Aliados (OPEP+) anunciar que planeja aumentar a produção mensal de barris da commodity para suprir a demanda, os cálculos indicam que a oferta global ainda estará apertada.

À medida que a China diminui as restrições da covid-19 e injeta recursos para aquecer a sua economia, mais petróleo será necessário para suprir todas as atividades industriais e comerciais.

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