Emoção

‘Só tenho a agradecer’, diz Marcelinho Paraíba ao se despedir do futebol

Marcelinho pendurou as chuteiras atuando pela Perilima contra o CSP e jogou apenas 45 minutos.

'Só tenho a agradecer', diz Marcelinho Paraíba ao se despedir do futebol

Marcelinho Paraíba se despediu emocionado — Foto:Reprodução

O jogador paraibano Marcelinho Paraíba, de 44 anos se despediu emocionado do futebol, neste domingo (15), no estádio Amigão, em Campina Grande. Marcelinho pendurou as chuteiras atuando pela Perilima contra o CSP e jogou apenas 45 minutos. 

Ao chegar ao Amigão, o ainda jogador foi recebido calorosamente pela equipe que administra o estádio. Visivelmente emocionado, Marcelinho evitou conceder entrevistas. Foco total naquela que seria sua última atuação profissional. No vestiário, o clima era de um adeus com contornos alegres. Empolgado, ele comandou a roda de orações e vibrou na hora do grito final. “1, 2, 3, Perilima!” foi o que bradou antes de subir as escadas para o gramado.

Nas quatro linhas, Marcelinho Paraíba chamava a responsabilidade de iniciar as jogadas e, claro, comandou as bolas paradas, sua especialidade no decorrer dessa longeva trajetória. Rodou bem a bola e bateu com maestria na sua companheira de profissão, mas não teve nenhuma finalização perigosa ou assistência na medida para um companheiro. Sem o brilho de balançar as redes pela última vez, o meia não encerraria a carreira aos 90 minutos, como as partidas de futebol. Seria antes disso.

O camisa 10 jogou apenas 45 minutos. Caminhando em direção à placa que sinalizava a sua substituição, Marcelinho foi retirando a braçadeira de capitão enquanto ouvia os aplausos dos familiares que estavam nas arquibancadas junto aos poucos torcedores, de todos os jogadores da sua equipe e também dos adversários. Aquele menino, paraibano de Campina Grande, que realizou o sonho de jogar pela Seleção Brasileira, ultrapassou a linha lateral para ser substituído pela última vez.

– Me despeço do futebol profissional. Fica minha gratidão a todos os clubes, que sempre me receberam bem. Só tenho a agradecer. Muito obrigado pelo carinho e por todo o apoio que me deram nesses anos todos. Procurei fazer o meu melhor dentro de campo – disse Marcelinho.

O craque paraibano também destacou dois ápices de sua carreira, durante a entrevista que concedeu ao sair do gramado, logo após a substituição.

– O mais importante é que realizei meu sonho como jogador, de chegar à Seleção Brasileira. E a coisa mais linda que fiz, não só por mim mas por todo o povo paraibano, foi levantar a camisa com “100% Paraíba”, e mostrar para o mundo inteiro que a Paraíba é um estado que merece todo respeito – afirmou, com um tom de voz que misturava alegria emoção.

Homenagem
Ao som de “Conquistando o Impossível”, hino gospel da cantora Jamily, a homenagem a Marcelinho Paraíba começou durante o intervalo da partida. Uma das filhas do jogador leu uma mensagem emocionante para o pai. Foi aí que o craque não conseguiu conter a emoção e caiu em lágrimas.

A família do meia foi agraciada com 100 ingressos de cortesia para acompanhar de perto os instantes finais da sua carreira. Usando camisas com os dizeres “Para sempre nosso guerreiro”, os familiares fizeram uma festa particular nas arquibancadas quase vazias do Amigão.

Numa simbiose de momentos históricos para o futebol paraibano, a Perilima entregou a Marcelinho Paraíba uma camisa especial, estampada com uma foto de seu pai, Pedro Cangula, ex-jogador profissional responsável por marcar o primeiro gol na história do Amigão. Esse outro fato histórico da família Santos, completa 45 anos nesta segunda-feira. E Seu Pedro Cangula, claro, estava presente à despedida do filho.

O adeus em casa

Campina Grande e o Amigão. O fim da carreira aconteceu onde tudo começou. No campo onde levantou dois títulos estaduais, Marcelinho Paraíba relatou emocionado a ligação que tem com o Estádio Ernani Sátyro.

– Tinha que ser aqui, onde tudo começou. Comecei no Campinense, bem novinho, disputando a final do Paraibano, onde fui campeão em 91 e 93. Agora estou encerrando uma carreira vitoriosa. As coisas passam muito rápido. Não imaginava que este dia ia chegar, mas chegou. Estou feliz e agora vamos dar início a uma nova carreira – declarou o camisa 10.

Também Campina Grande, além do Campinense e da Perilima, Marcelinho defendeu as cores do Treze, arquirrival do Campinense. Conseguiu o apreço dos torcedores das duas maiores equipes da cidades, que protagonizam um dos maiores clássicos do interior do Brasil.

Novos rumos
Marcelinho agora vai continuar no futebol, ainda no gramado até, mas fora das quatro linhas. Ele aceitou o desafio e vai passar a atuar na comissão técnica da Perilima, sua atual equipe.

– Responsabilidade maior, muito grande. Quanto maior o cargo, maior a responsabilidade. Antes como jogador, minha preocupação era comigo, com a equipe, o conjunto, mas me preocupava em fazer minha função taticamente. Agora vamos cuidar de várias cabeças, temos que pensar que cada um tem uma maneira de pensar e temos que saber trabalhar com isso – avaliou.O relato do pai e do último técnico
Pai de Marcelinho Paraíba, Pedro Cangula também carrega um peso histórico do futebol paraibano. Vestindo a camisa do Campinense, ele foi o autor do primeiro gol no Estádio Amigão. Emocionado, ele agradeceu a todos pelo apoio à carreira do filho.

– É um prazer ele encerrar uma carreira dele de uma forma bonita, com a família toda ao lado dele. Principalmente o pai, que sou eu, e com o orgulho de ter feito o primeiro gol do Amigão há 45 anos. Ele tem história não só aqui, mas em todo o país. Obrigado a todos que divulgaram o nome e a história dele – afirmou, com a voz embargada.

Indiscutível. Esse foi o adjetivo que o último técnico do camisa 10, Eudes Pedro, usou para definir a carreira do jogador. O treinador da Perilima espera contar com a experiência de Marcelinho Paraíba para alavancar a equipe, agora na comissão técnica.

– Fico muito feliz em fazer parte deste momento, sendo o último treinador de Marcelinho enquanto jogador. A carreira dele é indiscutível, pelos clubes que jogou e até a sua passagem pela Seleção Brasileira, que é o sonho de qualquer atleta. Ele será vitorioso nesta nova caminhada que ele começa agora, vai ter a nossa ajuda. E tenho certeza que ele será tão vitorioso quanto – disse o treinador.

Fora de campo, manchas
Exemplo de boa técnica dentro das quatro linhas, Marcelinho Paraíba construiu uma carreira bem controversa fora de campo. E os episódios polêmicos e ruins fazem parte da sua trajetória como jogador de futebol. Casos de indisciplina, problemas judiciais e até acusações de estupro recheiam a parte feia do seu currículo, e, se não macula o que ele fez enquanto atleta, por outro lado sempre desabonou a sua reputação.

Com faro para se meter em confusões, o meia esteve envolvido em brigas, teve problemas com a Justiça por não pagar pensão dos filhos, foi acusado de estupro e chegou a ser preso. Uma conduta nada exemplar para quem, como jogador de futebol, servia como espelho para muitos jovens que vêm no esporte uma oportunidade de construir carreira e fazer sucesso.

Já prestes a encerrar a carreira, mais velho, até se afastou das polêmicas, tornou-se evangélico. Mas vai ter que carregar, mesmo depois de encerrada sua passagem dentro do futebol, o ônus de, fora de campo, não ter sido o exemplo que foi com a bola no pé.

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