As peças publicitárias das Prefeituras Municipais têm o dom de iludir. São pintadas em cores berrantes para esconder o tom cinza da realidade. A maquiagem do embuste não causa nenhum constrangimento ao prefeito pela falta de ética. Faz parte do jogo político. É apenas mais um engodo para persuadir o cidadão.
A intenção dos comerciais, pagos com o dinheiro do contribuinte e com doses alarmantes de amoralidade, é incutir no subconsciente, na retina de cada munícipe que o prefeito faz muito. “Um pouco mais além do possível”. Que todos lhe devem favores e, sendo assim, reverenciá-lo como um iluminado.
Deslumbrados para se manter no poder, os prefeitos preferem as telinhas, ignoram os valores de uma propaganda na TV (aparecem mais nos chamados horários nobres), e até mesmo as regras impostas pelo Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar), organização criada na década de 50 para impedir que a publicidade enganosa ou abusiva cause constrangimento.
Na publicidade das prefeituras os astutos marqueteiros sempre encontram desculpas para cada palavra quebrada, cada promessa não cumprida, pois “aquele que engana sempre achará a quem enganar” (Maquiavel).
As peças publicitárias das prefeituras também rezam pela cartilha de Joseph Goebbels – Ministro de Propaganda de Hitler, “Minta, minta que alguma coisa fica”. Sendo assim, os comerciais blindam o prefeito, fazem de inaugurações meras pinturas de parede, mão de tinta em meio fio, ‘cuecas’ em postes e árvores, em um grande evento necessário à vida de todos.