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Google anuncia que vai pagar por notícias

O novo produto ou experiência só estará disponível mais para o fim do ano, nas ferramentas Google News e Discover.

Google anuncia que vai pagar por notícias

Google vai pagar aos veículos de jornalismo profissional pelo uso de notícias. — Foto:Reprodução

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Em novembro, após duas décadas em publicidade no Google e no DoubleClick, Brad Bender foi indicado pelo presidente do gigante de buscas, Sundar Pichai, como vice-presidente de produto, mas em jornalismo, News.

E na madrugada desta quinta (25) ele anunciou seu primeiro resultado, um programa de licenciamento de conteúdo. Ou seja, o Google vai pagar aos veículos de jornalismo profissional pelo uso de notícias.

O novo produto ou experiência só estará disponível mais para o fim do ano, nas ferramentas Google News e Discover. Os países já confirmados, neste primeiro anúncio, são Alemanha, Austrália e Brasil. Aqui, já estão fechados acordo com o jornal Estado de Minas e A Gazeta (do Espírito Santo).

Bender não dá detalhes, diz que ainda está em desenvolvimento, mas enfatiza que o programa “sinaliza um grande desenvolvimento na maneira” como o Google trabalha com publishers, as empresas jornalísticas.

“Sundar falou da importância do jornalismo de qualidade, do quanto ele valoriza o jornalismo.”

PERGUNTA – Na prática, como o conteúdo licenciado será apresentado no Google News e no Discover?

BRAD BENDER – Vamos licenciar o conteúdo para um produto inteiramente novo, essa experiência de descoberta, que permitirá aos usuários entrar mais fundo em assuntos complexos. E estamos planejando pagar pelo que estamos chamando de “extended metering” (medição estendida), que é dar acesso a conteúdo de paywall, para que os usuários possam ir além dele e ter a oportunidade de se tornarem clientes fiéis, potencialmente assinantes. A licença vai variar de publisher para publisher, mas pode incluir coisas como imagens de alta resolução, vídeo, áudio, além da medição estendida.

Como vocês vão estimar um pagamento justo pelas notícias?

BB – Estamos fazendo parceria com cada publisher diretamente. Não é a primeira vez que licenciamos conteúdo. Já pagamos antes por conteúdo de áudio, clima, mas esta é realmente uma mudança de passo significativa na nossa atividade. Vamos investir um valor expressivo para criar esse produto. Mas os termos serão privados, para cada publisher.

Vocês vão lançar o novo produto mais à frente, até o fim do ano. Esperam reunir mais veículos?

BB – Já temos vários. No Brasil, Diários Associados e A Gazeta [Espírito Santo]. Na Alemanha, temos Der Spiegel, Frankfurter Allgemeine Zeitung, Die Zeit. Temos Schwartz Media, The Conversation, Private Media na Austrália. Vários acordos estão fechados e estamos ansiosos para expandir. Neste momento, conversamos em meia dúzia de outros países. E é realmente o caso de ter a mistura certa de publishers, um painel representativo de cada país. Estamos focando uma gama diversa e ampla, com atenção especial para noticiário local, tentando nos concentrar em publishers que se dedicam à cobertura jornalística de qualidade sobre assuntos que importam para a comunidade. E que tenham alcance significativo em seus mercados.

O programa pode ser um modelo para outras plataformas, não só YouTube, mas Facebook e até TikTok?

BB – Veja, nós nos importamos com o futuro do jornalismo. E eu penso que garantir um futuro para o jornalismo requer que todos deem um passo adiante. Empresas como nós, empresas como essas que você nomeou, governos, sociedade civil, mesmo usuários, todos temos um papel a representar. Para nós, o sucesso do Google vem de existir esse ecossistema aberto de informação. Os nossos interesses são alinhados com os publishers. Estamos construindo em cima disso, dos nossos anos de esforços com a indústria do jornalismo. É um passo adiante significativo no engajamento com o setor.

A Austrália vem cobrando que as plataformas paguem por notícias. A França também, mas ela não está no programa. Vocês negociaram com veículos franceses? As demandas dos dois têm a ver com o desenvolvimento deste novo produto?

BB – Nós escutamos, em alto e bom som, que temos que fazer mais para apoiar publishers ao redor do mundo. E este anúncio é parte da solução. Só para ficar claro, estamos em discussão com publishers franceses há meses, antes da ordem das autoridades de concorrência, e esse continua sendo um dos elementos que estamos conversando. E estamos engajados com as autoridades australianas de concorrência, em seu processo de criar um código de conduta para notícias.

Você vem do lado publicitário do Google. O programa é baseado nessa sua experiência?

BB – Minha experiência em publicidade, o tempo que passei com publishers digitais, 20 anos, me permitiu um entendimento e uma apreciação mais profundos do modelo de negócios e dos desafios. Muitos publishers estão tendo uma abordagem multifacetada para a criação de um modelo mais sustentável. Publicidade é uma parte. Assinantes, receita com leitores, é outra. E vemos este programa como sendo mais uma parte.

Por que alguém de publicidade é escolhido para consertar um atrito de dez anos ou mais?

BB – Uma das razões por que me animei a vir para notícias é por ter esse entendimento. Por ter visto o valor do jornalismo, mas também por entender o que está acontecendo no lado do negócio. A razão por que é importante para o Google é que nós vemos informação de qualidade como essencial para a sociedade e a democracia, mais amplamente. Estou animado a ajudar a fazer a ponte, superar a divisão, e a levar o negócio do jornalismo a um lugar mais sustentável. Da minha perspectiva, este programa de licenciamento sinaliza um grande desenvolvimento na maneira como trabalhamos com publishers, como apoiamos jornalismo de qualidade. Como mencionei, é só o começo.

Os primeiros países serão Alemanha, Brasil e Austrália. Há uma razão para estes três serem priorizados?

BB – Primeiro, queríamos dar a notícia, porque temos vários acordos assinados e estamos ansiosos para compartilhar isso amplamente. E ressaltar estes três países demonstra um dos princípios do programa, de buscar um conjunto diverso e representativo. Temos um das Américas, um no Pacífico e um na Europa. É emblemático da nossa abordagem.

Como estão as negociações no Brasil? E o que é específico nessa atenção ao mercado brasileiro?

BB – Estamos engajados com publishers que podem trazer seu jornalismo e voz editorial para a experiência. Queremos ter certeza de conseguir marcas respeitadas e publishers locais, assim como atores digitais. Enfatizar jornalismo é provavelmente mais importante do que nunca, uma forma de ajudar a lidar com alguns dos problemas complexos que estão sendo enfrentados no Brasil, como desinformação. É ajudar a garantir que as pessoas tenham um debate público bem informado. Parte da solução é oferecer às pessoas informação de qualidade e desenvolver ações que apoiem o jornalismo profissional. Isso é algo que eu destacaria como específico para o Brasil. Ajudar a conectar as pessoas às fontes mais confiáveis de informação.

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