Quase dois milhões de fiéis do mundo inteiro iniciam neste sábado (10) a peregrinação a Meca, que este ano acontece sem iranianos. Um ano depois do tumulto que deixou quase 2.300 peregrinos mortos, sendo 450 iranianos, a tensão entre a Arábia Saudita e o Irã continua grande. Este ano, para impedir novas tragédias, as autoridades sauditas reforçaram as medidas de segurança e a mobilização policial. Os peregrinos estrangeiros receberam uma pulseira de identificação.
A grande peregrinação a Meca, conhecida como hajj, é um dos cinco pilares do islã que todo fiel deve cumprir ao menos uma vez na vida, caso tenha os recursos necessários. “Consegui reunir o dinheiro necessário para viagem. É magnífico estar aqui”, comemorou Mohamed Hasan, peregrino egípcio de 28 anos.
Neste sábado, os peregrinos seguem para o Vale de Mina, alguns quilômetros ao leste de Meca, antes de iniciar a escalada do Monte Arafat, as primeiras etapas dos cinco dias de rituais. Administrar o fluxo contínuo de peregrinos, organizar a recepção e o transporte, assim como garantir a segurança de todos é uma enorme operação logística que representa um grande desafio.
Riad recebeu muitas críticas após o tumulto do ano passado. A tragédia, a pior da história do hajj, aconteceu em 24 de setembro de 2015, durante o ritual de apedrejamento de Satanás, que este ano acontecerá na segunda-feira. Ao menos 2.297 fiéis morreram, de acordo com os balanços divulgados por vários países.
A Arábia Saudita anunciou um balanço de apenas 769 vítimas fatais e ainda não revelou os resultados de uma investigação sobre as causas do tumulto. A identificação das vítimas em 2015 foi muito complicada, muitas pessoas continuam desaparecidas, e os governos estrangeiros criticaram a confusão provocada pelo regime saudita.
Peregrinos identificados com pulseiras eletrônicas
Este ano, os sauditas começaram a distribuir aos fiéis pulseiras eletrônicas com dados pessoais para facilitar a identificação em caso de um novo tumulto, perda de consciência ou qualquer outro incidente. No entanto, Riad não informou o percentual de pessoas que receberam as pulseiras.
Abdelatti Abu Zayan, peregrino líbio de 44 anos, afirmou que está confiante na organização saudita, depois de ter comparecido à oração de sexta-feira na Grande Mesquita de Meca. “Foi um sentimento incrível, milhões de pessoas vieram rezar na mesquita e, graças a Deus, tudo transcorreu bem”, declarou à AFP.
Um hajj sem iranianos
Este ano, nenhum peregrino do Irã irá a Meca, fato que não acontecia há três décadas. Dos 60.000 iranianos que participaram no hajj em 2015, mais de 460 morreram no tumulto. A tragédia revoltou Teerã, que mantém uma relação tensa com a Arábia Saudita, sua grande rival sunita da região. Apesar de negociações bilaterais, as duas potências regionais rivais não conseguiram chegar a um acordo sobre a participação dos fiéis do Irã na peregrinação 2016.
Na sexta-feira (9), milhares de pessoas protestaram em Teerã contra a Arábia Saudita, acusada de tê-los excluído do hajj. A situação provocou troca de acusações mútuas. O guia supremo iraniano, Ali Khamenei, disse que a família real “maldita e maléfica, não merece administrar os locais santos.’” O grão-mufti saudita respondeu que os iranianos “não são muçulmanos”.
As relações entre Teerã e Riad já eram complicadas antes da tragédia do ano passado: as potências regionais mantêm uma batalha à distância por influência regional, com apoio a grupos rivais nos conflitos do Iêmen e da Síria.
Vários peregrinos, no entanto, não parecem preocupados com a crise. Ashraf Zalat, egípcio de 43 anos, prefere destacar que “há pessoas de todos os países, que falam todos os idiomas do mundo e que se reúnem aqui em um único lugar sob apenas uma bandeira, a de professar a fé muçulmana. Há apenas um Deus e Maomé é seu profeta”.
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