Turismo

Qualidade das praias do Nordeste melhora, mesmo após desastre com óleo

Na comparação com 2019, a taxa de praias consideradas boas para banho subiu de 33% para 38%.

Qualidade das praias do Nordeste melhora, mesmo após desastre com óleo

São consideradas boas as praias próprias em 100% das semanas monitoradas. — Foto:Reprodução

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) — Mesmo com o desastre das manchas de óleo e após o apagão de dados na pandemia de Covid-19, as praias do Nordeste brasileiro apresentaram melhoria na qualidade para banho em 2021.

Levantamento realizado pelo jornal Folha de S.Paulo por meio de dados de balneabilidade medidos pelos governos estaduais aponta uma melhoria na situação dos balneários nordestinos. Na comparação com 2019, a taxa de praias consideradas boas para banho subiu de 33% para 38%.

Os índices de balneabilidade verificam, por exemplo, a presença de microrganismos e de substâncias químicas nocivas à saúde humana. Ainda levam em conta a presença de bactérias em fezes de humanos e de animais.

A Folha de S.Paulo fez a comparação com 2019, e não com 2020, em razão do apagão de dados no ano passado por causa da pandemia. As medições contabilizadas foram de novembro de 2020 a outubro de 2021.

São consideradas boas as praias próprias em 100% das semanas monitoradas. Os balneários impróprios em até 25% do tempo são classificados como regulares. Já os ruins foram os impróprios entre 26% e 50%. Para ser considerada péssima, uma praia esteve imprópria em mais de 51% das medições.

Apesar da melhoria em índices gerais de praias boas, o Nordeste ainda tem um número expressivo de pontos sem medição — 17%, igual à média do Brasil.

Em Pernambuco, por exemplo, metade dos pontos não está sendo monitorada. O índice se assemelha ao do Rio de Janeiro, com 48%.

Em nota, o governo de Pernambuco disse que “reduziu o número de praias monitoradas por conta do quantitativo de funcionários disponíveis durante o período da pandemia”. A gestão estadual promete reiniciar o monitoramento de todas as praias em janeiro de 2022.

Porta de entrada para turistas no estado, o Recife não teve medições em seis das dez praias. Entre os locais averiguados, dois trechos da praia de Boa Viagem constam como regulares e um como péssimo, na praia do Pina.

No litoral Sul, Porto de Galinhas melhorou sua posição em relação a dois anos atrás. O balneário, que tem piscinas naturais entre as atrações, estava com índice ruim, mas agora se recuperou parcialmente e está no nível regular.

“O movimento está bom. Não se compara a 2020, pois agora estamos com ocupação na casa de 90%. Quanto à água, está tudo bem por aqui agora. A queda no movimento causada pelo óleo foi superada. É bom porque as pessoas querem dar uma respirada”, afirma Rose Reithler, dona de pousada na praia de Maracaípe, próxima a Porto de Galinhas, em Ipojuca.

Outro local com melhoria na aferição foi a praia dos Carneiros, localizada em Tamandaré, também no litoral Sul do estado. Por lá, o salto foi maior que o de Porto de Galinhas, saindo de ruim para bom.

Junto com Recife e Salvador entre as capitais mais procuradas da região, Fortaleza tem 31 postos de praia ao todo, mas nenhum deles saiu com índice positivo de balneabilidade neste ano.

A cerca de 300 quilômetros da capital cearense está a badalada cidade de Jijoca de Jericoacoara, que é beneficiada pela malha aérea de voos diretos que ligam o município a São Paulo, Recife e Fortaleza. Apesar disso, a única praia medida por lá tem sinalização regular.

O estado do Ceará registrou aumento tanto no número de pontos bons para banho –saindo de 33% para 42% – como no de péssimos, que pularam de 13% para 18%.

Na Bahia, o número de praias boas cresceu de 29 para 34. Ao mesmo tempo, as praias ruins ou péssimas, que eram 42 em 2019, caíram para 22 neste ano. Salvador foi uma das cidades que melhorou, a despeito de ter apenas duas praias boas em 2021: Flamengo e Aleluia, no norte da orla atlântica da cidade.

A quantidade de pontos de medição considerados ruins ou péssimos caiu de 26 para 16. Praias que há dois anos figuravam entre as piores aparecem como regulares em 2021, caso do Farol da Barra, Amaralina, Pituba e Itapuã.

O estado suspendeu a medição de balneabilidade ao longo de 2020 e ainda não retomou 100% das medições. A Costa das Baleias, que abriga praias como Prado e Cumuruxatiba, segue sem aferição da qualidade da água, assim como as praias da Baía de Todos-os-Santos fora de Salvador.

Entre as capitais, Aracaju é a que mais tem praias boas em todo o litoral do país. Das 10 praias aracajuanas, 6 são boas e não estiveram impróprias em nenhum momento do ano.

Por outro lado, Recife, Fortaleza, São Luís não tiveram praias consideradas propícias durante todo o ano no levantamento de 2021. Em João Pessoa, apenas a praia Barra de Gramame foi considerada boa.

Na paradisíaca Maragogi, destino mais procurado do litoral de Alagoas, 3 das 10 praias pioraram em relação a 2019, enquanto as demais ficaram no mesmo patamar ou melhoraram. Três praias da cidade são boas, enquanto cinco são regulares, uma é ruim e outra é péssima.

No Rio Grande do Norte, o cenário é favorável aos banhistas: 21 dos 33 pontos monitorados estiveram próprios para a balneabilidade durante todo o período analisado. O estudo semanal foi retomado em dezembro do ano passado após meses paralisados por causa da Covid-19.

Na praia de Ponta Negra, em Natal, uma das mais famosas do estado, porém, 3 dos 4 pontos de coleta estavam regulares, por terem até 25% dos resultados classificados como impróprios. O quarto ponto, na descida principal da praia, foi classificado como bom.

A praia da Pipa, em Tibau do Sul, ficou com índice bom para banho, após três anos sem medição. No último levantamento aferido no local, em 2017, a situação era boa.

Já no Maranhão, o cenário foi o oposto entre novembro do ano passado e outubro deste ano. Dos 22 pontos monitorados pela Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Naturais, apenas 1, em Raposa, foi considerado próprio em relação à balneabilidade durante o período. Dos outros 21, 12 foram classificados como péssimos, 5 como regulares e 4 como ruins.

Segundo a secretaria, a ocorrência de chuvas influencia negativamente na qualidade das águas, já que “ocorre maior carreamento de matéria orgânica oriunda da lavagem das vias públicas para os rios e, consequentemente, para os mares”.

Por isso, de acordo com a pasta, a recomendação é que os banhistas evitem a recreação nas 24 horas seguintes às chuvas. Na última semana de outubro, 21 dos 22 pontos monitorados estavam próprios para atividades recreativas na água.

Os números no Nordeste melhoraram mesmo na comparação com 2019, quando o litoral da região foi atingido por manchas de óleo. Espírito Santo e Rio de Janeiro também receberam a substância em suas praias.

Um inquérito da Polícia Federal apontou que um navio de bandeira grega foi o responsável por despejar o material na costa brasileira. A corporação indiciou a empresa Delta Tankers, o comandante e o chefe de máquina da embarcação no caso.

As primeiras manchas chegaram às praias do Nordeste no final de agosto de 2019 e até março do ano seguinte se espalharam por mais de 2.000 km de extensão. A estimativa do Ibama é que 5.000 toneladas de resíduos tenham sido recolhidas em 1.009 localidades de 11 estados.

Para o biólogo Clemente Coelho Júnior, da UPE (Universidade de Pernambuco), o impacto do óleo na balneabilidade é diminuto. “O óleo é um composto tóxico, ainda está presente na natureza porque demora um pouco para se decompor e libera moléculas nocivas aos seres vivos. Mas a balneabilidade é medida com parâmetros como fósforo, nitrogênio, que são oriundos da matéria orgânica principalmente originada de ambientes domésticos.”

Já a pandemia de Covid provocou um apagão de dados sobre a qualidade das praias para banho de mar. Isso porque os estados não realizaram medições na mesma intensidade em razão da crise sanitária.

Também houve um esvaziamento das praias, sobretudo entre os meses de março de julho de 2020, quando o isolamento social estava presente de forma mais rígida, o que impacta na balneabilidade, segundo especialistas.

“Sem dúvida nenhuma, no momento em que o turismo sofreu restrições, a carga orgânica da produção dos efluentes que saem das cidades para os rios foi reduzida”, diz Clemente.

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