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Pesquisadores da UFPB criam produto à base de batata inglesa para tratar úlcera gástrica

Medicamento tem a mesma eficácia que a Ranitidina – que possui efeitos colaterais graves, como câncer, e já teve a comercialização suspensa pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Pesquisadores da UFPB criam produto à base de batata inglesa para tratar úlcera gástrica

Medicamento é feito com batata inglesa — Foto:Reprodução Pixabay

Pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) criaram um produto à base de compostos naturais da batata inglesa para auxiliar na prevenção e no tratamento de lesões gástricas, como as úlceras peptídicas.

A invenção foi patenteada junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) com o nome de “Produto nutracêutico liofilizado de solanum tuberosum para tratar úlceras pépticas gástricas”.

O experimento foi realizado pelos pesquisadores da UFPB, Carolina Leal, Carlos Alberto de Almeida e Tatiane Santi Gadelha. Também contou com os pesquisadores da Universidade Federal do Ceará (UFC), Vicente de Paulo, Gerardo Cristino Filho, Hellíada Vasconcelos, Antonio Alfredo Rodrigues, Gerly Anne de Castro, Mirna Marques, Isabela Ribeiro e Samuel Mateus.

De acordo com a pesquisadora e professora da UFPB, Tatiane Santi, entre as vantagens observadas estão a utilização de um produto de fácil acesso e a comprovada eficácia do uso da batata inglesa nas infecções do estômago, como gastrites.

“Proteínas de origem vegetal apresentam inúmeras propriedades, entre elas as anti-inflamatórias. Por estar em um Programa de Pós-graduação de Nutrição e ter relatos do uso popular da solanum tuberosum (batata inglesa) para tratar distúrbios do estômago, decidimos testar o produto e verificar a sua real atuação”, conta Tatiane.

A professora da UFPB afirma que, diante do conhecimento sobre os efeitos colaterais dos remédios nos tratamentos convencionais, o grupo de pesquisadores decidiu realizar testes baseados em compostos da batata inglesa.

“Inicialmente, utilizamos batatas inglesas que não continham brotos, nem regiões esverdeadas. Para que pudéssemos realizar os testes in vivo (camundongos), foi necessário triturar as batatas com água e filtrar o material obtido para que tivéssemos uma solução aquosa com proteínas”.

Além de substâncias proteicas, o produto possui taninos e outros compostos que estão, naturalmente, presentes na batata inglesa.

“A solução foi congelada e submetida a um processo de liofilização, onde ocorre a retirada da água e resta somente um pó (farinha fina). O material foi testado em camundongos swiss albinos, previamente aclimatados, com indução de úlcera gástrica”.

No experimento, os pesquisadores testaram diferentes concentrações do extrato liofilizado na forma de pó (concentração 250mg, 500mg e 1g). As amostras foram dissolvidas com sal e administradas via oral nos camundongos.   

“Para podermos comparar a eficácia do extrato, utilizamos um grupo controle positivo que recebeu a droga Ranitidina. Esta atua diminuindo a secreção ácida. Ao analisar a mucosa gástrica, verificamos que os camundongos apresentaram uma redução na lesão gástrica de 37,61% para a dose 250mg, 51,35% para 500mg e 86,81% para 1g”, explica Tatiane.

Segundo a professora da UFPB, o grupo de pesquisadores verificou que os camundongos tratados com as três doses do extrato da batata inglesa liofilizado não tiveram diferenças estatísticas em comparação ao uso do medicamento Ranitidina – que possui efeitos colaterais graves, como câncer, e já teve a comercialização suspensa pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

“Verificamos que o grupo tratado somente com salina não teve as lesões diminuídas. Também constatamos que o extrato da batata inglesa é tão efetivo quanto a droga de escolha na prática clínica, no caso a Ranitidina. A Ranitidina apresentou para o experimento uma inibição de 65% das lesões”.

Tatiane Santi acredita que o produto da UFPB, em parceria com a UFC, deve “ser melhor estudado e procurar parcerias para desenvolver um composto a ser comercializado”. Conforme a professora, é um produto natural de ampla disponibilidade e possui melhor aceitabilidade do organismo do que os compostos sintéticos, além de baixo custo.

“Possui compostos bioativos como taninos e lectina de ação antioxidante e anti-inflamatória. É um produto com atividade gastroprotetora, na forma de alimento nutracêutico ou medicamento natural, apropriado para inibir e tratar úlceras pépticas gástricas”, reforça.

Para que o produto seja produzido, disponibilizado e comercializado, a Agência UFPB de Inovação e Tecnologia busca parcerias pelo e-mail [email protected].

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