Segundo a Polícia Civil, na mesma lista do TRE-PB consta o irmão e Vicente, Flávio Luciano Nascimento Borges — Foto:Reprodução/assessoria
Um dos principais líderes da Organização Criminosa (ORCRIM) investigada pela Operação Gabarito da Delegacia de Defraudações e Falsificações (DDF) pode ser nomeado nos próximos dias para o Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba (TRE-PB). A informação é da Polícia Civil. De acordo com o delegado Lucas Sá, titular da DDF, Vicente Fabrício Nascimento Borges, preso há cinco meses, está na lista dos próximos candidatos a serem nomeados pelo TRE-PB. Ele foi preso no dia 7 de maio, no início da Operação Gabarito.
Em razão das investigações da Polícia Civil da Paraíba, Vicente responde atualmente a sete processos na comarca de João Pessoa. “Apesar de já ter encaminhado diversos relatórios com informações sobre as fraudes praticadas pela ORCRIM, a DDF irá encaminhar toda a documentação diretamente ao TRE, objetivando a exclusão de Vicente ou pelo menos a suspensão de sua nomeação, para que o cargo seja preenchido pelo candidato seguinte no edital de aprovação”, informou o delegado da DDF.
Caberá ao TRE-PB decidir, administrativamente, sobre a suspensão de nomeação. O delegado teve a iniciativa de encaminhar as informações ao TRE depois que tomou conhecimento de que haverá novas nomeações para o tribunal. “Na próxima nomeação, que só deve ser uma pessoa por cargo, só vai sair a do Vicente; a do Flávio ainda não entra nessa. Vão sair essas nomeações agora, provavelmente em novembro, e depois não se sabe mais quando sai outra nomeação. Já saiu uma portaria do TRE dizendo que a partir e dezembro estarão suspensas as nomeações”, explicou o delegado.
Existem diversos procedimentos em andamento, ainda, na operação que desbaratou um grupo criminoso acusado de fraudes a concursos em todo o país. A DDF já identificou mais de 30 membros da ORCRIM, que continuam em liberdade e atuando nos concursos públicos em andamento.
Segundo a Polícia Civil, na mesma lista do TRE-PB consta o irmão de Vicente, Flávio Luciano Nascimento Borges, considerado um dos líderes da ORCRIM, também preso no dia 7 de maio. O detalhe, segundo o delegado, é que ambos foram aprovados na cota para negros. Segundo Lucas, por meio das cotas era mais fácil fraudar os concursos. “É mais fácil, eles conseguem fraudar toda a documentação, fica mais fácil de ter sucesso, de eles serem os primeiros lugares e serem nomeados logo”, explicou o delegado.
Ao todo, segundo Lucas Sá, por meio das investigações foram identificadas 100 pessoas aprovadas em diversos concursos públicos mediante fraudes. Os processos continuam tramitando na Justiça, na 4ª Vara Criminal de João Pessoa. Sete pessoas continuam presas, enquanto o restante aguarda em liberdade.
O delegado informou, ainda, que, administrativamente, três presos da Gabarito já perderam seus cargos conquistados de forma fraudulenta, sendo dois no Banco do Brasil e uma no IBGE. Os demais aguardam decisão judicial.
“A Polícia Civil da Paraíba não medirá esforços para identificar demais responsáveis das fraudes em concursos públicos que ainda estejam em liberdade e para que todos os beneficiados sejam criminalmente responsabilizados”, garantiu Lucas Sá.