Brasil

Caixa-preta aponta que piloto não conseguiu desacelerar Airbus

O piloto e o co-piloto que faziam o vôo 3054, que caiu após uma tentativa frustrada de pouso no dia […]

O piloto e o co-piloto que faziam o vôo 3054, que caiu após uma tentativa frustrada de pouso no dia 17 de julho no Aeroporto de Congonhas, na zona sul da capital paulista, perderam o controle do Airbus da TAM, segundo dados da caixa-preta divulgados pelo jornal Folha de S.Paulo nesta quarta-feira, 1º.

"Reverso um apenas." Segundo as gravações do diálogo entre o piloto e o co-piloto, eles sabiam que apenas um reverso estava funcionando no momento do pouso da aeronave. Em seguida, eles dizem "Spoiler nada", se referindo ao fato dos freios que ficam na parte de cima das asas da aeronave também não estarem operando corretamente. "Desacelera, desacelera, desacelera!" e "Não dá, não dá, não dá", são as frases que antecedem ao apelo, já divulgado anteriormente de "Vira, vira, vira", feito por um dos pilotos.

Os dados das caixas-pretas foram entregues na terça-feira, 31, aos deputados da CPI do Apagão Aéreo, que, nesta quarta, às 9 horas, têm uma reunião fechada com os representantes do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), o brigadeiro Jorge Kersul Filho, e o tenente coronel aviador, Fernando Silva Alves de Camargo.

No encontro serão discutidos os levantamentos feitos nos Estados Unidos e pelos técnicos do Cenipa, sobre as caixas pretas de dados e de som do Airbus que caiu e deixou 199 pessoas mortas. De acordo com dados preliminares, o manete do motor direito do Airbus estava em posição de aceleração, sendo que deveria estar em ponto morto, assim como o manete esquerdo. Pela posição do manete, o computador de bordo teria entendido que o piloto estava acelerando a aeronave, fazendo com que as turbinas também acelerassem.

"Marcamos a sessão para amanhã por entendermos que é importante, além da informação bruta, a análise da Aeronáutica sobre o que os dados refletem", afirmou Eduardo Cunha. No início da noite, o brigadeiro Átila Maia teve uma conversa reservada com o relator da CPI, Marco Maia (PT-RS).

O oficial pediu mais uma vez cuidado na divulgação dos diálogos. O representante da Aeronáutica reclamou do excesso de pedidos de documentos feitos pela CPI. Lembrou que, há alguns dias, levou à comissão nada menos de 40 mil cópias de documentos. O argumento do oficial é que nenhum técnico ou parlamentar lerá, e muito menos analisará, tanta informação.

"Filme de terror"

Segundo o Estado apurou, após ouvirem, em sessão secreta, as informações das caixas-pretas, os deputados prometeram divulgar o conteúdo das gravações. Apesar disso, muitos parlamentares pediram que fossem mantidos sob sigilo os registros de desespero e pavor, em respeito às famílias das vítimas.

No início da tarde de terça, o assessor parlamentar da Aeronáutica, brigadeiro Átila Maia, entregou o conteúdo das caixas-pretas do Airbus 320 da TAM sem esconder a contrariedade por repassar informação confidenciais aos deputados. "Vocês vão receber um filme de terror. O que vão fazer com isso?", perguntou o brigadeiro a um grupo de repórteres, ao deixar a sala da CPI.

O oficial explicou, logo em seguida, que não tinha ouvido o diálogo entre os pilotos do avião da TAM, gravados na caixa-preta de voz. Esclareceu que se referia à grande maioria das gravações em casos de acidentes trágicos como o do dia 17 de julho.

Segundo o brigadeiro, muitas vezes os passageiros percebem a gravidade do problema e as caixas-pretas registram gritos de pavor, além da ansiedade dos pilotos nos momentos que antecedem a colisão. O oficial afirmou não ter dúvida de que desta vez não seria diferente: a caixa-preta do avião da TAM com certeza, segundo ele, registraria o desespero dos pilotos ao perceberem que o acidente seria inevitável.

Sigilo

Desde o início das investigações sobre as causas da tragédia, a Aeronáutica tem insistido que o objetivo da apuração é evitar novos acidentes e não apontar culpados. Por isso, os oficiais foram contra a entrega dos dados à CPI. No entanto, Kersul garantiu que atenderia ao requerimento da CPI. Os deputados deram prazo de 48 horas à Aeronáutica para entregar todos os dados da caixa-preta.

O prazo termina na noite de quarta e durante à tarde estavam nas mãos do presidente em exercício da CPI, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Os documentos e os CDs foram lacrados e guardados no cofre da CPI, sendo que apenas dois funcionários tinham as chaves. Cunha explicou que a decisão de ouvir a gravação foi consenso entre os deputados.

Também foi chamado o chefe da comissão que investiga o acidente, coronal Fernando Camargo, mas ainda havia dúvida se ele conseguiria viajar de São Paulo a Brasília para participar da reunião. 

Fonte: G1

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