R$ 150 mil

Satélite rastreia origem de petróleo que atingiu 114 praias do Nordeste; multa prevista é de até R$ 50 milhões

Representantes de seis estados atingidos pela substância se reuniram no Recife, nesta terça (1º), para discutir o problema, tratado como crime ambiental gravíssimo

​Satélite rastreia origem de petróleo que atingiu 114 praias do Nordeste; multa prevista é de até R$ 50 milhões

Tartarugas cobertas de petróleo foram encontradas em praias do litoral nordestino — Foto:Instituto Verdeluz/Divulgação

Um satélite começou a ser utilizado para analisar a origem das manchas de petróleo que atingem praias de oito dos nove estados da região Nordeste, desde setembro, dentre elas o litoral paraibano.

Segundo o secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco, José Bertotti, os responsáveis pelo problema podem pagar uma multa que vai de R$ 5 milhões a R$ 50 milhões pelo crime ambiental, que é considerado gravíssimo.

Nesta terça-feira (1º), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) informou que aumentou para 114 o número de localidades afetadas. Uma reunião foi realizada no Recife, durante a tarde, e contou com representantes de seis dos nove estados nordestinos, para discutir estratégias para diminuir os impactos. A Bahia foi o único estado da região que não foi afetado.

Na reunião, os estados decidiram protocolar, em conjunto, uma denúncia sobre o caso, a ser enviada à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal.

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“Desde o primeiro caso, acionamos as universidades Federal (UFPE) e Rural de Pernambuco (UFRPE) para fazermos monitoramentos com imagens retroativas de satélite, para identificarmos a mancha inicial, que indique o início do vazamento. Também estamos analisando a dinâmica das correntes marítimas para encontrar o responsável”, afirma Bertotti.

Segundo José Bertotti, esse caso é “um dos maiores crimes ambientais já registrados na costa nordestina”, por causa da extensão atingida e do tempo decorrido desde os primeiros casos registrados, que ocorreram no dia 2 de setembro, em Olinda e Ipojuca, no Grande Recife. O governo do estado se preocupa com a repercussão no turismo.

Uma investigação inicial aponta que o material que está poluindo as praias tem a mesma origem, mas ainda não é possível afirmar de onde ele viria. A Petrobras confirmou que se trata de petróleo cru, que não é produzido no Brasil.

Participaram da reunião desta terça representantes dos estados da Paraíba, Alagoas, Sergipe, Rio Grande do Norte, Ceará, além da Marinha, Capitania dos Portos, Ibama, da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

Segundo o professor Marcos Silva, do departamento de Oceanografia da UFPE, imagens registradas por um satélite devem ajudar na identificação dos responsáveis pelo problema.

“A partir de mapas e imagens retroativas, estamos levantando o padrão de circulação das correntes oceânicas e do vento, para cruzar com informações coletadas entre 25 de agosto e 30 de setembro. Com o cruzamento das informações coletadas e simulações, poderemos encontrar o ponto inicial do derramamento”, explica o professor.

Segundo o secretário José Bertotti, a principal suspeita é que o derramamento tenha sido feito por um navio em alto mar. Entretanto, segundo ele, ainda não se sabe se a substância vazou ou se foi deliberadamente jogada na água.

“Pode ter sido uma lavagem de lastro de navio, mas teria que ter sido jogado muito petróleo para atingir a situação a que chegou. De todo modo, é um crime, porque, mesmo se não foi intencional, não houve a notificação das autoridades”, diz Bertotti.

Limpeza e análises

A Marinha informou que trabalha com a análise das substâncias encontradas na costa nordestina para saber o tipo de material encontrado e, assim, descobrir de qual bacia sedimentar o material foi coletado.

Segundo o capitão dos portos de Pernambuco, Maurício Bravo, há a confirmação de que o petróleo encontrado em quatro estados tem a mesma origem. O material achado nos outros quatro seguem sob investigação.

“Foram colhidas 44 amostras e 20 foram analisadas, mas um relatório vai ser emitido para tentar esclarecer o que está acontecendo. A Marinha orienta a população que, caso encontre as manchas no litoral, entre em contato com as capitanias dos portos, para que o petróleo seja colhido e analisado”, declara o capitão.

A Marinha informou, ainda, que está fazendo o levantamento de todos os navios que transitaram pela possível região do derramamento de petróleo. “Estamos fazendo uma análise comparativa entre o material achado nas praias e o que se encontra nos tanques dos navios”, declara o capitão.

Impactos

A coordenadora do Ibama em Pernambuco, Lisania Pedrosa, afirma que equipes trabalham nos estados atingidos para a limpeza do material. Ao todo, segundo o órgão, 12 animais sujos com o petróleo foram achados, sendo 11 tartarugas e uma ave. Quatro tartarugas foram achadas vivas, mas duas delas morreram em seguida.

“O Ibama está trabalhando com 100 técnicos fazendo a limpeza. Pernambuco e Paraíba, por exemplo, já não têm o material, porque a quantidade foi menor e já foi feita a limpeza. O trabalho principal, agora, é em colchões rochosos, porque o petróleo entra nos furos das rochas e sai mais dificilmente. Na areia é mais fácil retirar o material. Não se trata de óleo, porque esse é refinado, enquanto o petróleo é cru”, afirma Lisania.

O cálculo das penalidades a serem aplicadas aos responsáveis pelo derramamento leva em conta o impacto causado pelo incidente.

“O Ibama tem alguns parâmetros para identificar esse tipo de desastre, como a duração do incidente, que já vem em um mês; o produto envolvido, a toxicidade desse produto, a sensibilidade das áreas atingidas, porque foram atingidos praias de areia e os lençóis maranhenses, por exemplo, além do impacto econômico, já que o Nordeste tem muito como atrativo as praias”, declara Lisania.

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