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Mourão defende agência para centralizar imagens de satélite na Amazônia

Se seguir o exemplo citado pelo vice, o NRO (Escritório Nacional de Reconhecimento, na sigla inglesa) dos Estados Unidos, tal agência terá controle militar.

Mourão defende agência para centralizar imagens de satélite na Amazônia

Questionado pela reportagem sobre qual seria a natureza de tal agência, dado que a americana é ligada ao Departamento de Defesa, ele disse que isso é uma decisão ainda a ser tomada. — Foto:Reprodução

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) — O vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, defendeu nesta sexta (18) a criação de uma agência que concentre os sistemas de monitoramento por satélite da Amazônia.

Se seguir o exemplo citado pelo vice, o NRO (Escritório Nacional de Reconhecimento, na sigla inglesa) dos Estados Unidos, tal agência terá controle militar.

Responsável pelo Conselho da Amazônia, órgão reativado pelo governo Jair Bolsonaro ano passado para dar uma resposta pública à crise das queimadas na região, Mourão tem travado uma disputa com os órgãos de fiscalização e monitoramento do próprio governo.

Na semana passada, acusou o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) de divulgar dados de queimadas e desmatamento com o objetivo de prejudicar o governo, apesar de eles serem públicos.

“Temos de melhorar o monitoramento e o alerta. O Prodes e o Deter [do Inpe] são bons sistemas, mas eles ainda têm falhas. Precisamos de uma agência, a exemplo do NRO dos Estados Unidos, que integre todos esses sistemas e com isso tendo um custo menor e sendo mais eficiente”, disse.

Mourão fez a afirmação durante uma “live” promovida na estreia do centro de estudos de defesa e segurança do IREE (Instituto para a Reforma das Relações de Estado e Empresas), capitaneado pelos ex-ministros Raul Jungmann (Defesa, Segurança e Reforma Agrária) e Sérgio Etchegoyen (Gabinete de Segurança Institucional).

Segundo Mourão, um embrião para tal agência pode ser o chamado grupo de integração e proteção da Amazônia, que reúne pessoal das Forças Armadas, Ibama, Inpe, Polícia Federal e outros órgãos. “Precisamos avançar nessa agência”, disse.

Questionado pela reportagem sobre qual seria a natureza de tal agência, dado que a americana é ligada ao Departamento de Defesa, ele disse que isso é uma decisão ainda a ser tomada.

“Pode ser militar ou civil. Formamos especialistas em análise de imagem espalhados pelo Brasil”, disse, criticando a sobreposição de recursos e esforços.

O NRO é uma das cinco grandes agências de inteligência dos EUA. Seu trabalho é centralizar dados e imagens coletados pelos satélites espiões e de sensoriamento remoto do país e distribui-los aos órgãos que fazem uso das informações. Seu orçamento é secreto, mas estimado como um dos maiores do governo.

Em sua exposição, o vice repetiu os argumentos usuais de que o trabalho do governo Bolsonaro na questão ambiental é “injustiçado” por pessoas e países “que não conhecem a Amazônia” ou têm “interesses velados” e “cobiça” pela região e suas “imensas riquezas”.

Essa é a visão predominante no meio militar há décadas. Em um estudo da Escola Superior de Guerra revelado pela Folha no começo do ano, a França aparecia como a principal ameaça ao Brasil justamente por seu agressivo discurso em relação a povos indígenas e à Amazônia.

“O restante do mundo derrubou suas florestas. Vinte e oito por cento da floresta tropical no mundo é do Brasil”, afirmou Mourão.

Ele voltou a defender a regularização fundiária, dizendo que 150 mil títulos de terra podem ser dados. “Só há ilegalidades em 5% das 500 mil propriedades na Amazônia”, disse.
Sobre áreas indígenas, afirmou que o governo não pode pressionar o Congresso sobre o projeto que permite exploração mineral nelas porque “vai ser olhado como um passo predatório” por suposto preconceito contra Bolsonaro.

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