Pesquisas

Datafolha e Ibope acertam principais tendências nas eleições

Também foram capazes de revelar as tendências na evolução das preferências dos eleitores durante a campanha.

Pesquisa, Eleições, Campina Grande

Pesquisa vai mostrar cenário eleitoral em Campina Grande (Foto: reprodução)

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Os resultados do primeiro turno das eleições municipais mostram que Datafolha e Ibope, os dois maiores institutos de pesquisa do país, conseguiram, de modo geral, identificar os candidatos com mais chances de vitória nas principais capitais.

Também foram capazes de revelar as tendências na evolução das preferências dos eleitores durante a campanha.

Entre esses movimentos verificados por Datafolha e Ibope, está a desidratação de Celso Russomano (Republicanos), que liderava a disputa de forma isolada na cidade de São Paulo até o início de outubro e acabou em quarto lugar, com 11% dos votos.

Os institutos indicaram também um movimento de migração pulverizada dos votos de Russomano. Boa parte do público de renda mais baixa que declarava inicialmente preferência pelo candidato do Republicanos o trocou por Bruno Covas (PSDB), o líder na corrida paulistana, com 32,8%.

Fatia expressiva dos eleitores mais jovens que eram pró-Russomano em um primeiro momento trocaram o postulante apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) por Guilherme Boulos (PSOL), o segundo colocado na disputa, com 20,2%.

Outra tendência constatada pelos institutos nos últimos dias de campanha foi a resiliência de Marcelo Crivella (Republicanos), apesar do alto índice de rejeição do atual prefeito do Rio de Janeiro. Ele obteve 21,9% dos votos e avançou para o segundo turno com Eduardo Paes (DEM), que registrou 37,01%.

Como tinham feito em 2018, Bolsonaro e seus seguidores voltaram a criticar os institutos de pesquisa. Na noite de sábado (14), véspera do pleito, o presidente publicou um vídeo nas suas redes sociais com uma pergunta como legenda: “Pesquisas, alguém ainda acredita?”.

De modo geral, os resultados divulgados pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) confirmaram as curvas de ascensão e queda dos candidatos apontadas tanto pelo Datafolha quanto pelo Ibope nos municípios pesquisados.

“Nas cinco capitais pesquisadas pelo Datafolha, indicamos corretamente onde a disputa seria resolvida no primeiro turno e onde haveria segundo turno, com a colocação dos candidatos, ou seja, o primeiro e o segundo lugar”, diz o diretor de pesquisas do instituto, Alessandro Janoni.

Na pesquisa divulgada na véspera da eleição, com margem de erro de dois pontos percentuais (veja quadro à direita), o Datafolha apontou Crivella com 18%. 

Divulgados os resultados oficiais, o candidato do Republicanos obteve, porém, 21,9%.

Para Janoni, é incorreto comparar os números desses dois momentos. “A população recebe os resultados da pesquisa no sábado como uma informação. É um ingrediente que se junta a outros na composição do voto. Essa pesquisa não pode ser vista como uma previsão do resultado final”, afirma.

Chamou a atenção de eleitores gaúchos a diferença dos números da pesquisa do Ibope divulgada na véspera do pleito de Porto Alegre, em que a candidata do PCdoB aparecia com 40%, e os dados oficiais, segundo os quais a ex-deputada federal alcançou 29%.

Márcia Cavallari, presidente do Ibope Inteligência, endossa o argumento de Janoni para explicar a diferença de 11 pontos.

“Pesquisas registram o momento passado, não servem para projetar o resultado futuro”, ela diz. “Existe cada vez mais volatilidade no Brasil nos momentos que antecedem a eleição. As pesquisas são concluídas, mas as conversas continuam, as discussões nas redes sociais também.”

Cavallari aponta ainda outros três fatores que podem ter contribuído para essa diferença de pontuação de Manuela. A desistência na sexta (13) do candidato José Fortunari (PTB), ex-prefeito da capital gaúcha, levou a um novo cenário, com uma recomposição de forças apenas parcialmente detectada pela pesquisa do Ibope.

Além disso, acredita Cavallari, houve nessa reta final uma transferência de votos de Manuela para o ex-vice-prefeito Sebastião Melo (MDB), que terminou o primeiro turno na liderança, com 31% dos votos.

Por fim, avalia, a alta taxa de abstenção em Porto Alegre pode ter prejudicado Manuela.

Em Belém, houve descompasso entre o índice do Ibope para o Delegado Federal Eguchi (Patriota) no sábado e o resultado das urnas.

Na véspera, o instituto indicou Eguchi com 13%, um empate na margem de erro com o deputado federal José Priante, do MDB, que tinha 17%. Divulgados os dados oficiais, o candidato do Patriota alcançou 23% e foi para o segundo turno, com Edmilson Rodrigues (PSOL), o líder, com 34,2%.

Nesse caso, afirma a presidente do Ibope Inteligência, houve uma onda de indecisos que decidiram votar em Eguchi nos momentos finais da corrida eleitoral.

Nas capitais pesquisadas por Datafolha e Ibope, nota-se um dado em comum. O líder nos resultados oficiais ficou sempre alguns pontos abaixo dos números atribuídos a ele nas pesquisas apresentadas pelos institutos no sábado (14).

Um exemplo é o atual prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), que venceu em primeiro turno com 63,6%. No Datafolha, ele registrava 69%; no Ibope, 72%.

De acordo com Janoni, do Datafolha, a alta taxa de abstenções é uma hipótese para essa variação envolvendo os líderes nos embates eleitorais. “É bastante provável que a abstenção tenha se concentrado nos segmentos do eleitorado que mais sofrem com a pandemia, pessoas com mais dificuldade para conseguir votar”, afirma.

São os eleitores de menor renda e escolaridade, diz Janoni, e o candidato que encabeça as pesquisas costuma atrair a maior parte desses grupos, daí o efeito da abstenção sobre os resultados dos líderes.

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