"A gente vai continuar muito focado em crescimento e sem com isso abrir mão da qualidade de gestão de risco", afirmou o executivo. — Foto:Reprodução
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) — O banco Santander Brasil registrou um lucro líquido de R$ 4,34 bilhões no quarto trimestre de 2021, o que corresponde a uma queda de 10,6%, na comparação com o mesmo período do ano anterior, segundo o balanço divulgado nesta quarta-feira (2).
No acumulado do ano passado, o lucro líquido da instituição financeira alcançou a marca de R$ 16,347 bilhões, alta de 7% ante 2020.
Contribuiu para os resultados do Santander Brasil a evolução de 2,8%, na comparação trimestral, e de 12,4%, em bases anuais, da carteira de crédito, que encerrou dezembro em R$ 462,74 bilhões.
“Todos os segmentos apresentaram crescimento do saldo em 2021, com destaque para consistência do segmento de pessoa física, que contribuiu com 70,4% da variação anual da carteira de crédito total, e de PMEs, que representou 13,7% da variação”, informa o banco.
O crédito à pessoa física fechou ano em R$ 210,24 bilhões em dezembro, aumento de 20,6% no ano. No intervalo, os produtos que apresentaram as maiores contribuições positivas foram crédito pessoal/outros (+33,9%), cartão de crédito (+23,2%), crédito imobiliário (+20,5%) e consignado (+10,8%).
Já o índice de inadimplência superior a 90 dias terminou o ano passado em 2,7%, um crescimento de 0,6 ponto percentual, ante dezembro de 2020, e de 0,3 ponto, em relação a setembro de 2021.
Entre os clientes pessoa física, a inadimplência atingiu 3,6% em dezembro de 2021, aumento de 0,66 ponto percentual no ano e de 0,35 ponto no trimestre. No caso da pessoa jurídica, a taxa de inadimplência foi de 1,3%, aumento de 0,45 ponto percentual no ano e estabilidade no trimestre.
“Em um cenário macroeconômico mais desafiador, nossos indicadores de crédito permanecem controlados, com leve tendência, já prevista, da deterioração da inadimplência”, disse Angel Santodomingo, diretor financeiro do Santander Brasil, no relatório.
Segundo Sérgio Rial, presidente do conselho de administração do Santander Brasil, o ambiente macroeconômico aguardado para 2022, com a taxa básica de juros de volta à casa dos dois dígitos, deve trazer na esteira uma desaceleração no ritmo de expansão do crédito, com aumento da inadimplência à frente.
“Acho que a gente vai ver naturalmente uma desaceleração no crédito imobiliário, quando comparamos com os últimos dois anos. Essa desaceleração vai ocorrer”, afirmou Rial, durante coletiva com a imprensa nesta quarta para comentar os resultados do banco.
A carteira de crédito imobiliário à pessoa física do Santander Brasil registrou crescimento de 20,5% em 2021, para R$ 52,9 bilhões.
Por outro lado, Rial acredita que as pequenas e médias empresas (PME) representam um segmento de mercado que pode manter um aquecimento maior dentro da carteira de crédito do banco ao longo dos próximos meses.
Ele prevê também que a inadimplência deve manter a tendência de alta observada no último exercício, se aproximando de patamares mais próximos de 3%.
“A gente vai continuar muito focado em crescimento e sem com isso abrir mão da qualidade de gestão de risco”, afirmou o executivo.
Já o indicador que mede qual o retorno sobre o patrimônio líquido médio (ROAE), que aponta o nível de rentabilidade da operação, foi de 21,1% no ano passado, praticamente estável, com leve variação negativa de 0,1 ponto percentual, na comparação com 2020.
“Iniciamos uma nova etapa da nossa história, buscaremos o crescimento contínuo dos negócios, combinando o foco na melhor experiência dos nossos clientes e a geração de valor para nossos acionistas, e principalmente comprometidos com o desenvolvimento do país e da nossa sociedade”, afirmou Mario Leão, presidente executivo do Santander Brasil.
Ele assumiu em janeiro o cargo no lugar de Sérgio Rial, que passou, por sua vez, à presidência do conselho de administração do banco. “Aqui o resultado sempre fala mais alto, e entregamos mais uma vez consistência de rentabilidade aos nossos acionistas”, disse Rial.
Na terça-feira (1º), o banco aprovou a distribuição de dividendos e JCP (Juros sobre o Capital Próprio) no valor de R$ 3 bilhões, com pagamento a partir de 04 de março de 2022. No ano, o Santander Brasil distribuiu cerca de R$ 12,65 bilhões em remuneração aos seus acionistas.
Sobre as eleições presidenciais no final do ano, Rial disse que o melhor resultado será a “celebração da democracia. É um privilégio poder ter 210 milhões [de eleitores] votando”.
De todo modo, ele acrescentou também que o setor privado deve participar de alguma forma, de modo a dar sua contribuição para o processo.
“Nós, como uma grande empresa brasileira de capital estrangeiro, vamos continuar vendo no Brasil a relevância que o país tem, e o setor privado é importante. Quanto mais a gente tenha o setor privado sendo ouvido e podendo dar sua visão, acho que isso só ajuda a agenda de crescimento do país”, afirmou o presidente do conselho de administração do Santander Brasil.
Com resultados no quarto trimestre abaixo das expectativas, as ações do banco negociadas na Bolsa de Valores brasileira, a B3, operavam em forte queda nesta quarta. Por volta das 12h30, os papéis do Santander Brasil recuavam cerca de 2,7%, acima das perdas de 0,9% do Ibovespa.
“Os resultados mostraram alguma deterioração no quarto trimestre, com alta da inadimplência e menor expansão da carteira de crédito, parcialmente compensado pelo bom controle de custos. Esperamos uma reação negativa dos mercados”, dizem os analistas do Goldman Sachs, em relatório.
“Com o Santander sendo o primeiro dos grandes bancos a publicar seus resultados, é usado como uma prévia do resultado para os outros bancos. Considerando que seu resultado veio abaixo do esperado, podemos esperar resultado semelhante dos outros bancos brasileiros”, diz Rodrigo Crespi, analista da Guide Investimentos.
Além disso, o aumento da inadimplência e a diminuição do índice de cobertura da carteira de crédito do Santander evidencia a deterioração no panorama para o crédito no Brasil, diz Crespi.
RAIO-X | SANTANDER BRASIL
Fundação: Em atividade no mercado local desde 1982
Lucro líquido no 4º trimestre de 2021: R$ 4,34 bilhões
Agências: 1.987
Funcionários: 48.834
Clientes: 53,4 milhões
Principais concorrentes: Itaú Unibanco, Bradesco, Banco do Brasil, Caixa
