
A maioria dos participantes da Corrida Tibiri 42 anos não receberam medalhas ao concluírem a prova.
Quem acompanhou as notícias do último domingo viu a corrida de Tibiri viralizar em toda a região. O que era pra ser uma grande festa esportiva virou uma sucessão de problemas, com direito a protesto dos atletas e muita insatisfação. O maior bairro da cidade completava 42 anos, e a corrida que seria o ponto alto da celebração ficou marcada por falhas na organização, falta de estrutura e risco real para quem participou. Se você pensa que o maior absurdo foi a ausência de medalhas, se prepare: o perigo no percurso mostrou que, numa prova de rua, o que está em jogo pode ser a própria integridade.
O nascimento da corrida e o sonho de um atleta
Tudo começou com a vontade de celebrar o aniversário do bairro com uma corrida. Alexandre, identificado no Instagram como assessor de imprensa da prefeitura, procurou o grupo Bora Correr, referência local em treinões, para unir forças e tirar o evento do papel. O objetivo era duplo: apoiar o atleta Batista na realização do sonho de correr a Maratona do Rio e promover o esporte em Tibiri. Experiência e boa vontade não faltaram. Nos bastidores, ficou claro que os envolvidos queriam fazer bonito. Mas faltou um ingrediente essencial: planejamento detalhado e comunicação clara entre o organizador principal e seus apoiadores.
Promessas, expectativas e o começo dos problemas
Nos dias que antecederam a corrida, tudo parecia sob controle. Alexandre dizia que estava tudo certo com trânsito, medalhas, hidratação e premiação. Mas bastou o sol nascer no domingo para a realidade dar um choque de realidade em todo mundo. A Semob, responsável pelo isolamento das ruas, sequer apareceu. O apoio oficial nunca chegou. Corredores e apoiadores, como o grupo Bora Correr, tiveram que improvisar cones e sinalização, assumindo riscos de dividir a pista com carros, inclusive com crianças correndo ao lado de veículos em movimento, segundo relatos de Brankinha, empresária e influenciadora digital.
Hidratação e premiação: mais improviso, menos respeito
Alexandre garantiu que havia frutas e água suficiente, mas no calor da prova ficou claro que a distribuição não funcionou ou que o estoque comprado não foi suficiente. Corredores ficaram sem acesso à hidratação adequada e muitos terminaram o percurso exaustos, sem o suporte mínimo esperado de um evento do tipo. A ausência de medalhas e troféus foi só a cereja do bolo: os atletas chegaram e não sabiam onde buscar suas premiações. Muitos ouviram que Alexandre “tinha ido pegar mais água”, mas o sentimento geral era de abandono. O grupo Bora Correr e outros apoiadores precisaram intervir e tocar o evento no improviso, minimizando os danos e evitando que a situação ficasse ainda pior na ausência do organizador principal.
O maior problema: o risco de acidentes graves
No fim das contas, o que ficou de lição é que o maior problema não foi a ausência de medalhas, nem o desrespeito com os atletas. O pior foi o risco real de acidentes graves. Crianças correram diante de carros, e todos sabem que, num domingo de manhã, as chances de encontrar motoristas alcoolizados nas ruas aumentam muito. Não existe troféu ou medalha que valha mais que a segurança de quem corre. O próprio grupo Bora Correr, experiente em organizar eventos, fez um apelo: se for para repetir a corrida, que nós organizemos a corrida, pois temos experiência suficiente e comprovada.
O futuro da corrida em Tibiri e o aprendizado coletivo
A repercussão negativa do evento acendeu um alerta para toda a comunidade de corredores. Se a intenção era promover o bairro e incentivar o esporte, o resultado foi um pedido coletivo por mais respeito e profissionalismo. A minha sugestão aos envolvidos foi clara: buscar a Federação Paraibana de Atletismo e se pautar pelas regras oficiais do esporte. Quem ama correr sabe que cada evento é uma celebração, mas também um pacto de cuidado coletivo. A expectativa agora é que os erros sirvam de combustível para transformar a corrida de Tibiri numa referência positiva, com mais segurança, organização e respeito ao atleta.
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