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Inflação fica em 0,24% em agosto, maior taxa para o mês desde 2016, aponta IBGE

Apesar da desaceleração em relação ao mês anterior, trata-se da terceiro avanço seguido e o maior resultado para um mês de agosto desde 2016.

Inflação fica em 0,24% em agosto, maior taxa para o mês desde 2016, aponta IBGE

A inflação sentida pelas famílias no ano, no entanto, tem ficado acima do IPCA. — Foto:Reprodução

Puxado pela alta nos preços de alimentos e da gasolina, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, subiu 0,24% em agosto, abaixo da taxa de 0,36% registrada em julho, segundo divulgou nesta quarta-feira (9) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Apesar da desaceleração em relação ao mês anterior, trata-se da terceiro avanço seguido e o maior resultado para um mês de agosto desde 2016, quando o IPCA foi de 0,44%. Em agosto de 2019, a taxa havia sido de 0,11%.

No acumulado em 2020, o IPCA registra alta de apenas de 0,70%, e em 12 meses, de 2,44%, ainda abaixo do piso da meta do governo para o ano, de 2,5%.

O resultado ficou ligeiramente acima da mediana das projeções de 33 analistas de consultorias e instituições financeiras consultados pelo Valor Data, que projetaram desaceleração do índice para 0,23% em agosto. O intervalo das estimativas ia de 0,17% a 0,32% de aumento.

O que mais pesou

“Pesaram mais no bolso do consumidor, principalmente, a gasolina, que subiu pelo terceiro mês seguido, e os alimentos, que chegaram a registrar certa estabilidade de preços em julho, mas voltaram a subir em agosto. Para as famílias de menor renda, o impacto é maior”, destacou o IBGE.

Dos 9 grupos de produtos e serviços pesquisados, 6 tiveram alta em agosto. Os maiores avanços foram nos preços de transportes (0,82%) e de alimentação e bebidas (0,78%), com impactos de 0,16 e 0,15 ponto percentual, respectivamente no índice geral.

Em julho, os preços de alimentação e bebidas tinham registrado variação de apenas 0,01%.

Entre os itens que mais subiram em agosto, estão o tomate (12,98%), óleo de soja (9,48%) o leite longa vida (4,84%), frutas (3,37%), carnes (3,33%), e o arroz (3,08%).

“O arroz acumula alta de 19,25% no ano e o feijão, dependendo do tipo e da região, já tem inflação acima dos 30%. O feijão preto, muito consumido no Rio de Janeiro, acumula alta de 28,92% no ano e o feijão carioca, de 12,12%”, destacou o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov.

Alimentos com alta acumulada expressiva no ano:

manga: 61,63%
cebola: 50,40%
abobrinha: 46,87%
tainha: 39,99%
limão: 36,56%
morango: 31,99%
feijão-preto: 28,9%
leite longa vida: 22,99%
arroz: 19,25%
óleo de soja: 18,63%

Entre as razões para a alta no preço dos alimentos está a alta do dólar, o aumento da demanda externa e elevação das exportações de produtos como arroz, estimuladas por um real mais desvalorizado.

De acordo com o pesquisador, o auxílio emergencial também teve impacto sobre a inflação no mês. “Houve um efeito demanda que ajudou a manter esses preços dos alimentos mais altos”, avaliou Kislanov.

Veja as taxas de variação por grupos

Alimentação e Bebidas: 0,78%
Habitação: 0,36%
Artigos de Residência: 0,56%
Vestuário: -0,78%
Transportes: 0,82%
Saúde e Cuidados Pessoais: 0,50%
Despesas Pessoais: -0,01%
Educação: -3,47%
Comunicação: 0,67%

Transportes tiveram alta pelo 3º mês consecutivo

Nos combustíveis, a gasolina teve alta de 3,22% em agosto, enquanto o diesel subiu 2,49% e o etanol avançou 1,29%.

“O impacto individual mais importante nestes últimos meses tem sido a gasolina. Embora ela continue sendo o item individual de mais peso, a alimentação segue a que tem o maior peso na composição do IPCA”, explicou Kislanov.

No acumulado no ano, porém, a gasolina ainda tem queda de 5,93%.

Nas despesas de casa (habitação), os maiores impactos vieram do aluguel residencial (0,32%) e da energia elétrica (0,27%). Houve também aumento nos preços de materiais de construção como o tijolo (9,32%) e o cimento (5,42%).

Descontos nas mensalidades escolares ajudam a frear inflação

No lado das quedas, o destaque ficou com o grupo Educação, que teve deflação de 3,47% em agosto, favorecida pelos descontos nas mensalidades escolares em meio à pandemia e em virtude da suspensão das aulas presenciais.

“Não fossem os cursos regulares, nós teríamos uma alta de 0,48% [no IPCA] em agosto”, afirmou o gerente da pesquisa.

Os preços dos cursos regulares recuaram 4,38%, sendo que maior queda foi observada na pré-escola (-7,71%), seguida pelos cursos de pós-graduação (-5,84%), pela educação de jovens e adultos (-4,80%) e pelas creches (-4,76%).

As peças de vestuário (-0,78%) também registraram deflação, com uma queda ainda mais intensa que a registrada em julho (-0,52%).

Campo Grande tem maior inflação entre as regiões

Cinco das 16 regiões pesquisadas pelo IBGE apresentaram deflação em agosto. O menor índice ficou com o município de Aracaju (-0,30%). Já o maior resultado foi observado em Campo Grande (1,04%). Em São Paulo, a taxa foi de 0,31%. Já no Rio de Janeiro houve deflação de 0,13%.

O IPCA é calculado com base em uma cesta de consumo típica das famílias com rendimento um a 40 salários mínimos, abrangendo dez regiões metropolitanas, além dos municípios de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís, Aracaju e Brasília.

INPC ficou em 0,36%, maior resultado desde 2012

Já o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que se refere às famílias com rendimento de um a cinco salários mínimos e é utilizado como referência para reajustes salariais e benefícios previdenciários, apresentou alta de 0,36% em agosto, sendo o maior resultado para o mês desde 2012 (0,45%).

No ano, o INPC acumula alta de 1,16% e, nos últimos doze meses, de 2,94%.

Perspectivas e meta de inflação

Apesar da forte alta observada nos preços de itens da cesta básica, a expectativa de inflação para este ano segue bem abaixo da meta central do governo, de 4%, e também do piso do sistema de metas, que é de 2,5% em 2020.

Os analistas das instituições financeiras projetam uma inflação de 1,78% em 2020, conforme a última pesquisa Focus do Banco Central.

A meta de inflação é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para alcançá-la, o Banco Central eleva ou reduz a taxa básica de juros da economia (Selic), atualmente em 2% – mínima histórica. O mercado segue prevendo manutenção da taxa básica de juros neste patamar até o fim deste ano.

Pela regra vigente, o IPCA pode oscilar de 2,5% a 5,5% sem que a meta seja formalmente descumprida. Quando a meta não é cumprida, o BC tem de escrever uma carta pública explicando as razões.

A inflação sentida pelas famílias no ano, no entanto, tem ficado acima do IPCA. O índice da FGV que mede a variação de preços de produtos e serviços para famílias com renda entre um e 2,5 salários mínimos, por exemplo, acumula alta de 3,08% nos últimos 12 meses.

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