Lei

Governo de Hong Kong proíbe o uso de máscaras em manifestações

Quem não respeitar a regra poderá ser multado em até 25 mil dólares de Hong Kong, o equivalente a cerca de R$ 13 mil.

Governo de Hong Kong proíbe o uso de máscaras em manifestações

Uso de máscaras por manifestantes é uma tentativa de acabar com meses de protestos violentos. — Foto:Reprodução

A chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, anunciou nesta sexta-feira (4) a aplicação de uma lei de emergência, que não era utilizada desde 1967, para proibir o uso de máscaras por manifestantes, em uma tentativa de acabar com meses de protestos violentos.

“Acreditamos que a nova lei terá um efeito de dissuasão nos manifestantes violentos e ajudará a polícia em sua missão de manter a ordem”, afirmou Lam em uma entrevista coletiva.

A norma entrará em vigor à meia-noite desta sexta-feira (4), segundo a France Presse. Quem não respeitar a regra poderá ser multado em até 25 mil dólares de Hong Kong, o equivalente a cerca de R$ 13 mil.

A medida faz parte de poderes de emergência da era colonial invocados por Carrie Lam. Além da proibição das máscaras, as leis de emergência permitem que sejam implementados toques de recolher, censura da mídia e controle de portos e de transportes.

A chefe executiva não confirmou nem descartou a possibilidade de outras ações além da proibição das máscaras serem adotadas. Ela afirmou que o território corre sério perigo, mas não está em estado de emergência.

O escritório chinês para assuntos de Hong Kong anunciou na TV estatal que apoia a norma contra as máscaras, informou a agência de notícias Reuters.

Depois do anúncio, manifestantes mascarados montaram barricadas com plástico, pedaços de madeira e cones de trânsito, no centro do distrito comercial de Hong Kong, onde ficam as sedes de importantes empresas internacionais. Também foram criadas barricadas no distrito de Kowloon Tong.

Centenas de pessoas com os rostos cobertos também organizaram um protesto em um centro comercial de Sha Tin.

Bancos e lojas fecharam cedo no distrito comercial central, antecipando violência enquanto manifestantes queimavam bandeiras chinesas e cantavam “vocês queimam com a gente”. As pessoas também usaram guarda-chuvas para esconder sua identidade.

Milhares de outros manifestantes se reuniram em outras partes do território. “A lei antimáscaras se tornou uma ferramenta de tirania”, declarou Samuel Yeung, universitário de 18 anos que estava no protesto no distrito comercial central de Hong Kong.

“Eles podem usar as leis de emergência para aprovar qualquer política ou lei que o governo quiser. Não há mais lei. Só podemos nos unir e protestar”, afirmou.
Muitos manifestantes usam máscaras para esconder a identidade devido a temores de que seus empregadores sejam pressionados a agir contra eles.

Grupos pró-Pequim, que também têm ido às ruas, já haviam pressionado para que as máscaras fossem banidas. Não estava claro, porém, como o governo implementaria a medida em uma cidade em que muitos dos 7,4 milhões de moradores as usam todos os dias para se protegerem de infecções desde 2003, quando houve um surto de síndrome respiratória aguda grave (SARS, na sigla em inglês).

O escritório de direitos humanos da ONU disse que Hong Kong deve proteger o direito à liberdade de reunião e o Reino Unido exortou sua ex-colônia a não agravar a tensão.

Quatro meses de protestos contra o governo mergulharam Hong Kong em sua maior crise política desde que a cidade foi devolvida do Reino Unido a Pequim, em 1997, sob um acordo de “um país, dois sistemas” que lhe conferia certa autonomia.

Confrontos violentos

Na terça-feira (1º), o território semiautônomo registrou um violento confronto entre as forças de segurança e manifestantes pró-democracia que foram às ruas para desafiar Pequim no dia em que se comemorava o 70º aniversário da fundação da República Popular da China.

Um estudante de 18 anos se tornou o primeiro manifestante a ser atingido por tiro durante a onda de protestos que teve início em junho.

As manifestações começaram por causa de um projeto de lei sobre extradições para a China continental, que foi suspenso. Depois, expandiu-se para demandas como maior democracia e contra a interferência de Pequim nos assuntos locais, além da renúncia de Carrie Lam. A líder, por sua vez, voltou a afirmar nesta sexta-feira (4) que não vai deixar o cargo.

“Sair não é algo que vai ajudar a situação”, afirmou.

Sem líder, os manifestantes utilizam as redes sociais para coordenar os protestos e, até agora, conseguiram poucas concessões do poder político. Eles já invadiram o Parlamento local, decretaram uma greve geral que travou os transportes públicos e fizeram um protesto pacífico utilizando canetas com laser.

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