Saúde

‘Uso tardio’ do Tamiflu é hipótese de mortes por gripe em SP, diz ministro

O Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, disse nesta quinta-feira (23), em São Paulo, que há suspeita de que a alta de mortes por causa da gripe A

O Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, disse nesta quinta-feira (23), em São Paulo, que há suspeita de que a alta de mortes por causa da gripe A em São Paulo tenha sido causada pelo “uso tardio” do Tamiflu ou pela ocorrência de outras doenças que complicaram o quadro dos pacientes.

As declarações do ministro ocorrem após ser divulgado que as mortes causadas pela gripe A em São Paulo representam 90% dos casos no país. O governo do estado de São Paulo afirmou já ter distribuído 2 milhões de doses e que segue as recomendações do Ministério da Saude na aplicação do Tamiflu.

“A maioria dos casos está concentrada em São Paulo, uma parte grande dos casos está concentrada na capital de São Paulo. Não foi à toa que eu vim aqui no Estado de São Paulo fazer o lançamento da campanha no mês de maio”, disse. Padilha lembrou que o estado prorrogou a campanha de vacinação até dia 29. “Vários municípios superaram a meta, mas alguns municípios ainda não atingiram a meta nacional ou os grupos específicos”, disse.

Segundo Padilha, é necessário aprimorar a busca por integrantes de grupos de risco, como gestantes, e garantir a disponibilidade do Tamiflu em serviços de saúde. “O Ministério da Saude tem dado orientação para os municípios que não atingiram a meta de gestantes de fazer avaliação específica e busca ativa. A segunda etapa, na medida em que o inverno começa, é a garantia de que a distribuição do Tamiflu, que é um remédio distribuído gratuitamente pelo Ministério da Saúde, esteja disponível em todos os serviços de saúde onde tem urgência e emergência”, afirmou.

Surto

As autoridades de saúde do estado de São Paulo já definem a situação em algumas regiões como surto epidêmico. “O surto epidêmico é em alguns lugares do estado, mas principalmente no município de São Paulo, sim. Então o que precisa é ir ao médico para tomar o remédio que serve para qualquer gripe”, apontou Marcos Boulos, coordenador de Controle de Doenças da Secretária de Saúde de São Paulo ao Jornal Nacional.

Médicos estrangeiros

Padilha também falou a respeito do projeto de trazer para o Brasil médicos estrangeiros interessados em trabalhar na periferia das grandes cidades e em municípios do interior. Ele disse que nesta semana teve reuniões com os ministérios da Saúde da Espanha, Portugal, Canadá, Austrália e Inglaterra.

O programa deve excluir médicos de países que têm menos médicos por habitante do que o Brasil e aqueles que não tiveram reconhecido o direito de exercer a medicina em seus próprios países. 

De acordo com ele, na Inglaterra quase 40% dos médicos são formados fora do país. A proporção no Canadá é de 17% e nos Estados Unidos, de 25%. “Não pode ser um tabu no Brasil termos uma política de atração de médicos estrangeiros que não é tabu em nenhum lugar. Faltam médicos no Brasil. O Brasil precisa ter mais médicos, mais próximos da população”, afirmou.

O ministro afirmou não ter esquecido dos profissionais locais. “O primeiro esforço do Ministério da saúde é investir nos médicos brasileiros. No começo do ano fizemos uma chamada nacional através do programa Provab para estimular médicos brasileiros a ir para o interior e para a periferia das grandes cidades. Nós conseguimos 4 mil médicos brasileiros, mas os prefeitos e prefeitas demandavam 13 mil vagas. 

Além disso o Brasil acumulou déficit de 54 mil vagas abertas para médicos comparando o número de vagas com o de médicos formados. “

O ministro quer atrair profissionais da Espanha e Portugal principalmente por meio de um programa específico para atendimento às demandas no setor público. “Conversamos com Espanha e Portugal, que passam por uma forte crise internacional e redução dos investimentos em saúde. Só na Espanha são mais de 20 mil médicos desempregados”, disse.

Padilha negou que haja preconceito, mas listou casos de profissionais que o programa brasileiro deverá evitar. “Não existe nem preferência e nem restrição a médicos de qualquer país. Não temos esse preconceitos. Os países que estão descartados são aqueles que tem menos médicos por mil habitantes do que o Brasil, por exemplo, Bolívia, Paraguai, Peru, Equador, Colômbia”, disse.

Ainda segundo Padilha, outro perfil de profissional que está descartado é aquele de países onde o médico precisa complementar a formação após formado, como o caso de alguns cursos em Cuba. “Só interessa ao Ministério da Saúde médicos que tenham autorização de exercer a medicina no país de origem. Nós vamos buscar de qualquer país do mundo que tenha mais médicos do que o Brasil, com formação de qualidade, autorização para exercer a medicina em seus países, garantindo uma autorização exclusiva.”

“Pode ter acontecido aqui a mesma coisa que aconteceu no Rio Grande do Sul no ano passado, aonde o principal fator de evolução para caso grave e óbito foi ou a presença de outras doenças nestes pacientes ou uso tardio do Tamiflu. Por isso a importância do uso do Tamiflu nas primeiras 24 horas”, afirmou o ministro. Segundo ele, o ministério está investigando a hipótese em conjunto com o governo do estado.

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