O dólar opera em queda nesta quinta-feira (24), chegando a ser negociado abaixo de R$ 4 pela 1º vez em mais de 2 meses, em meio a um cenário político doméstico favorável devido à aprovação da reforma da Previdência, além das altas expectativas sobre a entrada de fluxos no Brasil.
Às 11h04, a moeda norte-americana caía 0,45%, vendida a R$ 4,0146. Na mínima da sessão, chegou a R$ 3,9989. Foi a primeira vez desde 19 de agosto (R$ 3,9911) que o dólar caiu abaixo de R$ 4. Veja mais cotações.
O dólar turismo era negociado a R$ 4,1914, sem considerar o IOF (tributo).
Na véspera, a moeda norte-americana recuou 1,05%, a R$ 4,0327, dia que ficou marcado pela conclusão da votação da reforma da Previdência no Senado.
“Há um cenário favorável por conta dos desdobramentos das pautas políticas. Ainda vemos esse otimismo favorecendo o real”, disse à Reuters Camila Abdelmalack, economista da CM Capital Markets.
Em notas divulgadas na véspera, entretanto, as agências de rating Moody’s e Fitch notaram que ainda resta muito a ser feito na parte do ajuste fiscal.
Para o processo de ajuste fiscal ter êxito, analistas indicam que o governo precisa promover ainda reformas como a administrativa, para que seja possível mexer com estruturas de carreiras e salários dos servidores e, assim, reduzir os gastos com pessoal, avançar nos processos de privatizações e promover uma desindexação do Orçamento.
Perspectiva de ingresso de dólares
Após a aprovação da reforma da Previdência, e agora com as atenções voltadas para a finalização do julgamento da possibilidade de prisão após condenação em segunda instância no Supremo Tribunal Federal (STF).
A perspectiva de fluxo positivo tem ajudado a pressionar a cotação da moeda americana. A expectativa com os ingressos do megaleilão do pré-sal também colabora para o cenário de recuo do dólar.
Para Fabrizio Velloni, sócio e diretor da mesa de câmbio da Frente Corretora, o dólar deve voltar a operar na banda entre R$ 3,90 e R$ 4,00 até o final do ano, segundo o ValorOnline. Para ele, o dólar está supervalorizado desde agosto e, com a melhora do exterior e sinalização de que a economia pode começar a retomar, abriu-se uma janela.
A projeção do mercado financeiro para a taxa de câmbio no fim de 2019 permanece em R$ 4 por dólar, segundo a última pesquisa Focus do Banco Central. Para o fechamento de 2020, avançou de R$ 3,95 para R$ 4 por dólar.
Cenário externo
NA cena externa, o Banco Central Europeu (BCE) confirmou nesta quinta-feira o conjunto de incentivos monetários adotados em setembro passado, apesar das profundas divisões internas, durante uma coletiva de imprensa histórica, a última do atual presidente, o italiano Mario Draghi.
Como esperado, a taxa básica de juros foi mantida em zero, enquanto os bancos cobrarão juros de 0,50% sobre os depósitos feitos no Banco Central, invés de emprestá-los a seus clientes.