Um relatório divulgado no ano passado, pelo Grupo Gay da Bahia (GGB), colocou a Paraíba no top do ranking de crimes praticados contra homossexuais no Brasil – No ano passado, na Paraíba, foram registrados 21 assassinatos contra homossexuais. Os dados são do Movimento do Espírito Lilás (MEL), entidade que luta pelos direitos dos gays, lésbicas e travestis. Praticamente todos os crimes – ocorridos em oito cidades do Estado – continuam impunes. Entre os assassinatos está o de um travesti de 24 anos, morto com mais de 30 facadas, em abril, no município de Campina Grande. Câmeras de segurança da Superintendência de Trânsito da cidade registraram a ação dos criminosos, identificados dias depois. O motivo do homicídio teria sido um impasse sobre o valor do programa cobrado pelo travesti.
Já em agosto, o estudante Marx Nunes, 25 anos, foi morto ao tentar defender um homossexual, durante a realização de uma festa, na cidade de Cabedelo, região metropolitana de João Pessoa. Na tentativa de apaziguar uma agressão contra os gays, o estudante foi atingido com um tiro no pescoço e morreu.
O homossexual identificado como Cícero Santos Dias, 38, foi assassinado com 25 facadas no início da manhã deste domingo (12), em João Pessoa (PB). O companheiro dele também saiu ferido e foi socorrido ao Hospital de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena. Até que a autoria do crime seja desvendada, o companheiro da vítima ficará sob custódia. A polícia quer saber se ele tem ou não envolvimento no homicídio e se o crime foi praticado por homofobia (aversão a homossexuais).
Conforme informações da Polícia Militar, Cícero estava em casa quando foi morto. Ele morava em uma comunidade localizada em um bairro da periferia de João Pessoa. Na casa de Cícero, foram encontrados cachimbos usados para o consumo de crack. Vizinhos da vítima disseram que ouviram tiros e gritos, mas não souberam dar mais detalhes à polícia.
De acordo com o presidente da entidade, Renan Palmeira, estes números comprovam uma realidade cruel na Paraíba. “O preconceito e a discriminação por identidade de gênero ou por orientação sexual diferenciada da heterossexualidade, produz para a comunidade LGBT diversas repressões culminando com assassinatos brutais”, disse Renan.
Ele ainda cobra que o estado da Paraíba crie políticas públicas de combate a homofobia e lamenta que até esse momento o governo estadual pouco tem feito para coibir o preconceito homofóbico no estado.
O MEL solicita que o poder público amplie as delegacias especializadas em combate a homofobia em todas as regiões do Estado da Paraíba. “Também solicitamos o funcionamento da Delegacia Especializada em Combate a Homofobia de João Pessoa no turno da madrugada e da noite, onde a população LGBT esta mais vulnerável, e que a secretária de segurança crie um banco de dados institucional para controlar os números de assassinato contra a população LGBT”, finaliza Renan, que cobra cursos de capacitação dos profissionais de segurança, para poder tratar com as vitimas de homofobia.
Confira a lista dos LGBTs assassinados em 2011
João Pessoa
01. Geruza – nome civil desconhecido
Travesti encontrada morta de forma violenta em 01 de fevereiro de 2011, conforme relato da Central de Polícia o Inquérito foi remetido a 2ª DPC da capital.
02. Roberto Confessor da Silva
Travesti, de 28 anos de idade, foi executado a queima roupa com dois tiros quando chegava em casa após noitada com os amigos, por volta das 4h da manhã de domingo de 29 de maio de 2011, em Mangabeira. Populares disseram que o acusado pelo crime é um homem que mantinha relação sexual com a vítima.
03. Alexandro da Silva Oliveira
Líder religioso, homossexual assumido, de 34 anos de idade, executado a queima roupa com cinco tiros quando retornava para casa após ritual religioso. O homicídio aconteceu na Comunidade Boa Esperança, no bairro do Cristo Redentor, em João Pessoa na madrugada de quinta-feira, 6 de janeiro de 2011.
04. Beto Coveiro
Coveiro do cemitério Santa Catarina, localizado no bairro dos Estados em João Pessoa, homossexual assumido, morto a tiros no bairro de Mandacaru, em 30 de março de 2011.
05. Edilene Justino dos Santos
Lésbica, encontrada morta por enforcamento na casa de duas amigas no mês de março de 2011, familiares afirmaram que ela foi morta e assaltada.
06. Albanir Cardoso
Cabeleireira, de 37 anos de idade, assassinada na tarde de terça-feira, 28 de junho de 2011, no bairro São José em João Pessoa.
Segundo informações, os acusados são dois homens que cometeram o crime e fugiram a pé. Ela foi morta com três tiros. Segundo a Polícia ela era lésbica e teria um relacionamento com outra mulher casada
07. Sérgio Benício de Sousa
Homossexual assumido, de 31 anos de idade, assassinado a tiros na comunidade de Baleado, no bairro de Mandacaru, na madrugada do sábado, de 29 de janeiro de 2011.
08. Travesti de identidade desconhecida
Travesti assassinada a pedradas no centro de João Pessoa, sábado 15 de
janeiro de 2011. Identidade desconhecida.
09. Alexandro Lourenço Gonçalves – Baby
Travesti assassinado a tiros na rua do Bairro São José, em João Pessoa no dia 16 de agosto. Informações preliminares dão conta que o travesti foi baleado por duas mulheres. Elas teriam praticado o crime após um briga em uma casa de show da Capital.
Campina Grande
10. Luiz Carlos das Neves
Ex-presidiário de 46 anos de idade, homossexual assumido, assassinado com 26 golpes de faca por volta das 2h de 31 de janeiro de 2011 em Campina Grande, na Avenida Floriano Peixoto. Do veículo, aparentemente nada foi levado.
11. Inete (Daniel Oliveira Felipe)
Travesti de 24 anos, identificado como Daniel Oliveira Felipe foi brutalmente assassinado com 30 facas por quatro rapazes na madrugada da sexta-feira, 15 de abril de 2011, em Campina Grande, câmeras flagraram o ocorrido.
12. Valderi Carneiro
Professor de língua portuguesa, de 44 anos, foi brutalmente assassinado por estrangulamento com sinais de luta corporal,
encontrado morte, na noite de sábado, 9 de junho de 2001, às 17h30, dentro de uma pousada, no centro de Campina Grande, câmera flagraram os criminosos.
Queimadas
13. Luciana Batista Dantas
Dona de casa divorciada, de 38 anos, foi encontrada morta ao lado de um prédio abandonado de uma fábrica no distrito do Ligeiro, na cidade de Queimadas, em 10 de fevereiro de 2011. Foi violentada sexualmente antes de ter sido assassinada, o rosto estava completamente desfigurado por golpes de pedradas.
Sousa
14. Raimundo Inácio
O homossexual, de 50 anos, foi esfaqueado e estuprado na sexta-feira 25 de fevereiro na cidade de Souza, por um homem desconhecido. A vítima estava com um homem, não identificado, quando recebeu um golpe de faca peixeira no ânus.
Cabedelo
15. Max Nunes Xavier – Heterossexual.
“Heterossexual, de aproximadamente 24 anos, foi morto na madrugada de segunda-feira (8 de Agosto de 2011) em frente a um bar na praia do Jacaré, em Cabedelo na Grande João Pessoa. De acordo com informações da delegada Aurelina Monteiro, da 7ª DD, o crime teria ocorrido após uma discussão entre quatro homens, dois deles homossexuais. Max Nunes teria defendido os homossexuais que estariam sendo vítimas de homofobia. A delegada informou ainda que um dos homossexuais agredidos verbalmente acusou Aloísio Lucena, filho de um advogado criminalista e empresário da Capital, de ter cometido o crime. Ele é o principal
suspeito e está sendo procurado pela Polícia.”(Fonte: http://www.portalcorreio.com.br/noticias/matLer.asp?newsId=191531).
Bananeiras – levantamento feito no dia 30.08.2011
16. Djair Pereira Cirne – Dija – Nº IP: 27/2011
Homossexual assumido, 53 anos, morto por volta das 07:00hr. no interior de sua residência, Sítio Chã do Lindolfo, no dia 12 de junho
de 2011. Conforme perícia, o mesmo foi morto por espancamento, tendo o rosto desfigurado por golpes de instrumento, autoria desconhecida.
Santa Rita
17. Eliézer Gama dos Santos
Homossexual assumido, 35 anos, assassinado a tiros e ainda teve a cabeça esmagada por uma pedra, na madrugada do dia 17 de setembro de 2011.
Patos
18. José de Arimatéia da Silva
Travesti assumido, 27 anos, assassinado com vários tiros, o crime aconteceu às 22h na rua Ednaldo Torres, por trás da estação
ferroviária da cidade de Patos
Renan Palmeira Professor Especialista em História Cultural Vice-presidente do MEL Militante Social