Primeiro turno

Cientistas políticos analisam desempenho de partidos nas eleições municipais

O levantamento feito pela Agência Brasil a partir de informações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até o dia 6 de outubro

Dados indicam, por exemplo, que o PSDB é o partido que teve melhor desempenho nas grandes cidades brasileiras. — Foto:Divulgação

O desempenho dos partidos políticos no primeiro turno das eleições municipais deste ano mostrou um quadro de diferenças em relação ao tamanho das cidades conquistadas por cada um. O levantamento feito pela Agência Brasil a partir de informações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até o dia 6 de outubro observou o número de prefeitos eleitos por cada agremiação nas diferentes faixas de número de eleitores das cidades.

Os dados indicam, por exemplo, que o PSDB é o partido que teve melhor desempenho nas grandes cidades brasileiras. Além de ter eleito, em primeiro turno, o prefeito de São Paulo, o partido também elegeu mais um prefeito numa cidade dentro da faixa entre 500 mil e um milhão de eleitores, e 12 prefeitos em cidades com 200 mil a 500 mil eleitores. O PMDB, partido com maior número de prefeitos no total, 1028, elegeu seis nas cidades dessa última faixa.

Para o cientista político Antônio Augusto de Queiroz, do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), os tucanos se beneficiaram indiretamente com a queda de votos do PT. “Havia uma polarização histórica entre PT e PSDB nos grandes centros. Como o PT foi abandonado pelo eleitor e não surgiu outro partido para ocupar esse espaço, o PSDB foi o beneficiário natural desse fenômeno”, afirmou o cientista político.

Para Antônio Queiroz, os eleitores do PT não migraram para o PSDB, mas se pulverizaram em outros partidos ou se abstiveram de votar, o que tornou mais fácil para os tucanos chegar aos votos necessários para eleger em primeiro turno o prefeito de São Paulo.

“Em São Paulo, se mais eleitores tivessem votado provavelmente o João Dória não teria sido eleito em primeiro turno”, acrescentou Queiroz.

Nas cidades menores, no entanto, outros fatores regem a escolha do eleitor. No levantamento da Agência Brasil, PMDB e PP foram os partidos que, proporcionalmente ao número de prefeitos eleitos por eles, mais se destacaram em municípios de pequeno porte, que têm até 8,5 mil eleitores.

Nos municípios com até 3 mil eleitores, por exemplo, o PP elegeu 82 dos seus 496 prefeitos, e o PMDB 127. O PSDB, segundo colocado no número geral de prefeitos, com 793, elegeu apenas 69 nessas cidades. Na faixa de municípios entre 5 mil e 8,5 mil eleitores, o PMDB elegeu 228 prefeitos, o PSDB 155 e o PP 102.

Para Leonardo Barreto, doutor em ciência política da Universidade de Brasília (UnB), o que favorece PMDB e PP é o fato de eles entregarem as negociações aos cuidados dos “caciques locais”, que têm liberdade de escolher os candidatos mais competitivos e fechar alianças mais vantajosas, sem a interferência do comando central do partido.

“O poder local é uma das instituições políticas mais antigas no país, explicou o professor, citando o ex-presidente da República Campos Salles.

“Esses partidos [PP e PMDB] são da mesma escola. Os caciques compõem do jeito que eles acham mais indicado. Tanto que, no Rio Grande do Sul, o PP foi totalmente a favor do impeachment. Mas o PP da Bahia votou todo a favor da Dilma”, exemplificou.

Outras legendas

Antônio Queiroz também chamou atenção para o desempenho de legendas de menos destaque nacional. A Rede, por exemplo, que teve Marina Silva em terceiro lugar nas eleições presidenciais de 2014, não conseguiu bom desempenho este ano nas municipais. No total, o partido elegeu apenas cinco prefeitos em primeiro turno.

Para o cientista político, a líder do partido não conseguiu transferir seus votos porque eles são de eleitores insatisfeitos com as opções em âmbito nacional e não por convicção ideológica. “Faltou o reconhecimento de que a Marina não tem esse prestígio todo”, avaliou.

No sentido inverso, o cientista político afirmou que PCdoB e o PDT conseguiram a maior parte de suas prefeituras em razão de lideranças locais. No caso dos comunistas, o governador Flávio Dino (MA) conseguiu fazer no Maranhão 46 dos 80 prefeitos eleitos pelo partido em todo o país.

“Isso é por causa do governador. Se o governador mudar de partido, os prefeitos migram com ele”, acrescentou Queiroz. Segundo ele, o mesmo fenômeno ocorreu no Ceará, onde os irmãos Cid e Ciro Gomes, que têm tradição na política local, ajudaram o PDT a fazer 51 prefeituras entre as 184 do estado.

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