Economia

‘Não é verdade que os bancos perdem dinheiro com PIX’, diz presidente do Banco Central

Campos Neto afirmou que instituições podem ter perdido receita pela redução das transferências tradicionais, mas que ganham dinheiro com outros serviços impulsionados pelo sistema.

'Não é verdade que os bancos perdem dinheiro com PIX', diz presidente do Banco Central

Campos Neto disse que os bancos até podem perder receitas com transferências tradicionais, mas que ganham dinheiro com outros serviços impulsionados pelo PIX. — Foto:Reprodução

O presidente do Banco Central do Brasil (BC), Roberto Campos Neto, afirmou nesta quinta-feira (11) que “não é verdade que os bancos perdem dinheiro com o PIX”.

O PIX é um sistema de pagamento instantâneo desenvolvido pelo Banco Central para facilitar transações financeiras. Ele é gratuito, está disponível 24 horas por dia e começou a funcionar em novembro de 2020. A expectativa do mercado é que o sistema seja o grande substituto de DOCs e TEDs (operações taxadas pelos bancos).

No fim de julho, o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, disseram que os banqueiros tiveram elevados prejuízos com o PIX e que estariam se vingando do Palácio do Planalto aderindo ao manifesto em defesa da democracia da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Campos Neto disse que os bancos até podem perder receitas com transferências tradicionais, mas que ganham dinheiro com outros serviços impulsionados pelo PIX.

“É um sistema que, de novo, foi construído com todas as mãos que estão aqui, todo o sistema financeiro, os bancos ajudaram muito, botaram propaganda bonita, fizeram um marketing muito bom, acho que é um ganho que a gente tem pra sociedade, eu quero já dizer que não é verdade que os bancos perdem dinheiro com PIX”, disse Campos Neto em evento promovido pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

“Você tem uma perda de receita em transferência, mas por outro lado novas contas são abertas, novos modelos de negócio são gerados, você retira dinheiro de circulação, que é um custo enorme pro banco, você aumenta a transação, então o transacional aumenta”, exemplificou.

Campos Neto também ressaltou que o PIX foi uma construção conjunta do Banco Central com instituições financeiras.

“Alguns outros banqueiros centrais falam: ‘como é que você fez o PIX, eu nunca conseguiria fazer, os bancos nunca iam colaborar’. Eu disse: ‘pois é, mas no Brasil eles colaboraram e por isso temos o PIX'”, disse Campos Neto.

Segundo ele, o BC deve lançar um estudo mostrando o impacto do PIX em receitas bancárias. Ele não informou a data.

“Então acho que é importante dizer que foi uma colaboração, os bancos entenderam que no final é um modelo de ganha-ganha, todo mundo vai ganhar mais, vai perder de um lado, [mas] vai gerar novos negócios, vai gerar inclusão financeira, novas contas, menos dinheiro em circulação, menos custo, mais automação.”, disse

Ainda sobre o PIX, Campos Neto defendeu um avanço do sistema que permita pagamentos offline. A funcionalidade está em desenvolvimento, mas ainda sem data para lançamento.

Moeda digital

Ao longo da apresentação, Campos Neto também disse que a moeda digital que o Banco Central pretende lançar em 2024 não será nada mais do que um “depósito tokenizado”.

Na prática, o real digital será uma “extensão” da moeda física, que ficará guardada (custodiada) nos bancos e instituições de pagamento.

Segundo ele, a moeda digital será capaz de promover novos negócios, melhorar pagamentos fronteiriços e reduzir o uso do papel-moeda.

As moedas digitais dos países serão diferentes das criptomoedas, como os bitcoins, que não possuem garantia nacional. Sobre criptomoedas, o presidente do Banco Central defendeu uma regulação, mas sem forte interferência do Estado.

“A nossa grande preocupação é que exista transparência nos produtos que são vendidos aos clientes, não acho que o regulador deveria entrar com a mão pesada interferindo nos processos”, defendeu.

Carta da Fiesp

A carta da Fiesp foi divulgada no último dia 4 de agosto e é intitulada “Em Defesa da Democracia e da Justiça”. O documento não cita Bolsonaro, mas defende o Supremo Tribunal Federal e a Justiça Eleitoral, instituições atacadas pelo presidente.

O documento defende que “a estabilidade democrática, o respeito ao Estado de Direito e o desenvolvimento são condições indispensáveis para o Brasil superar os seus principais desafios”.

Apesar de não ser citado, Bolsonaro fez críticas ao manifesto, classificando-o de ato político contra ele.

O manifesto foi divulgado com a assinatura de 107 entidades empresariais, entre as quais a Fiesp, a Federação Brasileira de Bancos, a Associação da Infraestrutura e Indústria de Base, Câmara Americana de Comércio, a Fecomércio e a Sindusfarma, entre outras.

COMPARTILHE

Bombando em Economia

1

Economia

Renda dos 10% mais ricos é 14 vezes superior à dos 40% mais pobres

2

Economia

Presidente da Petrobras descarta aumento de preços dos combustíveis

3

Economia

Senado aprova isenção de Imposto de Renda para quem ganha até dois salários mínimos

4

Economia

Pesquisa mostra variação de 109% no valor da cesta básica em João Pessoa  

5

Economia

Caixa começa a pagar Bolsa Família de abril