Raridade

Papiro com ‘ensinamentos secretos’ de Jesus a seu ‘irmão’ é encontrado

O manuscrito é uma edição rara, em língua grega, de uma história apócrifa da época do Novo Testamento chamada "Primeiro Apocalipse de Tiago"

Papiro com 'ensinamentos secretos' de Jesus a seu 'irmão' é encontrado

Um dos fragmentos de papiro encontrados, que são cópia mais antiga em grego do "Primeiro Apocalipse de Tiago" — Foto:Biblioteca Nag Hammadi/Universidade de Oxford

Estudiosos britânicos encontraram a mais antiga cópia grega de um texto cristão apócrifo que reúne os “ensinamentos secretos” de Jesus para Tiago, que historiadores acreditam ter sido seu irmão. A cópia foi descoberta em meio ao acervo da Universidade de Oxford, uma das mais antigas do mundo.

O manuscrito é uma edição rara, em língua grega, de uma história apócrifa da época do Novo Testamento chamada “Primeiro Apocalipse de Tiago”, que até agora parecia ter sido preservada apenas na língua copta — uma língua egípcia evoluída de hieróglifos.

O texto foi proibido depois que Atanásio, bispo de Alexandria, definiu o cânone dos 27 livros conhecidos hoje como o Novo Testamento. Todas as outras histórias, como aquelas encontradas na coleção Nag Hammadi, foram consideradas heréticas.

— Textos gnósticos como o “Primeiro Apocalipse de Tiago” foram banidos por causa de sua “compreensão diferente” da importância de Jesus — diz Brent Landau. — Eles entendem Jesus muito mais em termos de ser um revelador da sabedoria humana do que como um messias. De acordo com esses textos gnósticos, Jesus ensinou que o mundo material é realmente uma prisão criada por um ser maligno, algo muito parecido com o filme “Matrix”, essencialmente.

No texto, Jesus descreve esta prisão terrena para seu “irmão”. Ele revela que o mundo é protegido por figuras demoníacas chamadas “archons”, que estão bloqueando o caminho entre o mundo material e a vida após a morte.

MANUSCRITO RARO

Grande parte das escritas apócrifas aos quais temos acesso atualmente estão em copta. Até hoje, somente pouquíssimos textos foram encontrados em grego, seu idioma original de composição: uma coleção de 13 livros gnósticos coptas descobertos em 1945 no Alto Egito, que formam atualmente a biblioteca de Nag Hammadi.

No entanto, pesquisadores de estudos religiosos de Universidade do Texas em Austin, Geoffrey Smith e Brent Landau, adicionaram à essa lista a descoberta de fragmentos gregos datados do século V do que é conhecido como “Primeiro Apocalipse de Tiago”.

Os estudiosos fizeram a descoberta no início do ano, mas só agora divulgaram o feito em publicação científica. Eles apresentaram suas conclusões no Encontro Anual da Sociedade de Literatura Bíblica, em Boston. O trabalho ainda não foi analisado por outros pesquisadores.

— Dizer que ficamos entusiasmados quando percebemos o que tínhamos encontrado é pouco — disse Smith, professor assistente em estudos religiosos, que encontrou o pequeno fragmento no início deste ano entre os arquivos da Universidade de Oxford. — Nunca suspeitamos que os fragmentos gregos do Primeiro Apocalipse de Tiago tenham sobrevivido à Antiguidade. Mas lá estavam eles, bem na nossa frente.

A narrativa do texto encontrado descreve o que seriam ensinamentos de Jesus para seu “irmão” Tiago, discorrendo sobre como seria o reino celestial e revelando eventos futuros, incluindo a morte de Tiago.

— O texto complementa o relato bíblico da vida e do ministério de Jesus, permitindo-nos o acesso a conversas que supostamente ocorreram entre Jesus e seu irmão Tiago. Ensinamentos secretos que permitiram que Tiago fosse um bom professor após a morte de Jesus — afirma Smith.

O achado pertence a uma coleção de mais de 200 mil documentos de papiro alojados na Universidade de Oxford, na Inglaterra. Antes de chegarem lá, eles foram escavados de um antigo depósito de lixo egípcio, espalhados entre pilhas de manuscritos do século V, antigos recibos de impostos e contas de venda de vagões e burros. Esse depósito estava na cidade egípcia de Oxyrhynchus, e os documentos foram retirados de lá e levados para Oxford no final do século XIX. Smith e Landau estudaram os achados Oxyrhynchus por mais de dois anos.

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