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Putin faz maior exercício militar no Pacífico desde a Guerra Fria

Mas ao enviar 20 navios e submarinos, mais 20 aviões de longo alcance, para um ponto a 4.000 km de sua base em Vladivostok, Putin insinua outra questão.

Putin faz maior exercício militar no Pacífico desde a Guerra Fria

Em documento de planejamento para este ano, o Pentágono considerou que a Marinha dos EUA tinha de ser mais assertiva e, com isso, deveria ter mais encontros do tipo com chineses e russos. — Foto:Reprodução

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) — Numa nova sinalização a Joe Biden antes da reunião da semana que vem com Vladimir Putin, a Rússia iniciou o maior exercício militar em alto mar no Pacífico desde os tempos da Guerra Fria (1947-1991).

Os dois presidentes irão se reunir pela primeira vez no dia 16, em Genebra, sob um véu de tensões crescentes entre as maiores potências nucleares do globo.

A lista da lavanderia é grande: a guerra civil na Ucrânia, a repressão em Belarus, os ataques cibernéticos atribuídos a Moscou pelos EUA, a acusação de envenenamento e prisão arbitrária do opositor Alexei Navalni, entre outros.

Putin tem deixado claro nos últimos dias que a retórica agressiva de Biden não o deterá, e anunciou fortificações perto das suas fronteiras europeias. Viu também banida pela Justiça alinhada ao Kremlin a organização de Navalni.

Mas ao enviar 20 navios e submarinos, mais 20 aviões de longo alcance, para um ponto a 4.000 km de sua base em Vladivostok, Putin insinua outra questão.

O Indo-Pacífico é o quadrante estratégico central do século 21, focado na Guerra Fria 2.0 iniciada em 2017 por Donald Trump contra a China de Xi Jinping.

Usualmente, os russos são vistos como carta fora do baralho desta equação, até pelas dificuldades econômicas pelas quais passa o país de Putin.

Isso dito, tal assertiva ignora a revitalização recente das forças da Frota do Pacífico, baseada em Vladivostok e que tem algumas bases importantes na região desde o século 18.

Além disso, Putin elegeu a região como uma de suas prioridades, não menos por ser a mais desabitada do país e estar à mercê do peso econômico dos chineses. Por fim, apesar de desconfiada, há uma aliança forte entre o russo e Xi visando conter Washington.

Assim, o exercício lembra Biden de que Putin quer ter um papel ativo nos assuntos da região, em especial num momento em que o americano segue a política agressiva de Trump contra Pequim e tem articulado o apoio de aliados locais, como Austrália, Índia e Japão, no grupo Quad.

Os japoneses, por sua vez, têm divergências históricas com os russos. Os dois governos recentemente reabriram conversas para tentar encerrar disputas territoriais em ilhas na área, que remontam ao fim da Segunda Guerra Mundial.

Do ponto de vista militar, o exercício foi único para padrões atuais, pois implicou a operação de grandes navios, como o poderoso cruzador de mísseis Variag, a corveta Soverchenni, submarinos e aviões de reconhecimento marítimo Tu-142 sem o apoio de bases costeiras.

Coincidência ou não, também nesta quinta um avião-espião RC-135 norte americano foi interceptado perto das águas territoriais russas no Pacífico por um caça Su-35.

No fim de 2020, houve um incidente no qual um destróier russo quase abalroou outro, americano, que se aproximava de águas que a Rússia considera suas perto de Vladivostok.

Em documento de planejamento para este ano, o Pentágono considerou que a Marinha dos EUA tinha de ser mais assertiva e, com isso, deveria ter mais encontros do tipo com chineses e russos.

Biden já está na Europa, onde cumpre agenda no Reino Unido, participando nesta sexta (11) da reunião do G7. Na semana que vem, participa de reunião da Otan (aliança militar ocidental) em Bruxelas e segue para encontrar-se com Putin.

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